“O Cíclope” é, sem dúvida nenhuma, uma das mais interessantes obras de Eurípedes. Ela é essencialmente diferenciada de seus outros trabalhos, pois se constitui como o único drama satírico que sobreviveu completo até os nossos dias. A história é calcada no canto IX da Odisséia, sendo uma das passagens mais populares da narrativa homérica. Odisseu ao aportar na Sicília acaba por encontrar com o Cíclope Polifemo, na maior demonstração de alteridade da Grécia Arcaica. O gigante caolho, seus servos e sua cultura são ícones do que viria a significar (em Heródoto) o bárbaro.
Há cerca de dois anos atrás, a “Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades” apresentou de forma magistral a adaptação de Eurípedes. A peça, cuja a montagem venceu o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, é realizada em praças públicas (originalmente no Largo de São Francisco) e possui um teor mambembe muito propício ao texto. O coro é composto por diversos sátiros saltitantes em pernas de pau, Polifemo é efetivamente um gigante de olho só e Odisseu ainda se mantêm como um Herói destemido.
A excelente montagem, volta agora em uma temporada relâmpago pelas praças do Rio, e segue na semana seguinte para o Festival de Teatro de Angra dos Reis.
Espere em breve por uma resenha e algumas fotos desse fantástico espetáculo.
[A Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades informou que a apresentação desta sexta-feira (03 de Abril) teve seu local remarcado para a Cinelândia às 17 horas, esta será a última apresentação da peça no Rio de Janeiro]
Para todos os interessados: separem um dia para ir ver a peça, é realmente muito, mas muito boa e divertida. 🙂