fotos:João Caldas
O Término do Amor, traz dois elementos fundamentais à linguagem do rompimento amoroso, Gab e Carol.
O nome pelo qual é convocado, a ruína como o título já introduz, é o nome dos atores; creio que o falso de l’amour é a representação na vivência das palavras-porrada que os atores nocauteiam.
Gab se detém na condição do relacionamento, enquanto exaurido, o que o motiva a falar e direcionar-se a amante.
Imbuído da vontade de cisão, seu discurso não há lógica, mas como um texto gonzo explicita o comportamento de Carol. Mesmo enquanto discurso de reconhecimento de posição dela, na alteridade, ironiza a história da criação do romance entre eles como um eterno final de semana, uma ficção ou um mar de rosas.
No meio do que o incomoda até a respiração dela seria um traço do espaço concedido por ele e gravemente detecta que o término do amor haveria de destruir um ou o outro, em uma poça de sangue.
Tampouco se reprogramar como um computador inteligente seria capaz de justapor o bem querer de Gab para Gab, que encorajado se lançaria para um campo de batalha com baionetas mesmo sem mato para se esconder.
Dentro do ataque a Carol com o corpo ereto, espinha reta, respiração ritmada, quebra com as palavras do plano alto para o baixo que deixa a cabeça como um pêndulo sobre as pernas já espalhadas sobre a estrutura cênica similar a uma passarela. Por sobre cada passarela, cada um e ao fundo uma bateria que acompanhava o embate entre eles.
Destituindo por completo o relacionamento amoroso, muito menos considerado a mentalização dela, o “mentalized” como ela prefere poderia surgir de uma inteligência para reunir o casal, apenas o seu talento é mencionado.
Ele não quer mais nada dela, apenas a cadeira de bordado rosa.
Pois bem, Carol se dirige a ele como inominável ou haveria um nome para ele após tais palavras agressivas, sem consideração e assassinas.
Rebate a todas, firme, enquanto ele em plano baixo começa a se espalhar.
Continuar a levaria para um buraco de rato sujo que contrapõe à expressão de mar de rosas totalmente inadequado à atualidade deles.
Não pegaria uma baioneta e também não seria Yoko Ono.
Ficção? Criação do amor? E o fundo do olho que vê, a aparência, a superfície, o desnudar da palavra de dois corpos que se provaram.
Um computador? Jogaria a história no aplicativo lixo e esvazia, no cesto?
Ela mentaliza o que ela quiser, a imaginação se limita ao que se quer acreditar.
Ela sabe que são estranhos um ao outro, deixa a cadeira de bordado rosa e fica com as memórias imateriais.
Sobre o seu talento, seu talento ela é capaz de ser pai de seus filhos.
Deseja a ele o encontro dele com ele mesmo.
A falta será dele, pois ela sabe que o amou, que o desejou, que se tocaram.
Idealização do projeto: Janaína Suaudeau. Texto: Pascal Rambert. Tradução: Janaína Suaudeau com colaboração de Clara Carvalho e revisão de EloïseMorhange. Direção: Janaína Suaudeau. Provocadora: MalúBazan.Drumaturgy (interação musical dramatúrgica): Vinicius Calderoni.Orientação vocal interpretativa: Lucia Gayotto. Estudo do movimento: Joana Mattei. Elenco:Carolina Fabri– Carol, Gabriel Miziara– GabiePedro Gongom– bateria. Cenografia: Ulisses Cohn. Iluminação: Aline Santini. Figurinos: Isabela Teles. Fotografias –Carla Trevizani e João Caldas. Design gráfico: Bruno Gonçalves. Produção executiva – Larissa Barbosa.Direção de produção: André Canto. Co-Produção: Janaína Suaudeau. Produção: Canto Produções.
Serviço
Estreia dia 12 de julho de 2016
Duração: 90 minutos
Classificação etária: 14 anos
Local:Viga Espaço Cênico – Sala Viga – Rua Capote Valente, 1323. São Paulo / SP
Capacidade: 80 lugares.
Informações: (11) 3801-1843
Temporada: terças, quartas e quintas às 21h
Ingressos:R$ 20
Até 25 de agosto.
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