Nei Lisboa fez um trabalho tão coeso e crítico quanto o “Cena Beatnik” de 2001 em “A Vida inteira” (2013), focando neste novo trabalho mais a presente questão contemporânea das correlações do indivíduo com os bens materiais, inclusive os tecnológicos.
Nei é um ótimo cronista e amparado pelo domínio perfeito de uma poética que pode ser considerada sua voz de compor. Numa ótima cama harmônica onde prevalecem as baladas com forte acento folk com variações de uso de violão e guitarra, o músico abre o disco “No boleto ou no cartão” – uma letra icônica e irônica sobre relações do afeto com nossos usos (de)pendentes sobre o excessivo “reboque” da tecnologia nas vidas humanas e uma crítica em como existe nisso uma exposição ao narcisismo social.
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“Das madames e gazelas que aspiram ao poder” surge a questão do desejo triturado pela pressa do mundo cada vez mais volatizado em consumo não só material, mas espiritual, questão recorrente também por todo trabalho de “A vida inteira”. Destaque também para ”Por uma dia”, canção que tem uma bonita letra e um violão bem delicado.
Com um órgão Hammond, fazendo a base, Nei Lisboa faz uma tapeçaria- poético-afetiva sobre sentimentos do coração: “Passei dez dias na berlinda\ só levei você no coração”.
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