Os quadrinhos do Batman vêm de uma série de arcos argumentais que Scott Snyder e Greg Capullo desenvolveram, de uma qualidade amplamente comentada e variável, que conseguiram colocar diversas peças no tabuleiro. Não só conseguiram explorar diferentes aspectos da mitologia do Homem Morcego, como a própria Gotham, o Coringa, suas origens, o próprio Bruce Wayne… sem que rompesse com o imobilismo com que estávamos acostumados. E que, em apenas cinco anos, conseguiu inclusive reintroduzir na continuidade o irmão perdido de Bruce, criar o Tribunal das Corujas, plantear dúvidas razoáveis sobre o Coringa, criar um sidekick que não seja o Robin…
E no Renascimento DC, esse mesmo cara sugerido agora é uma realidade: Duke Thomas, um veterano na série de Snyder, e um dos protagonistas de We are… Robin!, é agora companheiro de Batman em sua eterna luta. Mas sem equívocos, não se trata de um sidekick, ainda há muito que ver nesta nova série, mas tenho a impressão que Bruce reconhece Duke como alguém já formado, lhe respeita como herói e vai ter um papel muito distinto na Batfamília. E dentro deste novo reinício, Duke nos serve como guia no mundo do Batman, o novo ponto de partida é o seu, um movimento inteligente por parte dos roteiristas.
E como uma ponte entre duas etapas, o roteiro é assinado por Snyder e Tom King (Grayson, Omega Men), que estará encarregado de suceder Scott a partir de agora. O que podemos notar que a mão sutil de King em cada palavra, em cada momento, cria uma HQ sensível, seguindo o mesmo rumo que fez em Grayson.
Uma narrativa que gira em torno da renovação, ao passo do tempo, na adaptação perante às… um Calendar Man com um intrigante upgrade… um Batman ensinando a Duke que se dedica a fazer coisas impossíveis, Bruce mostrando um otimismo que não estamos acostumados, um novo herói para Gotham… Pequenos momentos que nos conduzem ao que Tom King está preparando nesta nova e esperada etapa do Cavaleiro das Trevas.
Outro ponto que merece destaque é o que Mikel Janín faz aqui, como podemos ver na primeira página da HQ. Cada vez mais seu trabalho está ficando melhor. Quando já causava admiração com seu estilo nas primeiras imagens que saíram para este Rebirth, vem o primeiro título e me deixou com a boca aberta. E vem trabalhando duro em dar forma criativa os roteiros que caem em suas mãos. As cenas que faz com o Homem Calendário, as matizes geniais das expressões de Duke, o cenário da Batcaverna e as cenas de ação, perfeitas, encontrando o equilíbrio certo entre a espetacularidade e a narrativa. Por fim, nos encontramos neste primeiro número de Batman uma HQ ‘ponte’, como um epílogo que abre as bases e o tom do que está por vir. E que venha, o melhor dessa nova dupla criadora, sem dúvida. Aguardamos.
Comente!