Mad Men – A complexidade do homem em seu meio

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Mad Men foi uma grande jornada pessoal de um homem diante do emblema de seu tempo. E o alcance de sua representatividade – das mais sólidas dentro da tão alardeada “era de ouro da TV” – forjou comportamentos e discussões e assim, entrou para a história.

A combinação de um roteiro sem pressa para impor sua delicadeza ao destacar aspectos humanos de um tempo, com uma direção sofisticada e detalhada para além de figurativas  ambientações (o que foram aqueles figurinos?) resultaram numa obra de construção. Construção narrativa, construção de personagens, construção de uma sociedade americana nos extremos do “american way of life”.

Sua última temporada teve fim com o episódio “Person to Person”, que se inclinou para finalizar os arcos dramáticos de seus personagens principais. A primeira leva dessa temporada (os ótimos sete episódios exibidos no ano passado) já tinha dado uma planificada nos caminhos que o criador Matthew Weiner estava imaginando para selar a trajetória da série.

January Jones as Betty Francis, Jon Hamm as Don Draper, Elisabeth Moss as Peggy Olson, Vincent Kartheiser as Pete Campbell, Christina Hendricks as Joan Harris and John Slattery as Roger Sterling - Mad Men _ Season 7B, Gallery _ Photo Credit: Frank Ockenfels 3/AMC

Os sete últimos episódios, exibidos nesse ano, expuseram um Don Drapper (Jon Hamm) na urgência de sua busca por uma identidade. Ao mesmo tempo em que se reinventava, relativizava sua própria condição. O último episódio apresentou isso ao extremo. Weiner quase desanda sua receita ao fetichizar demais a confusão interna de seu protagonista. E esse episódio demonstra aqui e ali, um desacerto entre o passado e futuro – a forma como o final de Peggy (Elisabeth Moss) é apresentado é decepcionante.

Mas Mad Men, mais do que uma série de TV, é um universo. E um universo bem sucedido e implementado. Até por isso os bons momentos de seu último episódio foram fortes (basta lembrar de tudo o que relacionou à família de Don: o diálogo sintomático e dramático entre ele e sua ex-esposa Betty (January Jones) e última cena da mesma, simbolizando o porvir, através da filha). A busca de Don diz muito sobre seu lugar no mundo, da qual ajudou tanto a ilustrar como publicitário.

O final – em aberto – expõe essa ironia dos termos. Seria a vida uma ilustração cínica de seu tempo? Pelo jeito, a angústia de Don é a de todos nós… Mad Men vai deixar muita saudade!

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