Nessa quarta-feira, Jason L. Blair divulgou em seu site a capa desenvolvida por Veronica V. Jones para a nova versão de seu jogo, Little Fears Nightmare Edition.
O processo criativo por trás dessa capa foi o assunto abordado pela oitava prévia publicada no site Flames Rising, em breve disponível no Ambrosia. Confira a seguir a quinta porta revelada, tratando da reconstrução da Armariolândia:
Porta Nº 5: Reconstruindo a Armariolândia
Eu sabia desde o início que queria que Little Fears Nightmare Edition fosse diferente de seu predecessor. O Little Fears original era ótimo, e o amo com seus defeitos e tudo mais, porém simplesmente refazer o jogo me despertava pouco interesse. Eu pensei: o original está lá fora, as pessoas o tem e o estão jogando. Não preciso fazê-lo de novo.
Então quando veio a criação de Little Fears Nightmare Edition, decide voltar ao básico. A premissa central de Little Fears é simples. Meu papo de elevador é “É um jogo sobre crianças combatendo monstros”. O que ele é. Mas essa premissa está aberta a muitas interpretações. Dei uma longa e dura olhada no que aquilo significava para mim. Eu tive uma ideia e a medida que a mexia e retorcia, ela começou a tomar forma. Sabia que teria que matar vários queridinhos a fim de dar a Nightmare Edition sua própria identidade e, francamente, fazer o tipo de jogo que eu queria que fosse desta vez.
As primeiras coisas cortadas foram o Demagogo e os Reis. Isso não apenas libertou o cenário, escancarou as portas. No original, a Armariolândia funcionava de um certo modo, seguia uma certa ordem que era baseada nas maquinações desse ser vil e invisível que aparentemente comia inocência no café da manhã, almoço e jantar. Os Reis de então eram seus olhos e ouvidos, braços e pernas. (No Little Fears original, havia uma história pregressa para os Reis – quem eles foram e algumas das coisas que fizeram uns aos outros. Isso estaria no suplemento nunca lançado Behind the Door. Talvez um dia eu a conte, mas não agora.) Então havia Oliver, Helter e Skelter, Patchwork e outros personagens de apoio. Essas eram todas ideias legais mas eu cometi o pecado fundamental no projeto de um cenário de jogo. Os reis satisfaziam a proposta de criar um tom e dar motivação aos outros monstros, mas eram monstros que os jogadores provavelmente nunca veriam e, caso o fizessem por alguma razão, não afetariam e provavelmente não sobreviveriam.
Eu não cometeria esse erro dessa vez. Não inventaria coisas que os jogadores não pudessem experimentar. Focaria em ferramentas que tanto o moderador do jogo quanto o jogador pudessem usar. Abordar o cenário de Little Fears como uma tela em branco me permitiu realmente ponderar sobre o que eu colocaria nele.
A princípio, Armariolândia permaneceu. Eu amo o nome e amo sua ideia. No jogo original, era difícil para mim fechar os olhos e conceber com o que caminhar pela Armariolândia se parecia (de novo um outro pecado de projeto de cenário). Para essa nova interação, sabia o que sentia, cheirava, soava, parecia. Posso fechar meus olhos e imaginar uma centena de histórias contadas dentro de seus limites (o que ajuda com o projeto do cenário, certamente).
Posso ver a figura sombria que vaga pelos corredores da escola abandonada. Ouvir o retinir de garras e bicos contra as pontas enferrujadas das gaiolas dentro do Aviário de Melro do Bicho-Papão. Sentir o ar frio serpenteando seu caminho por entre as árvores de pedra gigantes que circunda o castelo em ruínas de Titânia. Cheirar a água fétida no rio que divide os bosques em que a casa de Baba Yaga cisca a esmo em busca por comida. Ver o lânguido contorno da porta que está entalhada dentro da Rocha Dormente. Alguns dizem levar a um lugar chamado Terra dos Sonhos. É a única porta na Armariolândia que o Bicho-Papão não consegue abrir.
