O ator e dramaturgo João Paulo Lorenzon e o diretor Elcio Nogueira Seixas se reencontram para montar mais uma peça inspirada no universo do renomado escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Trata-se do solo Quase Infinito, que reestreia no dia 09 de agosto no Teatro Faap e fica em cartaz até 22 de agosto, com apresentações às sextas e sábados às 20h30 e domingos às 18h. Peça representa grandes enfrentamentos da condição humana em cinco atos.
A primeira parceria entre os dois criadores aconteceu em 2008, quando eles montaram “Memória do Mundo”, peça fundação de uma amizade lírica animada pelo sopro poético de Borges. A cegueira do gênio argentino guiou a dupla por labirintos da experiência teatral que iluminaram a trajetória de ambos os artistas.
O espetáculo surgido deste encontro carregava uma torrente de afetos e desafios sensoriais que viriam a tornar-se o veio criativo de Lorenzon, donde brotariam todos os seus inquietantes trabalhos. Ao longo dos últimos 15 anos de amizade, além da admiração mútua, Lorenzon e Seixas não viam a hora de voltar a visitar a obra de Borges. E a oportunidade surgiu durante a pandemia de Covid-19, quando Lorenzon começou a escrever a dramaturgia de Quase Infinito e convidou o amigo para dirigi-lo em cena novamente.
Escrita em cinco atos, Quase Infinito nasceu das inquietações vividas pela humanidade – e pelos próprios alunos de teatro de Lorenzon – em meio ao isolamento social e à impiedosa quantidade de vidas perdidas nesse período. A peça representa alguns dos grandes enfrentamentos da condição humana inspirados pelo universo de Borges.
São eles: os confrontos com a tentação do ódio; com o nada e o esquecimento, como ameaças de esvaziamento de si próprio e do mundo; com a incomunicabilidade; e com as chances de renascimento disponíveis para agarrarmos a cada novo dia.
Em cada ato humano – e do próprio solo – há um corpo em luta, lançado à busca de realizar a própria existência, e ao mesmo tempo, à beira de se entregar ao gozo da própria miséria. E, sob essa perspectiva, um corpo pode ser condição de partida, mas não garante que existimos.
A dramaturgia é construída a partir de uma série de situações que revelam esses enfrentamentos. Em um dos atos, um matador corre sobre um trem em movimento, buscando alguém por entre os vagões para derramar seu ódio, como um ser torturado pela máquina de seus desejos, manias e vícios.
Em outro, um palhaço enroscado numa corrente é sugado para dentro do buraco negro do nada, como um Prometeu acorrentado à rocha de seu crânio, e luta contra o esvaecimento do mundo.
Um prisioneiro acuado em uma jaula tenta fugir dos inúmeros olhos implacáveis que clamam por seu fuzilamento, como um cão arrastado pela coleira de seus medos, como um rato no experimento à espera de um castigo, ou como uma abelha paralisada no âmbar de seu próprio mel.
Um amante está preso na repetição vazia de seu erotismo enquanto é invadido pelo esquecimento, como um escafandrista mergulhado no abismo de suas memorias, um astronauta congelado vagando solto pelo universo. E, por fim, um homem renasce no próprio jardim, a partir de novas angulações, como todos nós, todos os dias.
Sobre João Paulo Lorenzon
João Paulo Lorenzon, nascido em São Paulo no dia 17 de julho de 1979, é um ator e diretor teatral brasileiro. Em 2002, Lorenzon funda sua própria escola de teatro, o Espaço Mágico Escola de Teatro, ao lado de seu amigo de infância Daniel de Luccia, que depois torna-se seu patrocinador oficial desde o seu segundo espetáculo: “O Funâmbulo”, de Jean Genet (2009). Em 2008, atuou no monólogo centrado no universo de Jorge Luis Borges, “Memória do Mundo”, dirigido por Élcio Nogueira Seixas. Desde então, sua carreira no teatro decolou.
Alguns desses trabalhos foram “De Verdade” (2010), adaptação do livro homônimo de Sándor Márai, sob a direção de Antonio Januzelli; “Água” (2011), espetáculo-performance criado em parceria com o fotógrafo e artista plástico Maurizio Mancioli; “Eu Vi o Sol Brilhar em Toda a Sua Glória” (2012), também inspirado em Borges e pelo qual foi indicado ao prêmio Shell de Teatro; “NIJINSKY – Minha Loucura é o Amor da Humanidade” (2014), dirigido em parceria com Gabriela Mellão; “Todos os Sonhos do Mundo” (2018); e “Van Gogh – A Sombra do Invisível” (2019), dirigido por Helena Fraga.
Na televisão, Lorenzon atuou na minissérie “A Vida Secreta dos Casais” (2017-2019); e, no cinema, participou do longa-metragem “De Cara Limpa” (2000), dirigido por Sérgio Daniel Lerner, e do curta “Cheque de Terceiro” (2003), de Thiago Villas Boas.
Ficha Técnica
Inspirado no universo de Jorge Luis Borges
Direção: Elcio Nogueira Seixas
Dramaturgia e atuação: João Paulo Lorenzon
Cenografia: Márcia Moon
Desenho de luz: Lúcia Chedieck
Composição musical original: Marcelo Pellegrini
Direção de vídeo e Videomapping: André Grynwask e Pri Argoud – Um Cafofo
Direção de movimento: Debora Veneziani
Preparação circense: Kiko Caldas
Preparação corporal: Mayara Sanches
Preparação física: Leandro Marques
Assistência de cenografia e direção de palco: Espirro – Marcio Zunhiga
Operação de som e vídeo: Marcelo Pellegrini/ Dugg Mont
Suporte técnico: Jorge Leal
Direção de produção: Raul Mahfuz
Produção executiva: Martha Lozano
Fotografia e identidade visual: Maurizio Mancioli
Consultoria identidade visual: Lilian Vidigal
Gerenciamento Redes Sociais: Lukas Cordeiro
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio Assessoria de Comunicação
Sinopse curta
Em cinco atos, Quase Infinito representa grandes enfrentamentos da condição humana inspirados no universo de Jorge Luis Borges: o confronto com a tentação do ódio; o confronto com o nada e o esquecimento, como ameaças de esvaziamento de si próprio e do mundo; o confronto com a incomunicabilidade; e as chances de renascimento disponíveis para agarrarmos, a cada novo dia.
Um corpo pode ser condição de partida, mas não garante que existimos.
Em cada ato humano há um corpo em luta, lançado à busca de realizar a própria existência, e ao mesmo tempo, à beira de se entregar ao gozo da própria miséria.
Serviço
Quase Infinito, de João Paulo Lorenzon
Temporada: de 09 a 22 de agosto. Sextas e sábados às 20h20 e domingos às 18h.
Teatro Faap – Rua Alagoas, 903 (Higienópolis)
Ingressos: R$ 120,00 (inteira), R$ 60 (meia)
Venda online em – https://www2.faap.br/teatro/
Classificação: 14 anos
Duração: 75 minutos
Capacidade: 40 lugares
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
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