Por mais que a série tenha seus altos e baixos, uma coisa é verdade: os fãs de American Horror Story são apaixonados e dedicados – como seguidores de um culto. Por isso mesmo é tão interessante que Ryan Murphy tenha escolhido abordar um culto na sétima temporada de AHS. Não se trata de um culto religioso, mas sim de um culto de personalidade, focado na mudança, alimentado por raiva e criado a partir da política.
É impossível escrever uma sinopse verdadeira de American Horror Story: Cult sem dar spoilers. Podemos apenas dizer que ela envolve, como o próprio título diz, um culto. Os personagens principais são Kai Anderson (Evan Peters), Ally Mayfair-Richards (Sarah Paulson), Ivy Mayfair-Richards (Allison Pill), Beverly Hope (Adina Porter) e Winter Anderson (Billie Lourd). Tudo começa a se desenrolar com o resultado da eleição presidencial dos Estados Unidos, e a estes personagens principais se juntam Vincent (Cheyenne Jackson), terapeuta de Ally, e o novo casal de vizinhos, Meadow (Leslie Grossman) e Harrison (Billy Eichner).
Não importaria qual fosse o resultado das eleições norte-americanas de 2016, porque a sétima temporada de American Horror Story funcionaria de qualquer forma. Assim como aconteceu no Brasil em 2014, a eleição deixou marcas profundas na sociedade norte-americana. Se nós ficamos divididos entre “coxinhas” e “petralhas”, os americanos se dividiram entre “deploráveis” e “nasties”. Mesmo que Trump não fosse eleito, o estrago estaria feito, e os EUA seriam, como o são e como o Brasil é, um país dividido e tomado pelo ódio.
Em diversas entrevistas Sarah Paulson definiu o tema da temporada como “as consequências da incapacidade de se dialogar dentro da sociedade norte-americana”, e ela não está errada em sua tese chique. A falta de diálogo leva ao ódio. O ódio cega as pessoas. O poder cega as pessoas. E ambos enlouquecem as pessoas.
Kai, como líder paranoico e egomaníaco, apesar de apoiar Trump, não faz distinção política dentro do culto. Assim como outros líderes de cultos e seitas, ele não tem escrúpulos ou princípios políticos. Ele quer apenas conseguir o maior número de adeptos possível para seu culto, e usa o ódio como combustível e a execução dos desafetos como moeda de troca.
No começo, eu diria que “Esta temporada não é recomendada para quem tem medo de palhaços”. Mas American Horror Story: Cult se revelou algo muito além dos palhaços que assolam Ally nos primeiros episódios. A temporada começa a engrenar a partir do quarto episódio, e as surpresas vêm uma atrás da outra, sem termos oportunidade para recuperar o fôlego.
Modernizando a famosa frase de Arquivo X – a verdade está lá fora – temos a máxima “a verdade está na internet”. Em mais de uma ocasião a série faz a crítica àqueles que acreditam em tudo que veem e leem no Facebook, que espalham notícias falsas ou que monitoram membros da família através do Instagram.
American Horror Story: Cult sem dúvida é um veículo perfeito para o talento de Sarah Paulson e, principalmente, de Evan Peters. Queridinho do público desde a primeira temporada, nesta sétima Peter interpreta sete personagens, sendo cinco deles em um único episódio, e se mostra insuperável no delírio de Kai. É sempre interessante ver como a série costura na sua narrativa casos reais e macabros, e havia muito material com relação a cultos: desde a radical Valerie Solanas, interpretada por Lena Dunham, até o famoso e insano Charles Manson.
Há bastante sangue e gore, mas o real horror é chegar à conclusão de que existem pessoas como Kai no mundo. Pessoas que estão manipulando outras em benefício próprio, criando cultos de devoção pessoal ou mesmo religioso, e criando um exército para fazer nada além do mal.
Para os Estados Unidos, talvez seja tarde demais e o reino do terror já esteja instaurado. Que sirva de lição para todas as outras nações. E que o espectador aprenda com a série a reconhecer a manipulação para não ser, ele próprio, um manipulado.
Para os fãs, nem vai dar tempo de sentir saudade de Ryan Murphy: em janeiro estreia a segunda temporada de American Crime Story.
É uma das minhas preferidas. Adoro está serie! Não vi quando estreou, mas depois de ver um capitulo, me fascinou e terminei a primeira temporada em muito poucos dias. Não conhecia a nenhum dos atores mas pareceu que fizeram uma grande eleição com este elenco. Frances Conroy é uma atriz incrível! Falar dela significa falar de uma grande atuação garantida, ela se compromete com os seus personagens e sempre deixa uma grande sensação ao espectador. A vi em O Conto, é um filme maravilhoso! Acho que é um dos melhores filmes de drama , é interessante ver um filme que está baseado em fatos reais, acho que são as melhores historias, porque não necessita da ficção para fazer uma boa produção. A história é impactante, sempre falei que a realidade supera a ficção. Acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas.