Em março, John Wick começou uma discussão sobre Equilíbrio de Regras que criou polêmica entre os jogadores de RPG do mundo todo, particularmente dos jogadores de Dungeons & Dragons. Em qualquer fórum que exista um link para esta postagem, com certeza o número de respostas transcedeu 10 páginas em poucos dias. Muitos dizendo que não se pode generalizar, outros dizendo que ele fugiu totalmente do assunto de maneira pretenciosa, outros dizendo que ele nunca foi de fato autor principal de qualquer coisa (apenas escreveu material adicional, ou opinou, ou conhecia alguém que estava no projeto) e por isso ficou revoltado com o “pré-sucesso” do D&D quarta edição.
Estou deixando aqui uma humilde tradução para trazer esta discussão ao Ambrosia. O Dungeons & Dragons Quarta Edição é mesmo um RPG? O equilíbrio de regras é somente voltado a números, probabilidades e combate? A interpretação é tão importante assim para que um jogo seja classificado como RPG?
Semana que vêm, lhes darei minhas considerações quanto ao assunto. Segue a tradução:
Ouvindo as pessoas falarem sobre a quarta edição do D&D, Eu ouço muito uma questão: balancear as classes.
Eu sei que o guerreiro vai causar mais dano de frente enquanto o ladrão (não direi “ladino”) causa mais dano na retaguarda, enquanto um usuário de magia causa a maior quantidade de dano à distância e blá, blá, blá.
Eu me contento em saber que a nova equipe de design do D&D está finalmente se assumindo. D&D não é um roleplaying game; é um jogo de tabuleiro muito sofisticado. Isso é meio paradoxal porque o D&D é o primeiro roleplaying game. Ainda assim, não é um roleplaying game. É como ser seu próprio avô, isto requer um pouco de explicação.
Eu andei pensando bastante quanto a questão do “o que é um RPG?”. Pensando da mesma forma que Scott McCloud pensou “O que são quadrinhos” na sua absolutamente brilhante obra, Desvendando Quadrinhos. Eu tenho pensado nisso porque tem algo no novo D&D que eu achei meio estranho.
Eu acho que é importante notar que qualquer jogo pode se tornar um RPG. Você pode fazer o xadrez virar um RPG ao nomear o seu Rei e lhe dar um diálogo interno. Você pode fazer o Jogo da Vida virar um RPG do mesmo jeito. De fato, você pode fazer qualquer jogo de tabuleiro virar um RPG nesse sentido. Mas pra isso você precisa adicionar algo. Você tem que adicionar um personagem e suas motivações.
Eu também acredito que deve haver um outro elemento. O “personagem” deve fazer suas escolhas baseado em motivações pessoais ao em vez de vantagem estratégica ou tática. Este é o fator “Meu Personagem Não Faria Isso”. O movimento correto no xadrez pode ser Peão da Rainha para Peão Quatro, mas e se o Rei decidir, “Eu quero proteger minha Rainha mais do que eu quero proteger meu Bispo, mesmo que o movimento certo seja proteger meu Bispo” então temos um RPG.
Não é que você seja idiota. Você poderia fazer todos os movimentos certos. Mas se você ativamente considerar primeiro as motivações e desejos do seu personagem, então eu acho que você conseguiu chegar naquilo que estamos falando.
Mas um jogo como xadrez, não lhe retribui por tomar decisões que não o levam diretamente ou indiretamente até a vitória. De fato, nenhum jogo de tabuleiro o faz. É isso que diferencia um jogo de tabuleiro de um RPG, ao meu ver. Um jogo de tabuleiro retribui jogadores que tomam decisões que os levam à vitória. Um RPG retribui o jogador por tomar decisões que são consistentes com seu personagem.
Assim como, a maioria dos jogos de tabuleiro não possuem um senso de narrativa: uma história construtiva. Agora, por favor notem que eu disse “maioria.” Alguns jogos de tabuleiro com certeza o tem. E eu não estou falando de uma história de uma maneira abstrata que está aberta a interpretação. Eu quero dizer uma história real completa com tudo que esperamos de histórias. Trama, narrativa, exposição, a traição do terceiro ato. Ou seja, o conjunto da obra.
