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Cinema em Casa: Aliens – O Resgate

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aliens-resgate-capaAvatar já conseguiu quase ser totalmente pago com a bilheteria mundial obtida em apenas uma semana de sua estreia. Com a chegada deste novo filme do diretor James Cameron, é normal que façamos algumas matérias sobre os outros trabalhos dele aqui no Ambrosia, e o escolhido da noite é Alien 2 ou Aliens – O Resgate, lançado em 1986 e considerado um dos grandes filmes que ficção científica e ação já feitos.

Desde que trabalhou em O Exterminador do Futuro, o diretor canadense se mostrava um grande fã do Alien original (sobre o qual já falamos aqui no Ambrosia também) e, estando com a Fox, queria muito trabalhar numa sequência do clássico de 1979. Ficando recluso em seu lar por 4 dias seguidos, Cameron apresentou uma ideia de 45 páginas para o estúdio, que declinou a oferta… o que não significa que o diretor desistiria da ideia. Curiosamente, nesta época, o ator Arnold Schwarzenegger estava totalmente dedicado ao seu papel de Conan, fazendo que com O Exterminador do Futuro fosse adiado em nove meses, dando tempo para Cameron trabalhar melhor na ideia que teve anteriormente e levasse um roteiro de noventa páginas para o estúdio novamente, desta vez dando o tempo para que seu primeiro filme fosse lançado. Impressionados com o roteiro (ainda incompleto) e com o sucesso de Exterminador a oferta foi aceita e Cameron ganhou sinal verde para a produção.

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Fica bem claro que desde o início de sua carreira Cameron tinha alto apego por filmes que tivesse ficção científica, mesmo que esse não fosse o gênero oficial da produção, até por ser muito ligado a robótica, mecatrônica e outras tecnologias que poderiam acrescentar mais qualidade e criatividade ao mundo do cinema. Tendo tudo isso em mente e a aprovação da Fox o filme Aliens se tornaria realidade e sua data de estreia ficaria para 1986.

Produção e design

aliens-ripley-space-motherA obra de Cameron não tem o mesmo esmero visual que o primeiro tem, principalmente porque o foco do diretor não é o mesmo de Ridley Scott, que também é conhecido por sua paranoia perfeccionista. Sendo assim foi definido que muito do material original seria utilizado, mas como a história se passaria alguns anos no futuro, tudo seria mais “cool”. Para as naves e artes conceituais, o diretor trabalhou com Syd Mead, que esteve em Blade Runner, 2010 e Tron, mas Cameron quis que suas próprias ideias visuais fossem aceitas, todas baseadas numa cominação futurística de helicópteros e aviões utilizados na Guerra do Vietnã, como F-4 Phantom II e AH-1 Cobra. Mais que isso, o exército inglês trocou todas a sua frota de aeronaves e o que foi abandonado foi comprado pela produção do filme para ser reaproveitado para vários cenários diferentes.

Muitas das cenas do ninho dos alienígenas foram filmadas num centro de produção de eletricidade abandonado em Londres, e foi perfeito para muitos dos labirintos que se vê na produção. Algumas dificuldades foram encontradas, mas a equipe contratada cuidou para que tudo funcionasse ao gosto do diretor e garantisse a segurança dos atores e outros envolvidos. Um fato bem interessante sobre este local é que ele permaneceu intacto por anos, sendo inclusive utilizado em Batman de Tim Burton para as cenas dentro da Axis Química. As armas que vemos o exército usar no filme foram todas baseadas em armas reais da época, tais como uma Thompson SMG, Franchi SPAS-12 e muitas outras. Os lançadores de fogo são reais e foram as mais difíceis de serem utilizadas devido ao peso e periculosidade.

Para o casting era natural que Sigourney Weaver novamente estivesse no papel de Ellen Ripley, que na época ficou conhecida entre os colegas de trabalho da produção como “Rambolina”. Entretanto demorou para que o estúdio aceitasse-a como protagonista do filme e chegou a pedir que Cameron reescrevesse a história sem ela, mas o homem bateu o pé e não cedeu até que o estúdio fizesse isso por ele. Com isso, Weaver estava contratada com o salário de US$ 1 milhão, mais que o triplo que ela recebeu pelo primeiro filme.

