O que Edward Snowden representa para o mundo? Oliver Stone, que fez seu nome usando o cinema como instrumento político do discurso que acredita, empreendeu o filme que talvez não responda essa pergunta, mas suscita respostas sobre a dimensão de sua personalidade sobre seus atos. O ex-agente da CIA, que denunciou um polêmico esquema de vigilância global por parte do governo norte-americano, abriu para o mundo que existe muita controvérsia no antagonismo entre democratas e republicanos, e que o imperialismo americano independente de bom mocismos da Casa Branca.
O filme acompanha todo o processo de delação e suas consequências globais e pessoais (com a luminosa presença da atriz Shailene Woodley, interpretando sua devotada namorada, Lindsay). A partir do encontro entre o personagem do título, o jornalista Glenn Greenwald (Zachary Quinto) e a cineasta Laura Poitras (Melissa Leo) em um hotel de Hong Kong, já registrado anteriormente no preciso documentário CitizenFour, vamos acompanhando o desenrolar de uma série de flashbacks que pretendem mostrar uma radiografia evolutiva do sistema de vigilância do governo dos Estados Unidos ao mesmo tempo em que constroem o Snowden que o mundo conhece.
Joseph Gordon-Levitt vive Snowden com acepção humana impecável. Oliver cruza essas matizes de maneira com que o homem vai se transformando diante das complexidades de sua nação. Snowden era um produto legítimo de seu país. E até por causa dessa legitimidade, ele acabou por denuncia-la.
Os EUA chegaram ao paroxismo do seu poderio pelas mãos de Snowden, diante dos olhos alarmados do mundo. E isso não é pouco. Snowden levanta reflexões sobre domínio político, escolha cívica e até sobre o sentido de nossa própria cidadania. Daí pensamos que a pergunta é outra: o que representará o mundo após Edward Snowden (seja ele mártir ou farsa)?
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