Agora, alguns jogos de tabuleiro possuem um senso de narrativa, mas o jogadores não são premiados por mover a narrativa em diante. Por outro lado, a idéia de um roleplaying game é fazer justamente isso: mover a narrativa para adiante. Ele tem mecânicas que ajudam os jogadores a fazer apenas isso.
Portanto… “Um roleplaying game é um jogo no qual os jogadores são premiados por tomar decisões que são consistentes com as motivações do personagem ou que avançam a trama da história.”
(Neste ponto, Eu antecipo, aos Leitores Fieis, apontar que esta não é a definição que a maioria das pessoas entendem como RPG. Eu preemptarei esta réplica ao lhes perguntar como a maioria dos norte-americanos usam errado “Eu (não) poderia me importar menos,” entendem errado a evolução, e pronunciam errado a palavra “nuclear.” Incluindo o homem sentado na Casa Branca que consegue fuder as três coisas.)
Esta é uma definição em progresso. Longe de estar completa e eu não estou totalmente contente com ela, mas é um bom começo. Note a distinta falta de miniaturas ou dados como necessidade para jogar um RPG. Alguns RPGs usam miniaturas e alguns usam dados. Nem todos. A grande questão é: “Você pode jogar RPG sem dados e/ou miniaturas?” Minha resposta é, “Sim. Eu jogo. E tenho jogado assim por vinte anos.”
(Neste ponto que me lembro como um certo indivíduo muito importante para a origem do RPG me disse – na minha cara – que eu não estava jogando RPG algum, mas que eu era apenas um “aspirante a ator da comunidade teatral.” Mas não deveremos falar mau dos mortos.)
Dados, mapas e miniaturas não são necessários para jogar roleplaying games. (Sim, Matt. Estou usando a palavra nesse sentido.) Alguns jogadores os preferem, mas outros não. Também não é necessário jogar sem eles. Eles melhoram a experiência? Sim, ele podem. Eles também podem piorar a experiência, inibindo-a ou limitando-a. Mas não são necessários.
O que eu sinto que é essencial para um RPG – o que definie um RPG – é que os jogadores tomem papeis de personagens num jogo que tem mecânicas que habilitam e premiam as escolhas do personagem. Isso é um RPG.
E com essa definição em mente, eu olho pro que o D&D 4 vai se parecer e chego a conclusão: não será um RPG.
Você pode fazer ele virar um RPG, mas para isso, você terá que adicionar elementos que não existem nas regras. Se você jogar o jogo pela regras, não é um RPG.
D&D tem mecânicas para lhe retribuir ao tomar as melhores escolhas estratégicas ou táticas, mas ele não tem mecânicas que ajudam o jogador a mover a trama em diante. Ele tem mecânicas para movimento, dano, cura e tudo que a Talisman faz, mas não retribui um personagem por tomar decisões que não são focadas em ganhar o jogo.
No final de Indiana Jones e o Templo da Perdição, Indy desiste da “glória e do tesouro” para curar o vilarejo. Ele entrega a pedra mágica para o velho, completando aquela transformação de pilantra egoísta e cobicioso, no herói que conhecemos do primeiro filme.
No D&D4, não há vantagem na escolha de desistir do tesouro. Porra, no D&D3 também não há razão mecânica pra ele fazer isso. Nenhuma razão estratégica ou tática. Ele deveria levar a pedra mágica, adicioná-la ao seu atual acervo de tesouros magicos, e proseguir para a próxima aventura. Da mesma forma, ele não deveria devolver a Arca Perdida para o governo dos EUA e ele não deveria ter parado pra curar o seu pai. Ele deveria ter corrido daquele templo o mais rápido que seus pézinhos o poderiam carregar e vender a taça de Cristo. Essa é a única maneira de ganhar pontos de experiência. Essa é a única maneira de “ganhar.”
É assim que se ganha no D&D. Mais tesouro pra matar monstros maiores pra conseguir maiores tesouros.
O que me leva ao motivo desta postagem em primeiro lugar. Equilíbrio das Regras.