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Com a produção se passando na Inglaterra, de forma geral o diretor optou por contratar atores que tivessem ou pudessem se perfazer com perfeição o sotaque inglês americano, mas o resultado foi desastroso e atores dos EUA acabaram sendo contratados, tais como Lance Henriksen, Bill Paxton e Michael Biehn, que trabalharam com ele em Exterminador. De fato o mais difícil foi encontrar uma criança que se encaixasse no papel de Newt, pois todos os testes mostravam que crianças acostumavam-se a sorrirem demais e Cameron precisava de alguém que conseguisse dizer suas falas de forma séria e tensa, descobrindo Carrie Henn, cujo pai era militar e residia numa base do exército. Carrie foi escolhida mesmo sem ter nunca interpretado na vida.

aliens-vasquezJames Cameron fez questão de que todos os atores que trabalhariam no exército contra os aliens lessem o livro Tropas Estelares, de Robert A. Heinlein e passassem por treinamento militar para estarem preparados para as filmagens. Além disso, o diretor também pediu que todos treinassem juntos para que criassem laços pessoais entre si, o que facilitaria na credibilidade de suas atuações.

A História

Metaforicamente, Aliens é um resultado natural do que houve na Guerra do Vietnã, na qual uma força tecnologicamente superior chegou a um ambiente hostil e desconhecido, provando que muito poder de fogo e pouca sabedoria só fizessem com que as forças do exército dos EUA saíssem de lá, literalmente, com o rabo entre as pernas (curiosamente a história foi repetida em Avatar, e falaremos sobre isso mais à frente). Além disso, era natural que Cameron fosse muito além do que Ridley Scott fez, pois não queria vincular-se tanto ao estilo de direção e história feito anteriormente, até por também querer impor seu próprio estilo ao filme. Com isso, a história foi empurrada cronologicamente para 57 anos depois de onde o anterior parou, dando-lhe liberdade para criar seu próprio microverso dentro do universo já existente.

Ripley e seu gato permaneceram intactos na cápsula por todos esses anos, tempo que foi suficiente para que o planeta LV-426 fosse invadido pelos humanos que montaram uma colônia lá. Após ser descoberta, a personagem relatou sua experiência e perda de seus companheiros e o encontro com a espécie alienígena que não foi levada a sério por ninguém – até que a federação perde contato com todos na colônia do planeta e suspeitas começam a surgir. Uma tropa de elite foi montada com Ripley como consultora sobre a possibilidade de esta raça alienígena realmente existir e estar presente no lugar.

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Interessantemente o diretor coloca muito mais ação e tensão física do que no filme anterior – se Alien era um filme obscuro, silencio e psicologicamente tenso, Aliens é descarado, movimentado e explosivo, o que sempre foi o estilo de Cameron. Além de Ripley, a personagem Vasquez (interpretada por Jenette Goldstein) também ficou marcada por ser uma machona em meio a homens soldados e é uma das mais lembradas quando se fala deste filme. Mais que isso, Cameron mostra a todos como são botados os ovos dos alienígenas e acrescenta castas na raça, como a rainha e zangões, numa analogia clara às abelhas.

Mesmo com tudo que Cameron acrescentou à história e ao universo de Alien, a interpretação da ideia central ainda é a mesma: corporações corruptas, a voz da mulher ser silenciada por homens que não as compreendem e tudo mais que falamos no filme anterior – mas desta vez com muito mais ação, até por ter sido desenvolvido nos anos 1980, a época dos grandes clássicos do estilo, dos quais Aliens certamente faz parte.

Recepção e Legado

Obviamente o filme foi um extremo sucesso, não só pela quantidade de tempo que os fãs do primeiro filme tiveram que esperar por uma continuação mas também pela imposição do estilo de Cameron que se provou um grande mestre neste estilo com Exterminador e Aliens. O filme custou 18 milhões de dólares e faturou mais de 85 milhões apenas nos EUA, ultrapassando os 130 milhões no mundo todo. O sucesso reprisou-se nas vendas de VHS e, atualmente, em DVD, já ganhando 3 versões neste formato.

O legado é bem óbvio também: Cameron definiu, ao lado do que os autores anteriores que trabalharam com Scott, toda a mitologia dos aliens que viria a ser utilizada em futuras sequências. Para o próprio, Aliens resultou numa fórmula absoluta de combate final dramático, com um humano ao lado de sua tecnologia enfrentando um ser em seu habitat natural, exatamente como se repete em Avatar, quando o coronel enfrenta Jake em sua forma Na’vi. Isso pode ter sido uma alegoria do próprio diretor brincando com um estilo que ele mesmo criou em 1986 com Aliens, e se tornou um legado não somente para o cinema mas também para sua própria forma de filmar e mostrar um final ao espectador.

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