Teatro

1 Gaivota – é impossível viver sem teatro

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A glória, o célebre, o esplendor é o que permeia a motivação dos protagonistas desta adaptação de Nelson Baskerville, do russo Anton Tchekhov.

nelson

A peça é reverente à escritores e atores: “1 Gaivota – é impossível viver sem teatro”, encarta a resposta da afirmação à Renato Borghi, ele representa Petrusha, em uma cadeira de rodas, pouca mobilidade atualiza o prescrito desta peça em releitura feita por Nelson Baskerville “A peça tem papéis femininos, masculinos, quatro atos, uma paisagem (uma vista para o lago), muita conversa sobre literatura, pouca ação, CINCO ARROBAS DE AMOR”. E Kóstia vai morrer.

É um diálogo da história do teatro que Nelson Baskerville com o grupo Antikatártica Teatral, procura manifestações épicas  na contemporaneidade. Aberto a contribuição e coincidências dos artistas envolvidos, faz uma homenagem a Renato Borghi e o texto menciona condições atuais e reais no contexto do personagem.

A estética natural da paisagem e 1 Gaivota será o tema que Kóstia em desarmonia e fracasso no meio social de uma elite da arte, tem produção poética que circunscreve dentro da loucura real ou fingida, uma arte que crie novas formas.

Polina é a administradora da casa do lago e responde a Petrusha, irmão da vaidosa Arkadina. Polina é apaixonada pelo médico Dorn, por quem tem muito ciúmes, sua origem camponesa não permite manipular ele para que mude de vida, desta vez junto dela, de maneira humilde compreende que ele deve ter mulheres que lhe custam. Sua filha, Masha, reserva amor por Kóstia e confessa a Trigorin talvez por compartilhar um segredo a uma pessoa célebre traga mais sorte, enquanto um professor que acha que Hamlet é um escritor quer se casar com ela.

Nina é a musa e amor de Kóstia, ela é uma jovem aspirante a atriz e faz uma peça de teatro dentro do teatro, texto de Kóstia que é uma fusão de natureza com grandes homens da história, consciência com os animais, matéria com alma do mundo.

Um texto belíssimo que considero de “espirito constante e invariável” com interpretação elétrica de Julia Ianina.

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Arkadina, atriz que foi consagrada a fez uma mulher que rejeita as novas formas na arte, conserva e manifesta humor sarcástico à novidade, despreza o próprio filho, Kóstia, quer ser reconhecido como Trigorin, escritor prestigiado, namorado de sua mãe.

.Nina, como um anjo se encanta por Trigorin, pela sua fama, por ser adorado pelo público e repara que ele é simples e vive uma vida comum na mesma medida que se desencanta por Kóstia, pelo seu fracasso e rejeição.

A cada ato anuncia que Kostia vai morrer enquanto na sala de estar as pessoas preocupadas com amenidades.

As conversas entre Trigorin e Nina em uma caixa d’água é um banho sobre literatura, deslumbramento, talento do escritor, destino radioso e feliz enquanto ele vive o desassossego e devora sua própria vida, ela acha a inspiração e o processo criativo um enigma que busca incessantemente bem como ele às palavras e realiza para si que para ter a felicidade da glória suportaria o desprezo de amigos.

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Masha aceita se casar com o professor e se mostra mais adaptada a realidade que Kostia que tenta se matar.

Petrusha pede para Arkadina patrocinar Kostia, com roupa, viagem, uma generosidade para reerguer seu amor próprio. Arkadina é sovina e cruel mas se reconcilia com Kostia.

Trigorin quer permanecer no campo, está embebido, seduzido por um doce sonho com a Nina. Arkádina manipula a situação com astúcia e dá a liberdade de escolha a Trigorin sabendo que irão partir. Noemi Marinho bem dito em texto, a expressão corporal é um instrumento que ela tem desenvoltura. Nina decide seguir carreira de atriz, seu sonho e combina com Trigorin encontros furtivos.

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Após dois anos retornam a casa do lago e Petrusha sugere a Kostia a escrever “O homem que queria”; Petrusha tem muita vontade de viver, está muito doente.

Nina e Trigorin tiveram um caso, ele se cansou dela e voltou para Arkadina, Nina fracassou no teatro em correspondência com Kóstia assina “A gaivota”.

E assim os sonhos de glória viraram uma vida sórdida, ela é uma atriz, primeiro fracassada pela vida com Trigorin que ridicularizava seu sonho e agora realiza que a vocação de atriz não é a glória, o esplendor, mas a capacidade de suportar.

Nina ama até o desespero Trigorin, Kostia se mata.

Nesta ciranda de desafetos e frustrações, o ator/atriz tem desejo por escritor, o escritor tem fetiche por ator/atriz mas destes o médico é o mais contemplado e Dorn é o único capaz de compreender Kóstia, enquanto que Nina suporta sua vocação porque nutre uma idéia fora de si, fetiche, imaginação, símbolo, insustentável leveza.

Esta tragédia é cômica, a comicidade está na tragédia elaborada por elenco.

Entre amenidades e profundidades cenário, figurino, iluminação, projeção de vídeo conta que o texto clássico com pitadas da condição real da situação dos personagens em cena, faz a apreciação do espetáculo de maneira descolada mas com fundo e superfície que o som é estado de melancolia.

A montagem traz elementos do cinema com um travelling na locação da cena, o trânsito da equipe produz efeitos de ação para o ator.

Autor: ANTON TCHEKHOV
Adaptação e direção geral: NELSON BASKERVILLE
Assistente de direção: FELIPE SCHERMANN
Elenco: RENATO BORGHI, NOEMI MARINHO, PASCOAL DA CONCEIÇÃO, ÉLCIO NOGUEIRA, JULIA IANINA, RAFAEL PRIMOT, THAIS MEDEIROS e ERIKA PUGA
Figurino: MARICHILENE ARTISEVSKIS
Cenário: AMANDA VIEIRA ENELSON BASKERVILLE
Direção Musical: DANIEL MAIA
Desenho de Luz: WAGNER FREIRE
Projeto de Vídeo: RAIMO BENEDETTI
Direção de produção: CARLA ESTEFAN
Assistente de produção: THIAGO CATELANI
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