Como os acontecimentos ocorridos nos últimos anos impactaram as artes visuais brasileiras? Este é o recorte da série “Brasil Visual”, dirigida por Rosa Melo, que estreia no dia 25 de junho de 2024, às 20h30, no canal Curta! A pré-estreia acontece neste sábado, dia 22 de junho, a partir das 17h, na Praça Luís de Camões (Praça do Russel), na Glória, em um evento gratuito e aberto ao público, com exibição de três episódios, bate-papo com alguns participantes da série e a presença de DJs convidados, além de pocket show com o artista Cabelo. Partindo das artes visuais, a série aborda temas que impactaram toda a sociedade, como a pandemia de COVID-19, as manifestações que tomaram o país, a inteligência artificial, passando por temas como espiritualidade, a dualidade do mundo dos vivos e dos mortos, entre outros.
“Esse projeto fala sobre a vida através da arte, mostrando um pouco como a produção artística foi atravessada por questões tão importantes do nosso cotidiano”, afirma Rosa Melo, diretora-geral da série, que tem codireção de Lia Letícia e realização de Rosa Melo Produções Artísticas e AC Produções, BRDE, Ancine, FSA e Secretaria de cultura e economia criativa do Rio de Janeiro através da Lei Paulo Gustavo.
PRÉ-ESTREIA ABERTA AO PÚBLICO
A pré-estreia será neste sábado, dia 22 de junho, na Praça Luís de Camões (Praça do Russel), na Glória, em um evento gratuito e aberto ao público, que começará às 17h com a apresentação do DJ Galo Preto, seguido da exibição do primeiro episódio da série e de conversa com Aline Motta, Bruno Balthazar e Paulo Paes. Em seguida, haverá a apresentação da DJ Onciã, exibição do segundo episódio, bate-papo com Ana Lira, Carmem Ferreira, Mônica Benício e Pâmela Carvalho, seguida de show do artista Cabelo, exibição do terceiro episódio e conversa com Laura Lima, Lia Letícia e Novíssimo Edgar. A noite termina com o karaokê de Martha Rodrigues. A programação completa por ser conferida no Instagram @brasilvisual.arte.
BRASIL VISUAL
Com treze episódios, com duração de 26 minutos cada, “Brasil Visual” traz entrevistas com artistas, pesquisadores, povos indígenas, povos de terreiro, entre outros. Dentre os 36 entrevistados, estão artistas contemporâneos e especialistas de todas as regiões do país, incluindo nomes de destaque, como os artistas Cildo Meireles e Rosana Paulino, o curador e artista indígena Denilson Baniwa, a liderança do MSTC, educadora e urbanista Carmen Silva, a curadora, ativista indígena Guarani Sandra Benite, os artistas Lourival Cuquinha, Paulo Paes, Rose Afefé e Novíssimo Edgar, o neurocientista Sidarta Ribeiro, o pedagogo Luiz Rufino, a curadora, pesquisadora e crítica de cinema Kênia Freitas, a autora, educadora e diretora da Redes da Maré Eliana Sousa Silva, o sacerdote, artista e pesquisador de simbologias e mitologias afro-brasileiras Bruno Balthazar, o Alápini, (sacerdote do culto dos Egunguns) Balbino Daniel de Paula, entre outros.
A série conta com trilha original do coletivo Chelpa Ferro nas vinhetas de abertura, passagem e encerramento e participação especial do artista Cabelo, como entrevistador-participante, que vivencia conversas com lideranças sem-teto, ritualizadores da ancestralidade e artistas de universos múltiplos. No mesmo fluxo coletivo que o programa incorpora para seus novos conteúdos, o performer entrevistador abre caminho para a polifonia de vozes que reivindicam seus lugares no tempo histórico em que a série é produzida. Vozes mortas, vozes vivas, humanas, minerais, eletromagnéticas, insubmissas.
“Brasil Visual” será dividida em três eixos temáticos: “Do Invisível, Insubordinação e Distópicos do Presente”. Cada episódio será marcado pela abordagem de um tema e o comparecimento de uma coletividade que mantém esse tema vivo, seja nas vozes ancestrais que permeiam as obras em “Do Invisível”, nos corpos em luta que constituem o campo de florescimento das criações em Insubordinações ou na arte de desfuncionalizar os comandos da tecnologia contemporânea em “Distópicos do Presente”. Nessa novíssima temporada, as produções artísticas brasileiras são montadas em relação intensiva com o ambiente que cruzam. As obras não ilustram um saber, mas nascem e participam da criação de saberes. Bem como o horizonte da coletividade apresenta-se enquanto um manancial de ideias para o conteúdo do programa, também o modo de produção dos episódios buscou ressoar esse alinhamento plural. Rosa Melo conduziu a direção-geral da temporada para um arranjo de possibilidades de intervenções multidimensionais.
