Quem foi Frida Kahlo longe dos holofotes, na vida particular, sem estereótipos? Desta pergunta partiu a investigação para a montagem do espetáculo ‘Frida Kahlo – A deusa tehuana’, que desconstrói o mito para falar da mulher.
Com direção de Luiz Antonio Rocha, atuação de Rose Germano e texto escrito pela dupla, o monólogo, que estreou em 2014 com sucesso de público e crítica, volta ao cartaz, a partir de 17 de janeiro, no Teatro Maison de France.
A peça é livremente inspirada no diário e na obra da pintora mexicana, artista que ultrapassou a popularidade adquirida com seu trabalho e tornou-se sua melhor arte. Frida Kahlo pintou sua própria face um sem número de vezes no corpo de uma obra intensamente autorreferenciada. Teatralizou a sua própria existência, foi a expressão maior de luta e superação mesmo trazendo consigo as maiores dores – físicas e existenciais. No lugar do luto, vestiu-se de cores.
Colecionador de sucessos em espetáculos como “Uma Loira na Lua”, “Eu te Darei o Céu”, “Brimas” e “Paulo Freire, o andarilho da utopia”, Luiz Antonio Rocha conta que todo o processo do monólogo partiu do corpo da Frida. “A gente ficou um mês tentando descobrir como seria o corpo de alguém que fez mais de 30 cirurgias, que tinha dores e tomava morfina para sentir alívio; e que também teve pólio. Era uma mulher que certamente tinha dificuldade em caminhar, mas, nas nossas pesquisas, vimos que as atrizes não costumam levar em conta esse aspecto na hora de caracterizá-la nos espetáculos”, explica. “A gente foi por outro lado. Fugimos do corpo cotidiano e trabalhos suas limitações e, a partir daí, fomos descobrindo a história que aquele corpo tinha para contar”.
Atriz com formação em Artes Cênicas pela UniRio e Cinema pela Universidade Estácio de Sá, Rose Germano sempre procurou aprofundar a sua arte e conduzi-la para um teatro de referências. Mergulhou no universo de Shakespeare, Brecht, Plauto, mas foi em ‘Frida Kahlo – A deusa tehuana’ que a atriz encontrou o seu grande desafio. Ao falar sobre o que a inspirou a viver Frida Kahlo no teatro, Rose Germano comenta que “há uma similaridade entre as culturas mexicana e brasileira, especificamente a nordestina, em que estão as minhas raízes. Sou de Riacho do Meio, uma cidadezinha do interior da Paraíba. Foi aí que me inspirei, nesse povo guerreiro, nas histórias de mulheres cheias de vida e coragem.”
A atriz destaca ainda a importância de falar sobre a artista hoje. “O grande destaque está na autenticidade da mulher à frente do nosso tempo. Ela é a desmedida das coisas, está fora dos padrões estabelecidos. Viver Frida é encarar a vida e a morte com a mesma grandeza.”
Uma Frida mais humana
Tudo de mais óbvio sobre a trajetória de Frida foi excluído da dramaturgia. “Queria justamente algo que não estivesse nos registros oficiais da história, que mergulhasse no sentimento mais profundo de uma mulher que queria ser mãe e não conseguiu, que era frágil e, ao mesmo tempo, forte e determinada. Colocamos o inédito, o que as pessoas sequer imaginam, como a sua relação com os médicos e a descoberta da colecionadora de arte Dolores Olmedo”, explica Luiz Antonio Rocha. “No espetáculo, desconstruímos o mito, construindo uma Frida humana, bem diferente da figura pop na qual foi transformada pela grande mídia no mundo inteiro”, conclui o diretor.
A preparação para a montagem do espetáculo foi longa e incluiu uma viagem ao México, na qual Luiz Antonio Rocha encontrou a Frida que queria montar: a pintora que transformou a dor em arte estava despida para dar vida à deusa tehuana. Na cidade de Oaxaca, o diretor comprou todas as peças que compõem o figurino do espetáculo. Elas são autênticas, conseguidas em antiquários e artesãos indígenas.
A peça abre com o prólogo de Dolores Olmedo Patiño, marchand que possui a maior coleção de Frida Kahlo e Diego Rivera no mundo. Responsável por preservar e difundir o acervo do casal. Dolores e Frida nunca foram amigas; duas mulheres apaixonadas pelo mesmo homem, uma colecionadora de arte, a outra a expressão da própria arte.
Ficha técnica:
Texto: Luiz Antonio Rocha e Rose Germano
Direção: Luiz Antonio Rocha
Elenco: Rose Germano
Músico: Eduardo Torres
Iluminação: Aurélio de Simoni
Operador de Luz e Som: Alexandre Holcim
Cenário, Figurinos e Direção de Arte: Eduardo Albini
Trilha Sonora: Marcio Tinoco
Assessoria de imprensa: Racca Comunicação
Direção de Movimento: Norberto Presta
Fotos: Renato Mangolin e Carlos Cabéra
Direção de Produção: Sandro Rabello
Realização: Diga Sim! Produções
Serviço:
Frida Kahlo – A deusa tehuana
Temporada: 17 de janeiro a 16 de fevereiro
Teatro Maison de France – Av. Pres. Antônio Carlos, 58 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Telefone: 2544-2533
Dias e horários: Sexta a domingo, às 19h.
Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia).
Lotação: 355 pessoas
Duração: 1h
Classificação indicativa: 16 anos
Funcionamento da bilheteria: De terça a domingo, a partir das 14h.
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