Crítica: "Vizinhos" possui bons momentos, mas humor preguiçoso impede melhores resultados

Filmes sobre fraternidades de universitários são quase uma instituição no cinema de humor americano. Este subgênero já criou algumas pérolas, como “Clube dos Cafajestes” e “A Vingança dos Nerds”, que fizeram a alegria de muita gente nos anos 80. Volta e meia, surgem algumas variações do mesmo tema, que não chegam a ser memoráveis e praticamente servem para quem quer desligar o cérebro por cerca de duas horas. Este é o caso de “Vizinhos” (“Neighbors”), o mais recente filme estrelado por Seth Rogen, um dos atores mais requisitados do momento para a comédia.
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Na trama, Rogen vive Mac Radner, casado com Kelly (Rose Byrne) e cuja vida passou por algumas mudanças depois que se tornou pai de uma linda menina. Apesar disso, o casal consegue viver numa relativa harmonia, que não dura muito tempo depois que uma fraternidade com cerca de 50 estudantes vai morar na casa ao lado. Preocupados com a possível confusão que os novos vizinhos possam vir a causar por conta de suas festas barulhentas, os dois tentam fazer amizade com o líder do grupo, Teddy (Zac Efron), que só pede um pequeno favor: Não dar queixa à polícia. Obviamente, o pedido não é atendido e a paz de Mac e Kelly acaba de uma vez, o que leva o casal a tentar de tudo para expulsar os novos vizinhos. Só que Teddy não vai desistir tão facilmente e a guerra começa.
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O filme possui bons achados, como a festa temática sobre Robert De Niro, onde todos os integrantes da fraternidade se vestem e agem como se fossem os personagens mais marcantes da carreira do ator e usam isso para provocar Mac e a esposa. Além da cena em que o protagonista descobre, da pior maneira possível, o que pode acontecer quando se senta num airbag, não tem nada de muito de novo a oferecer para o espectador. A direção de Nicholas Stoller (de “Ressaca de Amor” e “O Pior Trabalho do Mundo”) não é muito inventiva e erra algumas vezes na tentativa de fazer rir, como na cena em que um personagem cai da escada e quebra a perna. Não dá para achar engraçado alguém que tem uma fratura exposta e, logo em seguida, sai andando como se nada tivesse acontecido. Além disso, o roteiro de Andrew J. Cohen e Brendan O’Brien apela demais para piadas envolvendo as “partes baixas” dos personagens, que podem até alegrar adolescentes e fãs deste tipo de humor. Mas quem não curte tanto isso, pode até achar esse recurso excessivo e constrangedor.
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Já o elenco apresenta interpretações bastante irregulares. Seth Rogen parece ter se acomodado, assim como seu personagem, já que sua atuação não se difere em nada dos tipos bonachões que já fez em outros filmes, dando a impressão que ele não quer sair de sua zona de conforto. A bela Rose Byrne está se especializando cada vez mais em comédias e mostra não ter pudores para fazer rir, especialmente numa cena que envolve leite materno. A maior decepção fica com Christopher Mintz-Plasse que depois de se destacar em filmes como “Superbad – É hoje” e os dois “Kick-Ass” pouco tem a fazer como Scootie, um dos integrantes da fraternidade. Assim como Lisa Kudrow, que faz praticamente uma ponta como a reitora da universidade dos estudantes farristas. A grande surpresa, no entanto, fica para Zac Efron, que consegue bons momentos com seu papel que mais parece uma antítese do Troy de “High School Musical”, filme que o tornou mundialmente famoso. Seu Teddy é malicioso, agressivo e vingativo, mas não é muito inteligente, achando que a vida é uma eterna festa, o que o faz entrar em conflito com seu melhor amigo Pete (Dave Franco). Efron entendeu o que deveria fazer com o seu personagem e conseguiu realizar um bom trabalho, mostrando que pode realmente se tornar um ator.
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Repleto de diversos clichês de filmes sobre adolescentes, como bebedeiras, festas, sexo, entre outros, “Vizinhos” é mais uma produção a entrar na categoria de comédias descartáveis, que a gente esquece logo depois de assistir num fim de semana à tarde. O que acaba ficando na memória mesmo, por incrível que pareça, são os créditos finais envolvendo a filha de Mac e Kelly, que foram uma boa sacada para fechar o filme e deixam o público com um sorriso no rosto. Pena que isso não acontece o tempo todo.

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