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Trash e inverossímil, “Revenge” é uma boa e paradoxal surpresa da temporada

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Se fizermos um retrospecto da teledramaturgia da TV aberta norte-americana hoje, facilmente perceberemos que a chamada “era de ouro” de 2004 não existe mais. As séries estão cada vez mais superficiais e oportunistas em suas propostas. É tal de genérico de sucessos, remake do passado e reinterpretações de conceitos que, invariavelmente, não tem representado nada de novo ou representativo.

Da leva da (fraquíssima) última temporada de lançamentos, um grande destaque foi Revenge. A série tem um argumento batidíssimo e já muito usado por novelas pelo mundo. Inclusive estamos vendo o (merecido) sucesso da novela das nove, Avenida Brasil, onde a trama é bem parecida: uma protagonista que volta a um meio representativo do seu passado para vingar a morte de seu pai.

Demorei muito a assistir Revenge por achar tudo muito previsível, mesmo sem assistir. Até que comecei a perceber que a trama gerava muito burburinho nas redes sociais e na crítica especializada. Dei uma chance e viciei. Basicamente, é tudo muito exagerado, melodramático e inverossímil. A mocinha faz mesmo o biótipo de “a vingadora”, a vilã (mesmo sendo Madeleine Stowe) impõe-se com caras e bocas, e as situações são gritantemente forçadas. Porém, é inegável que o roteiro trata de seus clichês de forma séria e isso acaba garantindo sua solidez. Tudo é bem amarrado, mesmo nas vezes em que as situações para isso sejam frágeis, o que confere a narrativa uma tensão constante e um desejo (no espectador) de querer ir acompanhando o desenrolar de todo aquele novelo.

Partindo da premissa principal, os episódios foram destrinchando a vingança de Emily Thorne aos diversos personagens opressores de seu passado e, se num primeiro momento a trama foi caindo na previsibilidade episódica, logo conseguiu manter sua rigidez narrativa, concentrando sua história basicamente nas conseqüências dessa escalada principal, o que se comprovou ser o rumo mais acertado.

Os ingredientes ali são todos os que formaram nossa visão televisiva com as melhores novelas (como as ótimas de Gilberto Braga), principalmente das décadas de 80 e 90. Mas é claro que a habilidade americana (assim como certo frescor) transformou a noção do melodrama num amontoado tecnológico (muito presente na série) bizarramente eficiente.

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