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"The Big Bang Theory" e a árdua tarefa de manter o público interessado por mais dois anos

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Depois de uma leve ameaça de nem sequer ir ao ar devido a exigências salariais do elenco, voltou ao canal Warner a série que é uma das pratas da casa, “The Big Bang Theory”, que chega à sua oitava temporada. Tudo começa onde a sétima temporada parou. Penny (Kelley Cuoco-Sweetting) e Leonard (Johnny Galecki) estão noivos; Howard (Simon Helberg) continua cismado com o excesso de intimidade de Stuart e sua mãe, depois que o dono da gibiteria passou a cuidar da matriarca Wolowitz, que sofreu um acidente doméstico no penúltimo episódio; Raj (Kunal Nayyar) continua deslumbrado com o fato de agora ter uma namorada e Sheldon (Jim Parsons) retorna de sua viagem de trem pelos Estados Unidos, viagem essa que consistia em não sair das estações, dada sua famigerada obsessão por trens.
Ao contrário do que ocorreu nas duas últimas temporadas, o primeiro episódio desta (na verdade um episódio duplo: “The Locomotion Interruption”/“The Junior Professor Solution”) teve um bom andamento, não houve aquela incômoda sensação de motores ainda sendo aquecidos. Porém este já é o oitavo ano de um seriado do qual o mote praticamente desapareceu. Vejamos, a sinopse original de “The Big Bang Theory” trata de cientistas prodígios altamente conceituados em suas respectivas áreas com um conhecimento profundo em cultura nerd, mas sem habilidades sociais, sobretudo no que diz respeito a mulheres. Suas vidas sofrem um grande impacto quando se deparam com a nova vizinha, uma bela loura que se mudou para o apartamento em frente, que além de obviamente despertar interesse sexual (embora nenhum deles tenha chances reais), ainda contrasta comicamente o intelecto apurado e a nerdice dos rapazes com sua habilidade social e bom senso, apesar de não ser lá muito brilhante.
Cortamos para a nova temporada e o que vemos é o introvertido e inseguro Leonard em uma relação sólida com a loura objeto do desejo da primeira temporada; o desesperado por sexo como um adolescente virgem, Howard está casado com Bernadette (Melissa Rauch) há duas temporadas; o assexuado Sheldon estreitando (sem perceber) os laços com Amy (Mayim Bialik) e agora, no final da sétima, até o eterno encalhado Raj desencantou. E até no que tange a traquejo social eles já evoluíram tanto que estão praticamente deixando a nerdice para trás, apesar de nunca abandonarem o gosto por Ficção Científica, RPG, HQs e etc.
O que sobra então para o restante desta temporada e as duas que se sucederão (os produtores garantem que a décima será a derradeira)? É bem verdade que com um grande sucesso de audiência em mãos, há a tentação de fazer a receita render ao máximo, mas o perigo é justamente comprometer a qualidade do produto nesse processo. Se isso ocorrer, a audiência não perdoará e mudará de canal. Assim, os roteiristas terão a árdua tarefa de manter o público interessado na sitcom, mesmo com a sua essência original dilacerada e sem muito o que acontecer, pois já fora dito pela equipe de criação que Leonard e Penny terão um “longo noivado” e o relacionamento de Sheldon e Amy não chegará às vias de fato tão cedo, ou seja, o casal de cientistas ficará durante um bom tempo dando aqueles alarmes falsos que já se quedam repetitivos. Mudanças por enquanto só o novo corte de cabelo de Penny, sua desistência da carreira de atriz para trabalhar no ramo farmacêutico e Sheldon sendo convocado para o corpo docente da universidade onde os quatro desenvolvem pesquisas. Claro que a audiência ditará o ritmo e reviravoltas mais agudas podem ocorrer se os índices caírem, esse é o tradicional procedimento da TV.
Mas ao que tudo indica, a primeira ordem é apostar na famosa “barriga” e continuar sem mexer no time que está ganhando (e de goleada). Os nerds fãs da fase inicial reclamam que a série se transformou em uma espécie de “Friends” e perdeu toda a graça lá pela quarta temporada; já o grande público parece aderir cada vez mais, e é nele que os responsáveis pela série parecem estar focando. Porém uma coisa é certa: haja imaginação para sustentar a criação de Chuck Lorre e Bill Prady por mais dois anos no ar.

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