O valor inescapável do universo de “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”

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Seria reduzir muito seus (e)feitos tachar Pantera Negra: Wakanda Para Sempre de apenas um filme-tributo. Ainda que a sombra da morte e memória afetiva do protagonista Chadwick Boseman esteja por toda parte, o blockbuster do diretor Ryan Coogler consegue exaltar seu universo e abrir possibilidades para além da figura onipotente do ator para com seu filme.

Óbvio que essa busca um tanto ambiciosa, sobretudo nesse momento tão desmotivado da Marvel Studios, acaba por deixar algumas fragilidades pelo caminho. Bem visíveis. Mas Coogler sabe manipular os gatilhos emotivos visando dimensionar e construir novas bases narrativas ao que a franquia vai se propor daqui para frente.

A história se desenvolve pelas consequências da morte do Rei T’Challa (Boseman), em paralelo com sua metáfora da política internacional movida pelos países ricos, em detrimento das riquezas naturais de Wakanda. Isso desencadeia um efeito colateral numa civilização marinha (Talokan) e, porventura, num antagonismo um tanto trágico com o rei Namor (Tenoch Huerta, ótimo).

Primeiramente tem que se reconhecer o trabalho primoroso da atriz Angela Bassett (Ramonda), que agrega dignidade não só a seu papel – o mais exigido do longa – mas ao filme como um todo. A dor e a resignação de sua personagem são táteis o suficiente para que ela emocione por si só. Letitia Wright, a Shuri, irmã de T’Challa, sabe a responsabilidade que carrega e parece atenta ao chamado que recebe.

E os figurinos de Ruth Carter seguem numa elaboração espetacular. Que ganhe seu segundo Oscar.

O roteiro de Pantera negra 2 ensaia um interessante recorte político da espetacularização que promove, mas não desenvolve a premissa interessantíssima do imperialismo americano versus a (consequente) insanidade dos países guerreiros. Assim como a diluição da importância de Riri Williams (Dominique Thorne). São pontos controversos que borram, mas não afetam definitivamente o resultado do filme. Suas mais de duas horas passam voando e as cenas de ação são protelares, mas satisfatórias.

Mais do que um filme-tributo, Wakanda Forever representa a transição da malfadada fase 4 do Universo Cinematográfico da Marvel, nos lembrando que, apesar da perda de um importante fator potente do todo, existe um universo muito maior e mais complexo que o desgaste da fórmula Marvel aparenta.

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
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Nota: Excelente - 8.5 de 10 estrelas
Nota: Excelente - 8.5 de 10 estrelas
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