D&D3 se obsecava com obter o equilíbrio das regras. O fato dos atributos serem gerados aleatóriamente demonstra a Grande e Massiva Falha que isto é. (Se somarmos nossos atributos e você tiver um ponto acima do meu, nossos personagens são desbalanceados.) Que tipo de dano pode um guerreiro causar antes dele cair, que tipo de dano pode um mago causar antes dele cair, que tipo de dano pode um ladrão causar antes dele cair… Todas estas questões estão fugindo do assunto. Especialmente num roleplaying game. Cuidar dos sintomas, mas não da doença. Cortar os galhos em vez das raizes.
“Equilíbrio de regras” num RPG não se resume em pontos de vida, classe de armadura, dano, níveis, talentos, perícias, qualquer coisa do gênero. Equilíbrio das Regras num RPG se resume em uma pergunta: “Cada personagem está cumprindo seu papel na história?”
D&D define este problema numa tática simplística. O guerreiro luta, o ladrão rouba, o clérigo cura e o mago é artilharia. Tenha certeza de que o papel de cada personagem – como assim o D&D o vê – está preenchido.
Mas e quanto a motivação? Quanto aos riscos pessoais? Deixe-me lhe mostrar o que eu quero dizer.
Uma de minhas aventuras na RPGA (espécie de play-by-post famoso nos EUA) envolvia um ladrão de primeiro nível. Ele era o filho de um taverneiro que se endividou em apostas. Meu personagem aprendeu como ser um ladrão porque ele era o segurança da taverna. Ele sabia roubar bolsos porque ele precisava avistar essa atividade. Ele sabia como se esconder nas sombras para ficar fora de visão. E ele sabia como atacar furtivamente alguém porque ele precisava se mover até um arruaceiro e acertá-lo com força para nocauteá-lo sem começar uma briga. Esse era meu ladrão.
(Eu deveria notar que o jogo em sí não demanda que eu faça qualquer coisa do tipo. Não existe regra ou mecânica que o requer e não há regra nem mecânica que me retribui por isso.)
Fui na aventura com o meu ladrãozinho. Enquanto caminhavamos, Eu conversava com os outros personagens. Eu era falador. Eles me puniam por atrasar a aventurar. Não o meu personagem, mas eu. Eles me puniam por interpretar. Obviamente, eu estava no jogo errado.
Matamos alguns kobolds bandidos, juntamos um pouco de tesouro. Os outros jogadores não jogavam bem como um grupo (apesar das minhas sugestões) e discutiam e brigavam o tempo todo.
Enquanto isso, Eu roubava o máximo que eu podia. Quando eu achava algo sozinho, eu guardava. Eu ia salvar a taverna do meu pai e não importava quem estivesse no meu caminho. De novo, atuando como personagem mas contra a meta do grupo que era compartilhar o tesouro. Na mente de Tav (seu nome era Tav), estas pessoas o contrataram para fazer um trabalho. Eles eram rudes com ele e não se manifestavam em protegê-lo.
No final da aventura, eu tinha um montão de prata, ouro e tesouro. Eu até mesmo consegui uma espada curta +1. O guerreiro não a queria. E quando a aventura acabou, eu disse, “Me aposento!”
Eles todos me olharam incrédulos. Eu os relembrei que a única razão de fazer isto era para salvar a taverna de meu pai. Me consegui um monte de ouro e uma espada mágica que valia milhares de peças de ouro. Eu estava com a vida ganha. Um camponês vê uma peça de ouro por ano e eu consegui milhares. Pra mim, estava acabado. Completei meu papel.
Agora, minha história sobre Tav me ajuda ilustrar várias coisas. Quase todas as escolhas que fiz com ele foram baseadas em minha história passada – até o ponto de sua aposentadoria. Todas as escolhas foram baseadas em coisas que não estavam na minha ficha de personagem. As coisas que, até onde eu sei, são as mais importantes sobre o personagem.
Equilíbrio de Regras não é quanto aos pontos de vida, classe de armadura ou magias por dia ou qualquer coisa do tipo. Equilíbrio de regras é ajudar o jogador a contar a história de seu personagem de tal maneira que ele não ofusque os outros personagens. Mecânicas que premiam e ajudam os jogadores a fazer só isso.
