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Crítica: novo disco de Robert Plant é um retorno às origens Britânicas

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É impossível dissociar Robert Plant do Led Zeppelin. Assim como não se pode dissociar Paul McCartney dos Beatles, Mick Jagger dos Stones e Freddie Mercury do Queen. Em 1982, dois anos após a dissolução de sua banda, Plant se lançou em carreira solo, mas os fãs sempre sonhavam com uma reunião com seus ex-companheiros. O que até ocorreu em 1985 durante o Live AID. Em 1994, se reuniu com o companheiro Jimmy Page para gravar um álbum de versões acústicas de clássicos do Zep, acompanhados por músicos indianos e marroquinos. A empreitada até rendeu uma turnê, que passou pelo Brasil no Hollywood Rock de 1996. Depois de muitos boatos, Plant se uniu aos companheiros Page e John Paul Jones, além de Jason Bonham, filho do baterista John Bonham, para um show na O2 Arena, usando o nome Led Zeppelin.
Apesar do sucesso absoluto (os ingressos adquiridos por um sistema de sorteio se esgotaram em poucos minutos), não houve turnê. O disco solo de Plant lançado na mesma época, ‘Raising Sand’ – em parceria com Alison Krauss – estava alcançando bons números de vendas e arrancando elogios por parte da crítica especializada. Com isso, o cantor não desenvolveu o menor interesse em excursionar com o Zeppelin de chumbo. O ex-vocalista de uma das maiores bandas de todos os tempos chega agora com seu décimo terceiro disco solo, e para os fãs vão aqui duas notícias. A notícia boa é que ‘Lullaby and…the Ceaseless Roar’ (Nonesuch/2014) é um ótimo disco. A má notícia é que, por conta disso, dificilmente haverá o retorno do Led Zeppelin que tanto se especula.
Durante a audição, fica claro que o cantor inglês de 66 anos deixou um pouco de lado o folk e o bluegrass dos álbuns anteriores (‘Band of Joy’ e ‘Raising Sand’) e se voltou à sonoridade eivada de elementos Celtas e uma conexão com o misticismo da terra natal. É seu retorno às raízes Britânicas. Acompanhado pela banda Sensationals Space Shifters, ele também adiciona influências do Oriente, que já ouvíamos desde a época de Led Zeppelin em músicas como ‘Kashimir’ e ‘Four Sticks’. Um bom exemplo seria a faixa ‘Pocketful of Gold’, uma das melhores do álbum.
O clima etéreo se faz presente assertivamente em ‘Embrace Another Fall’. O uso de batidas quase trance adorna ‘Little Maggie’, primeira faixa do álbum e ‘Turn It Up’. Essa última apresenta uma base de guitarras distorcidas para a alegria dos fãs roqueiros do cantor. É bom deixar claro que não se trata de um genuíno disco rock. Não há nenhuma música que exija os agudos que Plant teria dificuldade de atingir, dado o avançar da idade. De todas, a que mais acena para o Zeppelin é ‘Somebody There’, que possui uma pegada que evoca o ”Led III” e as canções mais calmas do ”IV”.
No todo, ‘Lullaby and…the Ceaseless Roar’ é um álbum sofisticado, de produção apurada e indiscutível bom gosto, seguindo exatamente o nível de excelência dos últimos trabalhos de Plant. Se o Led Zeppelin não voltar mesmo, aqui está um valioso conforto para os amantes da boa Música e, claro, da inconfundível voz de Robert Plant.

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