Quatro perguntas para Manoel Herzog

Manoel Herzog nasceu em Santos, em 1964 e iniciou na literatura em 1987 com Brincadeira Surrealista, poemas. Em 2012 publicou Os Bichos, romance, pela Editora Realejo. Em 2013, Companhia Brasileira de Alquimia, romance, pela Editora Patuá. Em 2014, também pela Editora Patuá, o pornoépico A Comédia de Alissia Bloom, terceiro lugar no prêmio Jabuti 2015. Em 2015 lançou O Evangelista, romance. Em 2016 foi a vez de Sonetos de Amor em Branco e Preto, poemas, com apoio do Proac. Ainda em 2016 lançou Dec (ad) Ência, romance, pela Patuá, e em 2017 A Jaca do Cemitério é Mais Doce, pela Alfaguara. Coordena oficinas de literatura. Colabora quinzenalmente na coluna Zona de Leitura, na revista digital Pausa. Fizemos quatro perguntas ao escritor. Confira abaixo:

1) Você fala muito no seu romance composteira sobre reaproveitar o lixo orgânico fazendo um círculo contínuo com materiais que o homem usa numa cidade onde a quantidade de tanto de alimentos quanto outras substâncias circulam pelo espaço onde moramos/vivemos. Mas esta ideia acaba sendo utilizada como um dos motes do seu livro. Queria que você falasse sobre isso?

O protagonista é um homem aposentado por invalidez, inconformado com esta situação, julga-se apto pra muita coisa ainda. A ideia de reciclagem, reaproveitamento, permeia a intenção dele ao manter uma composteira em casa, onde recicla também o seu amor frustrado, divaga sobre o desperdício de alimentos etc. A sociedade de consumo alija as pessoas, inutiliza-as, e com grande desperdício de recursos naturais, o que está levando a gente à ruína.

2) Queria, ainda falando de relações culturais, que você falasse um pouco da dinâmica das relações entre os personagens centrais como Santiago, Germano Quaresma, Natércia e Vivaldo.

Santiago é o protagonista, Natércia a mulher que amava, e cujo amor acabou de forma trágica, por conta do inimigo, Vivaldo. O Germano, que já é importado de outro romance (CBA – Cia Brasileira de Alquimia) é uma espécie de duplo do protagonista, atua como um mediador na trama;

3) O cheiro é um elemento interessante no seu livro. Pela utilização da jaca que é uma fruta com um cheiro forte. Também no livro a morte é um elemento que acontece sem algum tipo de juízo de valor ou julgamento, a jaca do cemitério seria algum tipo de autoepígrafe muito bem colocada para salientar uma mistura de vida e morte, de ordem e caos?

A jaca, como sabemos, é uma fruta de cheiro muito pronunciado, que alguns amam e muitos detestam. No livro, tenta-se um paralelo do cheiro da jaca com o amor, para o qual muitos de nós não somos vocacionados.

4) Você salienta no seu livro a questão do duplo. O Germano aparece como
investigador no final do livro. Num livro que tem tantas hélices girando tanto para um lado como para o outro sem serem extremadas como foi pensar nestas duplicidades no livro?

Geralmente não investigo as razões que levam a escrever de tal ou qual forma, vai
acontecendo. Talvez uma questão minha, de equilíbrio entre claro e escuro, opostos, me conduza a esta temática, que é constante no que escrevo. Pratos de uma balança que busca equilíbrio. Pra ser um pouquinho pedante e jurídico, algo hegeliano (que não tem nada a ver com Engels, frise-se).

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