Pelo menos, é assim que eu vejo.
E eu ainda não estou inteiramente contente com a definição.
Fonte: Wicked Thought’s Journal
D&D 4.0 pode não ser RPG, mas Magic é, hahaha !!! [Piada Interna]
Hahahahahaha boa Lam, vamos mudar a categoria
Concordo em parte com o artigo, Concorto 100% com a parte da interpretacao, mas tenho q admitir que regras balanceadas de batalha, etc permite que um jogador escolha qq personagem sem aquele pensamento que as vezes assola muitos iniciantes: “sera que este personagem vai ajudar, ou vai ser so mais um peso?”.
Com regras balanceadas para classes, etc, o jogador pode escolher liivremente o personagem sem entrar em detalhes de que personagem e “mais poderoso ou mais forte”; e sim em “qual eu me identifico mais”.
D&D e conhecido por todos como nao sendo um RPG q presa muito interpretacao, mas isso e muito perticula de jogadores e mestres. Ja joguei aventuras otimas em D&D, onde interprtacao era essencial, e aventuras nao muito desafiadoras em storytelling, onde o a valia era porrada.
Em suma, acho que a critica dele nao deveria ser voltada ao JOGO em si, mas nos JOGADORES que transformam D&D em um jogo de Matar Pilhar e Destruir, onde miniaturas e regras bizarras sao utilizadas para definir a melhor estrategia de fazer isso!
abs D.
Enfim, o XP é o que importa, hahaha !!!
Bem…
Como defensor do D&D eu vou me pronunciar.
Eu ate concordo com o que vocês acham q não vale como RPG, q o jogo não incentiva a narrativa, e todo o resto.
Contudo, na minha humilde cabeça, ele é, e talvez sempre vá ser, RPG pois não há nenhuma única vez na qual eu me sente numa mesa de D&D e monte um personagem sem q ele tenha um “Nome”
“Nome” no sentido de personalidade, de conteúdo, de vida. É muito verdade também que por algumas vezes percebi q essa ideologia é só minha, nem sempre compartilhada por todos, o que me entristece muito, pois eu gosto muito da ambientação e do sistema.
Outro ponto é q eu cresci jogando Final Fantasy, Breath of Fire, Chrono Trigger, q são considerados ícones entre os RPGs de videogame. D&D me permite fazer o que eu jogava nos antigos consoles e continuo jogando nos de ultima geração. Personagens q começam fracos e no final estão salvando o mundo de forma heróica. Eu acho isso divertidíssimo. E assim como os jogos de Square (produtora dos jogos sitados acima) são classificados com RPG porque o D&D não pode?
E com relação ao D&D 4.0 eu não sei se vai ser bom ou ruim, acredito que ser tão divertido quanto o 3.5, mas isso tudo vai depender principalmente do Mestre e dos jogadores, muito mais do que o sistema, a única coisa q o sistema esta fazendo é deixando as classes mais iguais, o que não é necessariamente ruim. O GURPS é assim o new WoD é assim, porque só o D&D sofre preconceito.
Eu por experiência própria sei que não se precisa de um sistema bom para se jogar uma boa campanha. Uma de minhas mais memoráveis aventuras aconteceu há uns 14 anos atrás na casa de um grande amigo meu, com regras inventadas por nos, e sem nunca termos jogado, direito, um sistema conhecido como D&D GURPS ou storytelling. E isso porque interpretamos nossos personagens e interagimos com a historia como um RPG deve ser, e acredite ou não nossas regras eram porrada pura sem nenhum detalhe a interpretação.
Em resumo a essa narrativa, inspirada pelo post do Duda. Eu acho q D&D é, e pra mim talvez sempre será, um jogo de RPG ambientado num mundo de fantasia, onde a graça é ser herói e salvar o mundo. Tudo isso é claro dentro das aspirações e ambições de meus, quem me conhece sabe q eles são, perturbados e intrigantes personagens.
Abraços
Post em homenagem a Konami e Peron
Já que o Pedro conversou comigo sobre isso agora, eu fiquei com vontade me pronunciar.
