Quartas de Sangue e Riso #7 – The Pacific Pt. VI

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O artigo contém SPOILERS para quem não assistiu à The Pacific Pt. VI. The Big Bang Theory e Two and a Half Men voltam só no dia 11 de maio.

Em The Pacific, o inimigo é tão estranho e desconhecido para os soldados no campo de batalha, como para o telespectador atrás da TV. Os japoneses não aparecem. Não sabemos de seus movimentos, não temos noção de seus planos. O espectador se põe entre os próprios fuzileiros, sofrendo junto a eles.

Esta parte VI dá seguimento à invasão ao Peleliu. Os narradores, veteranos de guerra e os verdadeiros combatentes que estão sendo representadas pelos personagens na série, começam contando sobre o segundo dia da incursão à ilha, apontando as dificuldades geográficas e climáticas; como os 43ºC constantes e inacessibilidade do reabastecimento de suprimentos às tropas, principalmente a falta de água. Os soldados além de estarem invadindo um território hostil, conhecido pelo inimigo, já não possuem condições de saúde para continuarem o fazendo com qualidade. O que acontece, então? Mortes, muitas delas como nunca antes foi mostrado.

Foi um capítulo bem direto. O objetivo das tropas americanas era tomar a pista de pouso e decolagem da ilha, localizada próxima às Filipinas, para então começarem uma investida maior aos domínios japoneses. Sidney Phillips, que recebera Eugene Sledge no episódio anterior, retornou aos EUA e logo aos primeiros minutos fez uma visita à família de Sledge, trazendo um pouco de informação para os pais do rapaz e, por consequência, um tanto de conforto em saber que o filho é membro da topa de morteiros e, portanto, neste caso, sua posição na linha de combate é um pouco mais, digamos… “segura” que o restante. A única passagem em território americano é justamente estas cenas que compreendem a conversa do veterano com os pais de Sledge. O prenúncio de um episódio mais calmo termina na cena seguinte. Vemos-nos em meio à guerra, diante de soldados exaustos e sequiosos. Em aspectos técnicos, a mini-série está melhor que nunca. Existem não menos que 25 minutos de explosões seguidas neste episódio, e os responsáveis pelos efeitos sonoros conseguiram realizar um trabalho digno de Oscar. Conseguimos perceber perfeitamente a profundidade do local das explosões, diferenciando apenas pelo som, se o estouro aconteceu ao fundo ou mais próximo do personagem em questão. Os movimentos de câmera que captam o caminhar desesperado dos soldados em meio aos estampidos sucessivos, somados à fotografia, estão magníficos. Há de se apontar também, especificamente, o formidável trabalho da direção de arte de The Pacific. O figurino, com alguns uniformes mais sujos e respingados de sangue que outros, e a maquiagem, nos passam a real mensagem do terror que os Marines viveram nesta guerra. Os lábios ressecados dos combatentes fazem com que o próprio espectador fique com sede dado o tamanho do realismo. Sinceramente, acompanhei este episódio junto a uma garrafa d’água!

Eu disse que houve mortes, sim. Nesta tentativa de penetração e tomada da ilha de Peleliu, muitos fuzileiros acabaram mortos e feridos. E um dos que ganharam uma passagem para casa foi Robert Leckie, que após uma busca por médico e equipamento de rádio (que por sinal, estavam todos inoperantes), escoriou-se devido aos destroços de uma bomba que atingiu um local próximo onde estava. Com isso, foi levado a um “centro hospitalar” no interior do navio que lhe levaria de volta à pátria. Aparentemente, seguiremos a partir de agora com a tropa de Sledge. Vemos algumas ações um tanto quanto humanitárias e, ao mesmo tempo, contraditórias. Em dois pontos: O primeiro quando um blindado não quis levar os feridos de volta à praia, e dois soldados obrigam os companheiros no interior do veículo a fazê-lo. E em outra cena, quando um soldado ruge de dor durante a noite, e põe em risco a posição de toda a tropa. Seus companheiros o matam. Os dois acontecimentos mostram um contraponto entre o senso de auto-preservação, e o sentimento de solidariedade para com o próximo.

O episódio meio que termina em uma indeterminação. Como os fuzileiros não conseguem avançar, há então uma tentativa de contato com o comando para que os objetivos se modifiquem temporariamente. Infelizmente não sabemos se tal investida teve sucesso. A última cena nos mostra Leckie e seu companheiro a bordo do navio, a caminho de casa. Fim de guerra para eles.

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