Você vê, os Reis partiram em localização e em posto, mas alguns deles são simplesmente muito legais para se deixar de fora totalmente. Titânia, catatônica em seu trono, é banhada regularmente por goblins enquanto os pequenos redcaps guinchantes guardam o castelo de qualquer um que tente salvar sua rainha perturbada. Baba Yaga, velha bruxa decrépita que é, tem uma despensa cheia de ervas e poções sob os ganchos em que ela amarra coelhos e aves. No chão da despensa está o baú amarrado em que ela põe seus “bolinhos preciosos”. O Bicho-Papão, o mais poderoso de todos os monstros, é muito protetor com seus preciosos espectros e aves. Eles são muitíssimo especiais para ele. A única chave para o Aviário de Melro está escondida dentro de seu coração.
Nem todos são personagens regressos, é claro. Há uma multidão de outros monstros que você encontrará, da mitologia, literatura, folclore, e outros lugares. E não há somente monstros na Armariolândia como também outras coisas.
As mais peculiares delas são as borboletas, mas falaremos disso outro dia. Exceto por aqueles que vivem (ou estão presos) lá, eu especulei sobre como as coisas funcionavam na Armariolândia. É um mundo que segue suas próprias regras – de tal modo que os personagens ajam igual dentro de suas paredes (figuradas)? O sistema muda?
Embora o núcleo do sistema não mude, há orientações para maneiras do moderador do jogo mudar as coisas quando os personagens estiverem em certas partes da Armariolândia. Há bolsões de medo, lugares onde a Crença é mais poderosa, e áreas onde os monstros são mais fortes (como os seus lares).
Eu não considero essa versão da Armariolândia uma continuação para a original. Nenhum evento aconteceu que transformou a Armariolândia anterior nesta. É uma releitura, de verdade. Não por uma questão de reinvenção, mas por uma questão de libertar tanto o projeto e os jogadores das restrições arbitrárias que a versão anterior impunha a ambos. Eu espero que você a aproveite tanto quanto eu. Só não se esqueça de fechar a porta atrás de você. Nós não queremos que nada saia de lá.
Mas é claro que é tarde demais para isso. Há um mundo inteiro em torno dos personagens. Os lugares onde vivem, os quartos em que dormem, sua escola, os lugares onde eles se divertem com os amigos. Os monstros não estão confinados à Armariolândia. Há um troll no riacho perto de sua casa. O cão com os olhos nublados do vizinho não é uma fera normal. E a bibliotecária com a laringe engraçada pode ser mais do que aparenta. O mundo real é tão cheio de maravilhas e ameaças potenciais quanto qualquer mundo criado e o jogo se aproveita disso também.
Como eu moldei o cenário, continuamente voltei a ambas as ideias de infância e de monstros. Ao projetar o sistema, tomei muito cuidado para dar aos jogadores poder real quando se trata de combatê-los (ou redimi-los). Pode ser apenas um “jogo sobre crianças combatendo monstros”, mas seria o melhor que eu poderia fazer.
Estou extremamente feliz com a forma como os monstros e a Armariolândia funcionam em Little Fears Nightmare Edition. Ele traz de volta muita liberdade, ecos de imaginação e maravilha, e tem algumas coisas realmente assustadoras nele também. Os Reis foram destronados. Você controla Armariolândia agora.
Little Fears Nightmare Edition será lançado na segunda-feira, 19 de outubro, em formatos PDF e impresso. Informações sobre pré-venda estarão disponíveis em seu site a partir do dia 16 de setembro.
feinha a capa a antiga era fodona =~~
essa me lembrou caçadores caçados…
a menina ta com o enigma do hellraiser na mão ou eu to enganado?
Eu gostei da variedade de criaturas ao redor das crianças, de clássicos como palhaços e lobisomens até um robô a la Tranformers.
Sobre o objeto na mão da garota, parece algo menor, estilo um pingente. Mas pelo que é abordado na próxima prévia, nada impede que o narrador insira a Configuração do Lamento na história. Aliás, sempre achei que um crossover entre Little Fears e Kult viria bem a calhar!