O que o John Wick quis dizer é que D&D não poderia ser classificado como RPG porque o sistema não cobre interpretação em nenhum dos seus três livros básicos de 300 páginas cada um. Da mesma forma que xadrez também não.
Mas assim como o Pedro, quando eu jogo D&D, estou jogando RPG. Só que nós estamos indo além da proposta do sistema, da mesma forma que estaríamos fazendo ao interpretar no xadrez.
Mas o fato de você ter o poder de transformar D&D em RPG não significa que D&D se enquadre na categoria RPG, da mesma forma que você interpretar no xadrez não vai convencer ninguém a considerar xadrez um RPG.
Pense que os jogos tem que ficar numa certa seção de uma loja. Essa seção é definida pela proposta do jogo, e não pelo que as pessoas fazem do jogo. Xadrez não entraria na seção de RPG só porque um grupo interpreta no xadrez. Assim como Vampiro não entraria na seção de jogos de tabuleiro só porque um grupo joga “matando, pilhando e destruindo”. Então D&D não deveria ficar na seção de RPG, por mais que alguns alguns jogadores o usem dessa forma.
Um jogo se define pela proposta dele. O que você faz dele é outra história.
André… falou tudo…
A única certeza que eu tenho é o seguinte: quem considera que ‘game balance’ e interpretação são completamente irreconciliáveis se perdeu em algum ponto do caminho na evolução dos RPGs.
No caso deste artigo, o cara passa longe de um ponto essencial na metáfora do xadrez e na lógica do “meu personagem não faria isso”: as vantagens estratégicas existem na vida real. Os EUA perderam a guerra do Vietnã por N fatores, entre eles, a vantagem de familiaridade com o terreno selvagem que os vietcongues tinham. Se você reproduz isso de maneira balanceada em um RPG, onde que isso atrapalha na interpretação de um personagem vietcongue? Em nada.
Ou seja, as considerações estratégicas só atrapalham quando os envolvidos – os jogadores – escolhem pô-las “na frente dos bois”. E, aí, se trata também de uma escolha do grupo. Eu, tu e o John Wick podemos considerar que isso que este grupo está jogando não é mais um RPG, mas o fato não pode ser posto na conta dos livros básicos oferecerem as opções e se preocuparem que elas sejam balanceadas.
Estou impressionado com a quantidade de opiniões fortes e de qualidade que este artigo gerou. 😀
Antes de mais nada quero deixar claro aqui q eu acho o John Wick, um seboso, presunçoso, escroto de marca maior (e sim um total wanna be famous actor). Mas ainda assim coloquei aqui um argumento dele que chama no mínimo a atenção.
Bem , esse assunto é complicado , principalmente porque rpgista é ” bairrista ” quanto ao seu sistema preferido e tende a colocá-lo como ponto central acerca de tudo que diz respeito ao RPG.
Mas a coisa não é bem assim .
D&d é um jogo acima de tudo competitivo , esta é a razão para a busca no equilíbrio nas regras ( deixando de lado o foco no realismo ) , mas em absoluto isso o desqualifica como RPG . muito pelo contrário . pois se levarmos em consideração que o sistema de rpg deve beneficiar o ato de interpretar incondicionalmente vamos chegar a conclusão que a dupla d&d/wod nao pode ser caracterizada como RPG ! pois o ato da interpretaçao nao é o cerne para a obtenção de experiência !
( regra por regra um vampiro que nao interprete absolutamente nada mas que tenha um comportamento ” heróico ” e sobreviva pode ser tão bem recompensado quanto um personagem densamente interpretado ).
Logo , bairrismos de lado , o sistema tem sua parcela de importancia no ato da interpretação e normalmente direciona o ” estilo ” da campanha , porem o grande cerne é a forma como as regras sao encaradas , que variam de acordo com a proposta do grupo de jogo , criando um “comum acordo ” ( ou não ) entre mestre/jogadores .
P.s . * modo bairrista ON * quer jogar um sistema totalmente voltado para o realismo / interpretação ? jogue GURPS !!
P.s 2 . precisava falar isso .