Quase uma década depois da primeira temporada, com novos protagonistas e novos temas, tendo as artes visuais como foco principal, a nova temporada amplia o debate para questões fundamentais para toda população. “Entre o intervalo de uma temporada para outra, o Brasil e o mundo enfrentaram conturbações de todas as naturezas e esse tremor se vê refletido na produção das obras, no pensamento dos entrevistados e na forma coletivizada que molda o programa”, afirma Rosa Melo.
EIXOS TEMÁTICOS
O primeiro eixo temático, “Do Invisível”, tem sua abordagem conduzida a partir de processos artísticos e experiências de criação que tratam de fenômenos da natureza, que nos mostrarão que não estamos diante de subjetividades quaisquer, mas de forças vinculadas a espiritualidades e à dualidade vida/morte ancestralidade e tudo que de alguma forma trata dessas questões.
O segundo, “Insubordinação”, joga luz sobre questões ocorridas no país recentemente e como as pessoas ligadas à cultura lidaram com elas, como, por exemplo, a extinção do Ministério da Cultura. Tem seu foco em ações artísticas, educativas, práticas sociais participativas e autônomas na área das artes visuais que abordam, de diferentes maneiras, lutas por direitos, questões decisivas da nossa formação histórica, tais como as lutas por terra, vividas pelos povos indígenas e quilombolas, e as lutas por moradia, encampadas por diferentes movimentos e organizações sociais nas cidades brasileiras. “A coletividade e os movimentos sociais e artísticos também são conteúdos presentes neste eixo, como, por exemplo, o uso dos meios de comunicação como ferramenta de resistência e mobilização de rede, como a Rádio Yandê, a primeira rádio indígena do Brasil, que nasce com a natureza coletiva de mobilização de comunicação, mas que também não perde a característica de ser uma ação artística”, conta Rosa Melo.
O terceiro eixo, “Distópicos do Presente”, fala sobre como os artistas pensam a passagem do tempo. A partir do marco histórico de Brasília, a série brinca com a ideia de progresso para falar de futuro.
“Esses três núcleos podem parecer completamente diferentes, mas se atravessam fortemente, apesar de algumas questões estarem mais centradas em alguns eixos”, diz a diretora.
EPISÓDIOS:
1 – Memórias: fragmentos Do Invisível
Um cosmos de naufrágios, acidentes, apagamentos e salvamentos: Do Brasil Atlântico, Das avós, Da carta endereçada aos habitantes de Marte, criando simultaneidades entre tempos e espaço. Participantes: Cildo Meireles, Denilson Baniwa, Luiz Rufino, Novíssimo Edgar, Rosana Paulino, Sallisa Rosa e Xadalu Tupã Jekupé.
2 – Da comunidade: guardiã Do Invisível
A macumba, o candomblé e a divindade Iku ajudam a tecer a ideia de que os mortos também se presentificam e de que as artes visuais podem revelar a presença daquilo que não se vê. Participantes: Bruno Balthazar, Kênia Freitas, Luiz Rufino, Makota Valdina (In memoriam), Novíssimo Edgar e Uã Flor do Nascimento. Participação especial: Yálorixá Beata de Iemanjá (In memoriam), Portal do Não Retorno, Yakekerê Terezinha Bispo Alves, Otum Obaxorum Claudio Bispo Alves, Ojé Tobi Adelson dos Santos, Otum Adebisi Rosinha Santos Sampaio, Otum Yaloré Maiana dos Santos Nobre, Ayó Dewá Layane Nobre da Conceição, Daniel de Sousa Pita, Daniel Gustavo Santos de Paula, Brenno Manoel Sampaio da Silva.
3 – O vírus: uma ameaça Do Invisível
No aceleracionismo dos tempos atuais, a capoeira, o sonho, a empatia e a festa são elementos da arte e do viver que mostram capacidade de redimensionar as relações humanas. Participantes: Giselle Beiguelman, Lia Letícia, Luiz Rufino, Paulo Paes [off], Rodrigo D’Alcântara, Rosana Paulino, Sidarta Ribeiro, Valmir Pereira.
4 – A dualidade entre o mundo dos vivos e dos mortos
Kalunga: uma máquina do tempo para ver o invisível com seus olhos d’água. Iniciados no mistério não morrem, sopram no vento sagrado de Oyá e no ritual dos Egunguns da ilha de Itaparica. Participantes: Aline Motta, Bruno Balthazar, Luiz Rufino [off], Paulo Paes e Valmir Pereira.
