‘Filhos da Liberdade’ é primeira série de ficção dirigida por uma mulher negra no Rio Grande do Sul

Produção será exibida na TV Brasil

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Primeira série de ficção dirigida por uma mulher negra no Rio Grande do Sul, “Filhos da Liberdade” estreia nesta sexta-feira, 8 de Março, dia internacional da mulher, às 21h na TV Brasil. A trama também vai ser transmitida pela TVE-RS. Filmada na região metropolitana de Porto Alegre, a produção gira em torno da história de Amara (Laila Garroni), uma enfermeira mãe solo que tem sua vida transformada ao retornar ao Quilombo do Sopro, lugar onde nasceu e cresceu. Ali, ela precisará se reconectar com as suas raízes ancestrais para salvar a filha Keliane (Isa Xavier). Em meio a sua busca, Amara descobre que pode viajar no tempo, voltando ao ano exato em que o quilombo foi criado, pouco tempo após o Massacre dos Lanceiros Negros, no final da Revolução Farroupilha. Em sua jornada, Amara entenderá como passado, presente e futuro se entrelaçam criando injustiças, e também como desse mesmo entrelace ela poderá encontrar as ferramentas para emancipação do seu povo. 

Produzida pela produtora Colateral Filmes, “Filhos da Liberdade” é criada, escrita e dirigida por Mariani Ferreira e Fabrício Costa Cantanhede. A série foi financiada através do Fundo Setorial do Audiovisual, através do “Edital TVs Públicas”, do Governo Federal, concurso que chegou a ser suspenso durante o governo Bolsonaro, mas retomado por conta da mobilização de trabalhadores do setor audiovisual.

O elenco mistura nomes veteranos dos palcos e das telas com novos talentos. Laila Garroni, que protagoniza a série, faz sua estreia em séries de TV, depois de construir sua carreira em palcos de teatro no Brasil e nos Estados Unidos, onde trabalhou com cinema e teatro por 7 anos. A produção ainda conta com Kaya Rodrigues (“Necrópolis” e “Alce & Alice”), Claudia Barbot (“Contos do Amanhã”), Cássio Nascimento (“Tropa de Elite”) e Paula Souza (“Compro Likes”). O elenco principal ainda traz a veterana Vera Lopes, atriz pioneira do teatro gaúcho. “Fico honrada em abrir caminhos para novas gerações de realizadores que tornam possível para atrizes como eu viverem papéis como esse”, disse Vera nos bastidores da produção. 

A série também marca a estreia na TV dos dois diretores da produção, Mariani e Fabrício. “Foi um processo árduo e prazeroso. Árduo pois enfrentamos dias intensos de calor no meio de uma fazenda, que estava há quilômetros de Porto Alegre, onde a maioria da equipe morava. E prazerosa, pois foi nossa primeira direção de série, então as adversidades e desafios logo eram combatidos pela perseverança do que está por vir. Tudo era novidade, logo tudo era um desafio a ser conquistado. E essa inocência de ser estreante acaba por ser uma mola propulsora para seguir em frente independente dos problemas diários, e a buscar as soluções, pois o que importa no final é o que está indo para a tela, conta Fabrício.  

Mariani explica também que contar uma história passada no período da escravidão, sem explorar apenas os traumas da negritude, foi uma das prioridades dessa produção. “Nossos personagens foram vítimas da escravidão e seu legado, mas também foram os agentes da própria emancipação. Quando chegamos ao Quilombo do Sopro e entrelaçamos as linhas temporais, a ideia é entender a ancestralidade negra como uma ferramenta de resistência e luta. Nossa protagonista, que inicia a história afastada de suas raízes, mas consegue resistir ao seu opressor buscando força na sua negritude. O tempo se entrelaça para dar à Amara as ferramentas que ela precisa para vencer.”

Em 5 episódios, “Filhos da Liberdade” conta uma história sobre a busca por justiça. Uma luta que atravessa o tempo. “Quando lutamos para que pessoas negras conheçam suas histórias, para que pessoas negras se vejam representadas na tela, estamos criando uma conexão desse público com formas ancestrais de resistência e luta contra a opressão e o racismo que existem até hoje”, afirma Mariani.

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