Bandit, você está um pouco perdido na comparação com o wod. Ao contrário do D&D todas as mecânicas como a moralidade e as degenerações estão voltadas a uma interiorização do personagem. Ademais se você pegar o livro de regras você vai ver, ná página 216 do básico. Não importa se você bateu em alguém ou completou uma quest relevante, isto está tudo no um ponto pela participação na crônica, se seu personagem se sobressaiu heroicamente ele ganha mais um. A interpretação do seu personagem dá mais um ou dois pontos (ou seja o porradeiro que não interpreta provavelmente só ganhou um ponto enquanto o roleplayer ganhou 3) e por fim, você ganha mais um ponto se justificar um aspecto específico que seu personagem tenha aprendido, que também exige um grau de imersão no mesmo. Então sua afirmação está errada, um personagem desses vai ter provavelmente menos três pontos que um cara que atue. Mais uma vez te pergunto onde você jogava vampiro. Na verdade a única mesa de vampiro que você esteve comigo foi puro roleplay, e não me lembro de ter ocorrido qualquer incidente nela…
“P.s . * modo bairrista ON * quer jogar um sistema totalmente voltado para o realismo / interpretação ? jogue GURPS !!
P.s 2 . precisava falar isso”
Isso foi baixo, verdadeiro, mas baixo, esse tipo de coisa não se fala
“D&D não é um roleplaying game. é um jogo de tabuleiro muito sofisticado.”
eu juro que numca vou entender esses caras, derrepente algo que conhecemos de uma forma já não… bah… pessoal, alguem por favor me informe quando chega o d&d4 aqui pela devir, meu e-mail:
dragar123@gmail.com
Eu concordo com oq ele falou sobre oq é um rpg… sobre a interpretação d um personagem e tudo mais
Mas qualquer sistema pode fugir disso!!
Qm faz o rpg, são os jogadores… Não importa se é D&D, Vampiro, Gurps ou 3D&T!! Todos esses sistemas podem ser muito bons ou muito estragados (sim!! 3D&T pode ser mto bom!!)
Sim. O nWoD premia com XP muito mais jogadores interpretativos.
Além disso leve em consideração a força de vontade que traz benefícios ao jogador e cuja recuperação está totalmente ligada a interpretação.
Leve em consideração que o sistema vício/virtude assim como seu antecessor natureza/comportamento está exigindo um mínimo de definição da personalidade do personagem que não é exigido em D&D(é claro que vc pode considerar a tendência esse mínimo, mas para mim isso é tão amplo que não serve para quase nada)
Isso tudo são regras, além da degeneração que já foi citada.
Isso é sistema, não acréscimo do grupo. Conheço mestres de D&D que teriam premiado o Tev por ter agido de acordo com o prelúdio. Conheço mesas de vampiro Hack’n’slash.
Mas voltando ao que o André disse, o texto fala sobre a proposta do jogo, e não o que os grupos fazem dele.
Agora, quanto ao GURPS… a parte do realismo tudo bem, mas a da intrpretação…
Certo, as peculiaridades rendem pontos de personagem, mas elas não dizem muito sobre ele. são hábitos, não sonhos, ideais, motivações. não fala sobre sua ética (aliás acho que código de honra é uma desvantagem, não?) não fala sobre sua relação maneira se ser no mundo.
Tá certo que acho os testes de reação geniais, e suprem perfeitamente a ausência de um atributo carisma, mas a criação de personagem não me parece voltada para isso.
Agora, quanto ao XP, não me pergunte que é uma parte do sistma que não conheço.
É impressionante como as pessoas são “bairristas”…
RPG é um jogo de “interpretação de papéis” e no outro post eu descrevo o que é (segundo o dicionário) interpretação, o “de papéis” eu acredito que ninguém tenha dúvida.
Qualquer coisa que fuja da definição do dicionário, que vem segundo a norma culta, pra mim é “bairrismo”
Abçs
Ótima matéria!! Caramba! É esse tipo de opinião que nos faz lembrar que ser bonzinho com todo mundo o tempo todo anula muitos pontos de vista! Que a verdade seja dita!
