Quarta temporada de “Homeland” se reinventa e ainda se legitima

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A quarta temporada de Homeland conseguiu a façanha de se reinventar dramaturgicamente. Na verdade, até mais do que isso. Essa temporada veio para deixar bem claro que sua história, mais até do que um estudo político (geocentrista?) sobre a ambiguidade, é, objetivamente, sobre as idiossincrasias de Carrie (a cada vez mais brilhante Claire Danes) em seu meio. E esse meio, espacialmente falando, é a política externa americana.

No decorrer das primeiras três temporadas, a série não foi ficando propriamente ruim. O que houve foi uma inversão de expectativas. Carrie, em seu abismo pessoal da bipolaridade, sempre representou o aspecto mais humano da série, e equilibrou bem a tensão de sua natureza de gênero (thriller) com a urgência temática do roteiro. Para tanto, é compreensível que seus roteiristas tenham investido em sua vulnerabilidade emocional (no criticado segundo ano) e na radicalização narrativa (terceiro ano).

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Tudo isso foi responsável por um quarto ano dinâmico, sem barrigas e numa linha evolutiva do contexto que só sublinhou a importância de Carrie para Homeland, com toda sua incoerência. Essa temporada posicionou ainda mais Saul (o subestimado Mandy Patinkin) na configuração da narrativa (rendendo os episódios mais tensos) e a relação cada vez mais íntima (e dramática nos últimos episódios) de Quinn (Rupert Friend, numa espécie de “substituição” valiosíssimo do Brody de Damien Lewis), comprovou a habilidade da série em construir bem seus personagens.

Continua não valendo a pena – pelo receio de estragar a surpresa que é acompanhar a série desde sempre – falar muito sobre a história. Só vale ressaltar que Homeland continua sendo a série brilhante e pungente que sempre foi.

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