5 – Os Ritualizadores da Ancestralidade
Dos instrumentos ritualísticos do Santo Daime aos troncos sagrados do Kuarup. O documentário se torna um tributo a quem agora também é um ancestral comum, o artista plástico Mestre Didi. Participantes: Bruno Balthazar, Paulo Paes, Sidarta Ribeiro e Uã Flor do Nascimento [off].
6 – Dos Vestígios Do Invisível
O pé na lama serve para preparar a construção não apenas de uma obra de arte, mas de uma cidade inteira. O que mantém essa rede de conexão entre todos os seres minerais, vegetais e animais? Participantes: Bruno Balthazar, Cildo Meireles, Denilson Baniwa, Jaider Esbell (In memoriam), Novíssimo Edgar, Paulo Paes e Rose Afefé.
7 – Arte, resistência e luta por direitos
Movimentos artísticos, de caráter notadamente coletivo, que insurgem e travam lutas por justiça. Quais são as poéticas públicas capazes de responder às ruínas políticas em que vivemos? Participantes: Ana Lira, Ceci Bandeira, Denilson Baniwa, Laura Maringoni, Lourival Cuquinha, Lucas Bambozzi, Sandra Benites e Thays Chaves.
8 – Povo com Coragem
Na luta por moradia e nos movimentos de resistência há uma potência criativa que torna a realidade em força estética, revelam-se ainda espaços críticos para possíveis renascimentos. Participantes: Carmen Silva, Ceci Bandeira, Eliana Sousa Silva, Lourival Cuquinha, Lucas Bambozzi e Pamela Carvalho.
9 – Todas Elas
Transformações subjetivas vividas nas lutas ocupadas por mulheres. A Cozinha 09 de Julho e a Galeria Reocupa – iniciativas que nascem da aliança entre o MSTC e coletivos de artistas. Participantes: Carmen Silva, Laura Maringoni, Lourival Cuquinha, Lucas Bambozzi e Virginia de Medeiros.
10 – Retomadas
O cacique Xicão Xucurú, o Acampamento Terra Livre e o Movimento de Mulheres Yarang compõem a tessitura desse documentário junto às obras que rememoram e projetam a ancestralidade do futuro. Participantes: Denilson Baniwa, Kandú Puri, Lia Letícia, Lourival Cuquinha, Sandra Benites (indígena Guarani, curadora e ativista, Sidarta Ribeiro e Watatakalu Yawalapiti.
11 – Sonhos e ruínas do progresso
Uma brasa dentro de casa, aviões que se acomodam na palma das mãos, um cântico Fulni-ô, uma deusa póscalyptca. A relação dos sonhos com a possibilidade de imaginar e construir futuros. Participantes: Giselle Beiguelman, Lia Letícia, Mestre Françuli, Rodrigo D’Alcântara e Sidarta Ribeiro.
12 – Corpo Máquina
Nas proposições – visuais, sonoras e verbais – de Corpo Máquina, a indistinção humano-máquina não resvala em um apaziguamento dos conflitos. Participantes: Bruno Moreschi, Denise Alves-Rodrigues, Giselle Beiguelman, Lia Letícia, Mestre Françulí e Sidarta Ribeiro.
13 – 11:11
Como viajantes do tempo, figuras visuais atravessam as distopias da História para se materializarem no agora. Ao fabularem futuros impossíveis, ativam presentes anteriormente interditados. Participantes: Bruno Moreschi, Kênia Freitas, Lia Letícia, Novíssimo Edgar e Sidarta Ribeiro.
Serviço: Série Brasil Visual
Pré-estreia: 22 de junho de 2024, às 17h, na Praça Luís de Camões (Praça do Russel) – Glória – Rio de Janeiro
Entrada gratuita
Estreia: 25 de junho de 2024, às 20h30, no canal Curta!
Episódios: Terça das Artes, às 20h30.
Ficha Técnica
Direção-geral: Rosa Melo
Codireção: Lia Letícia
Participação Especial: Cabelo
Direção de fotografia: Pablo Nóbrega e Raphael Medeiros
Montagem: Clara Chroma
Produção executiva: Adah Lisboa
Realização: Rosa Melo Produções Artísticas e AC Produções
BRDE | Ancine | FSA
Secretaria de cultura e economia criativa do Rio de Janeiro | Lei Paulo Gustavo
Instagram: @brasilvisual.arte
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