Meu ponto de vista a respeito do D&D4… os personagens DEVEM ter como objetivos ficar poderoso, ganhar nível, dinheiro e itens. Se não for assim uma hora ou outra vc vai se frustar! E não se trata nem do jogador, e sim do personagem mesmo! Se a personalidade dele for diferente disso, ele será passado pra trás rapidamente, além de perder sua função para o grupo. Esse é o sistema….
É natural que o D&D se assemelhe aos wargames pois é de lá que ele veio. Da mesma forma que WoD veio muito mais da literatura, e por isso da ênfase a se construir uma TRAMA. Cada sistema RECOMPENSA por agir de uma maneira.
jogar vampiro pode ser frustrante se vc gosta mais da emoção do jogo de dados e de conquistar poder e heroísmos, do que da parte interpretativa.
Cada jogador tem seu estilo preferido, e cada sistema é voltado pra um ou outro estilo. E D&D tem vendido muito mais regras DE COMBATE do que cenários, nada mais lógico do que criar um sistema que de ultra-importância a regras DE COMBATE.
Antes de conhecer D&D, eu tinha a idéia errada de que os monges cultuavam a paz…
A interpretação não deve partir do livro de regras, nem tampouco do grupo, mas do jogador. Se ele não quiser interpretar, ele não interpreta!
E, quanto à questão de premiar a defesa de seus ideais e etc, isso certamente cabe ao mestre! Criar uma tabela de premiação em XP (defender seus preceitos: n XP; ir contra os princípios de sua divindade: menos y XP), ISSO SIM seria mecanizar demais o jogo.
Acho que esse cara que tá falando que o D&D perdeu a interpretação é um grande idiota preguiçoso, que quer tudo de graça, que precisa de que alguém venha e fale: “você precisa de uma interpretação”; alguém que precisa de um incentivo ridículo e insignificante para coisas que ele deveria saber fazer sozinho!
Veja, o senhor John Wick disse que D&D 4 não fornece qualquer recompensa, regra ou auxilio para que os metres e jogadores se utilizem mais da interpretação, sendo assim que, por isso, o mesmo não considera que essas novas regras se encaixem no estilo RPG, uma vez que em sua opinião para que algo seja RPG é necessário oferecer algo que incentive o jogador a interpretar, caso que não se aplica a D&D já faz algum tempo.
Pode-se sim transformar D&D em um jogo interpretativo assim como no xadrez ou jogo da vida, porém isso exige um esforço dos jogadores e do mestre.
Sendo assim se levarmos em considerção as regras expostas pelo novo livro de D&D sem intervenção de nenhum jogador ou mestre, estas não se encaixariam no padrão que diz que RPG é um jogo interpretavivo (uma das opiniões sobre RPG), classificando assim D&D como um jogo de tabuleiro.
Mais do que claro que existem pessoas que não pensam assim e crêem que não é necessário interpretação para que haja RPG sendo assim estes classificariam D&D como rpg simplesmente pelo fato de ser um jogo onde se preenche uma ficha e sai por ai com sua ficha matando monstros, descobrindo coisas e pilhando tesouros, fazendo assim com que RPG chegue ao mesmo patamar de MMORPG.
Agora a discução seria o que é RPG?
Bem atrasado, mas ainda assim…
D&D é, primordialmente, Hack&Slash e Dungeon Crawler? Sim.
Ele dá um suporte grande para interpretação? Não.
Mas daí a desclassificá-lo de RPG é um pusta exagero e, no meu ponto de vista, um belo preconceito.
1º – dizer que só é um RPG aquele que premia a interpretação e objetivos pessoais é uma definição feita pra excluir D&D. Achei um pulo de lógica tremendo em como ele chegou a essa definição , como se a narrativa SÓ se movimentasse se houvesse uma recompensa por ela.
2º – Quem LER o PH e o DMG vê que existe colocações sobre representação e narração, pode não ser muita coisa, mas tá lá.
No fim, esse depoimento dele me parece mais “vamos desclassificar o D&D como RPG” do que “o que seria RPG e quais jogos podem ou não ser considerados como tal?”
Gostei bastante do texto, os argumentos do John Wick são bem apresentados e tudo mais. Contudo, discordo dele ao afirmar que RPG é basicamente desenvolvimento de uma trama. Isso TAMBÉM é RPG, mas não cefine com propriedade.
