O tempo não tem feito bem ao diretor Ivan Reitman. O diretor que marcou um cinema hollywoodiano oitentista com neoclássicos da “Sessão da Tarde” como Os Caça-Fantasmas, Irmãos Gêmeos e Um Tira no Jardim de Infância, hoje vem se perdendo em projetos que nada acrescentam nem ao viés despretensioso de um nicho do cinema americano, nem à sua própria biografia.
Entre seus últimos filmes estão os horrorosos Evolução e Minha Super Ex-Namorada e agora o não tão desastroso mas não menos ruim Sexo sem Compromisso, comédia romântica estrelada pela oscarizada Natalie Portman e Ashton Kutcher.
A premissa da história é até bem assimilável: uma médica, avessa a relacionamentos, e um produtor de TV passam a se encontrar e com a notável química sexual, fazem um acordo para que a relação mantenha-se carnal, sem qualquer indício ou cobrança de um relacionamento afetivo. Claro que o tal “acordo” não resiste ao fator humano de uma relação amorosa e o conflito emerge dos dois lados.
O roteiro, de uma dramaturga em ascensão em New York, Elisabeth Meriwether, ao mesmo tempo que investe em diálogos espirituosos, parece confortável nas previsibilidades tanto da comédia quanto dos romances chegando num resultado, por vezes, patético como na banal (e inesperada) vilanização do médico que trabalha com Portman ou a caricatura melodramática da historinha de Kutcher e seu pai (o sumido Kevin Kline). Natalie, para minha surpresa, produtora executiva do filme, nada pode fazer com o arco dramático de sua personagem e Ashton Kutcher… Bem, continua sendo um ator mais bonito que competente (e, mais uma vez, protagoniza cenas de nudez em filmes fracos). Mas não seria sincero se não dissesse que os dois funcionam bem juntos. E só.
Sexo sem Compromisso só ajuda na percepção de que para se produzir um filme do gênero é necessário muito mais do que um casal de carinhas bonitinhas, lógica essa, compreendida muito mais por Jason Reitman (Amor sem escalas, Juno) do que por seu pai Ivan, na direção do filme.
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