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Os fins de “Desperate Housewives” justificaram seus inconstantes meios

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Oito anos, oito temporadas e apenas uma certeza: Desperate Housewives era um novelão travestido de série, muito ordinária, mas com personagens carismáticos e que, facilmente, ganhavam nossa afetividade (o que não exige muito juízo de valor, né?).

Desperate Housewives começou na chamada “era de ouro” da TV americana, sendo lançada na mesma temporada de pérolas como Lost, House, 24 Horas, The Office, dentre outros exemplares que primavam pela qualidade de texto e direção, em detrimento da infantilização cada vez mais frequente do cinema.

Marc Cherry, o criador, fazia uma hilária alegoria da sociedade americana através das quatro amigas, formatadas em suas personalidades, que habitavam uma emblemática região (Wisteria Lane) do subúrbio (que não tem nada a ver com o que entendemos de subúrbio no Brasil). Obviamente que toda graça e substância que dava a tônica da história original foram diluídas nessas oito longas temporadas (em média mais de 20 episódios por ano), que já na segunda, demonstrava sinais claros de não saber por onde seguir, o que só foi piorando nas temporadas seguintes. O desespero era tamanho que até um tornado passou por Wisteria, matando alguns personagens secundários, e um salto de cinco anos foi dado para redefinir os caminhos das protagonistas.

Com uma audiência que não era mais o sucesso do início (30 milhões de espectadores), mas que estava estabilizada há anos, mantendo os domingos da rede ABC em segurança; artisticamente, o programa não tinha muito para onde ir. O que mantinha o interesse naquele universo era absolutamente a força de suas protagonistas: Susan (Teri Hatcher), Bree (Marcia Cross), Lynette (Felicity Huffman) e Gabi (Eva Longoria), TODAS maravilhosas e plenamente vigorosas em suas personagens. Assim como os diálogos, que mesmo deitados numa narrativa redundante, mantinham a comicidade certeira e, por vezes, brilhante.

O último episódio foi rasteiro de uma forma geral, mas fechou bem as histórias das quatro amigas e o trauma do suicídio que dá o estopim de toda a série. A morte da coadjuvante mais carismática da série, Karen McCluskey (uma espécie de “Catifunda” dos EUA, vivida com grande talento pela atriz Katryn Joosten) deu um sentimento de perda maior, ainda mais pela morte real da atriz, também por câncer.

É por essa capacidade de conquistar nossa afinidade e estabelecer um habito quase latino de se fazer acompanhar que, mesmo capenga, a série vai deixar saudades…

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