Uma Boa Menina (Appropriate Behavior), de Desiree Akhavan, uma produção Estados Unidos/Reino Unido, relata uma fase difícil na vida da jovem Shirin, protagonizada pela própria Desiree Akhavan. Ela está em um momento de repensar sua vida profissional, é oriunda de uma família iraniana moradora do Brooklyn, tem um irmão comportado em um relacionamento que vai dar certo e é bissexual. O filme começa com o rompimento de Shirin com a namorada. Ela começa, então, uma tentativa de reconstruir sua vida amorosa e tem dificuldades de falar claramente sobre sua sexualidade com a família, talvez por perceber uma tácita rejeição à temática por parte de seus pais e irmão. Além disso, quer esquecer a ex-namorada e tenta a qualquer custo um novo amor. Shirin perambula por festas, encontros, eventos, exibindo um comportamento despojado e recalcitrante a qualquer timidez que a impeça de seduzir quem a interessa, seja por qual motivo for. O filme se pretende interessante e engraçado. De fato, na sessão em que assisti, arrancou risadas frequentes do público. A temática abordada parece estar estreitamente relacionada com a vida da diretora, que é, como a protagonista, oriunda de família iraniana. No seu caso, seus pais são imigrantes refugiados da Revolução Iraniana de 1979. Além disso, é cocriadora da web serie de temática gay The Slope e foi indicada como um dos 25 novos nomes do Cinema Independente pela revista Filmmaker, sendo esse seu primeiro longa-metragem. Entretanto, apesar das risadas arrancadas pela plateia, o filme não empolga. Os personagens não são suficientemente interessantes ou profundos (não precisariam ser tão profundos, mas que despertassem um pouquinho mais de interesse, ou que fossem mais convincentes em seus dilemas, conflitos, sofrimentos). O filme, que vai retratando o périplo difícil de Shirin entre suas tentativas confusas de se relacionar e os afetos que surgem a partir daí, acaba caindo em clichês que já foram vistos em tantos outros filmes, séries, animações. Desencontros amorosos e sexuais, além de uma dificultosa inserção identitária da protagonista (que se encontra a meio caminho entre a cultura iraniana, com a qual não se identifica, e a cultural ocidental americana, na qual tampouco se sente confortável) são temas polêmicos que poderiam por si só fazer o filme engrenar mas algo não acontece; poderia defini-lo como um filme sem sal. Nota 2
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