Aliás, o próprio autor diz que o seu conceito não é completo. E diante disso é que fica minha discordância. É que o RPG não tem uma forma específica, mas também não é tão genérico. RPG é sim composto por dados, livros, fichas e miniaturas, não num rol taxativo, obviamente.
Dessa forma, não há como se falar em RPG no xadrez, por exemplo. RPG exige, sim, alguma formalidade para se constituir. São necessárias regras, jogadas, testes, etc.
Outra diferença é a presença do mestre. Só no RPG existe o criador do mundo de jogo, acima das regras, delimitando-as e interpretando-as.
Por fim, sabe-se que o D&D é o criador do RPG, e portanto, nada pode ser mais RPG do que D&D. Se existirem muitas diferenças, creio que são os outros jogos que sejam divergentes ao gênero.
Saudações!
Vi essa postagem um pouco atrasado, e gostaria de levá-la para meu blog também. Peço permissão de transcreve-la, dando os devidos créditos ao Ambrosia (que já está em meu blogroll faz um tempinho 😀
Sucessos!
Bom, acho q é meio a mesma situação q a Wizards apresenta no DMM, qdo dizem q não vão apresentar um mapa do mundo D&D para evitar q alguma limitação à criatividade ou trama da história sejam comprometidas por meros desígnios artísticos da produção. Achei isso muito legal. Assim, o mundo é do jeito q eu quiser, pura e simplesmente pq eu quero e acho ele melhor assim. Pode parecer uma puta preguiça dos editores e escritores, mas não tem como. Sempre q vc confirma uma definição sobre o seu mundo, pessoas gostarão dela e outras não gostarão. Sempre haverá pessoas q não vão gostar do q vc fez, não interessa o quão bom realmente era. Assim, eles simplesmente tocaram pros jogadores fazerem do jeito q ELES MESMOS acharem melhor e se matarem com suas próprias criações.
Assim, D&D 4th de fato virou um xadrez, como diz o Mr. Wick, mas não vejo isso como algo ruim ou desmerecedor. Vc pode colocar uma história envolvente e interessante, e do jeito q vc quiser (e de acordo com os SEUS preceitos de envolvente e interessante). Não há a necessidade de viver amarrado a um mapa, cenário e estatísticas escritas no mármore. Sim, virou um xadrez, mas um xadrez onde há uma facilidade imensa de interpretar (juro q se alguém me disser “Meu rei é mais forte e ágil q o seu” num jogo de xadrez eu mando internar! XD). Adorei a história do Tav, e reforço q seria muito legal tê-lo numa aventura minha. E caso o Mr. Wick quisesse continuar jogando numa mesa após o personagem dizer isso, ele provavelmente jogaria COM OUTRO personagem e pronto.
Por fim, Breath of Fire é da Capcom, não da Square.
Concordo com o texto, parei de jogar RPG por isso, muitas vezes eu interpretava e achava as soluções dos misterios e historias da aventura, mas recebia pouca XP nas lutas pois eu era um LADRÃO, na prática fazia a parte mais dificil e os outros ganhavam mais XP porque lutavam melhor, desde então so jogo RPG nos games eletronicos.
alguns são tão focados em pontos para personagens que chegam a desvirtuar o que foi dito. O proprio exemplo de um personagem centrado em sua motivação, dado pelo autor, é suficiente para mostrar o quando fugiu-se da essencia do RPG. A realidade das coisas: o D&D se preocupou apenas em se tornar apenas o mais lucrativo possivel.
Muito interessante o ponto de vista dele e de certo modo concordo plenamente. Um jogo de RPG tem que ser um jogo de interpretação de papel. Voce deve se divertir desenvolvendo a historia do personagem e a trama principal da campanha. Voce não deve simplesmente ficar preso em um monte de regras. As regras e mecanicas de RPGs foram feitas para manter a ordem e o bom senso entre os jogadores e não para limita-los e transforma-los em robos jogadores de dados.
Mas isso tambem não quer dizer que um RPG é melhor que o outro e sim que cada um tem sua peculariedade que se for bem aproveitada é muito divertida. Isso só vai depender dos mestres e jogadores.