A história, na verdade, não é particularmente original: um grande golpe está sendo organizado. O saque: sete bilhões de dólares. Mas a maneira de assistir é única. Porque podemos assistir os oito episódios da série na ordem que quiser. Na verdade, a Netflix o determina novamente para cada usuário. Olhar para trás e para frente, para o grande assalto, é, portanto, o DNA natural da série.
SINOPSE: Leo ( Giancarlo Esposito ) prepara o maior golpe de sua vida. Com uma pequena equipe escolhida a dedo, ele quer penetrar em um dos cofres mais seguros do mundo e roubar títulos no valor de sete bilhões de dólares. Um assalto aparentemente impossível, mas Leo tem um plano.
Análise
A Netflix vem experimentado novos formatos de exobição na hora de fazer séries ou filmes. Bons exemplos com experiências interativas como ‘Black Mirror: Bandersnatch ou Pega Ladrão, mas agora o streaming quer ir um passo além com Caleidoscópio (Kaleidoscope, 2023) , uma série cujos episódios podem ser visto na ordem que o espectador preferir.
A ideia de dar liberdade ao espectador para escolher como assistir é bastante curiosa, mas o problema é que o que narra não é tão interessante.
Curioso como experimento, mas discreto como série
Cada assinante verá os episódios ordenados de forma diferente, e sem números, pois cada um de eles é identificado por uma cor. Isso praticamente força uma infinidade de experiências diferentes ao abordar a série. Obviamente, isso marca a experiência ao assistir, mas a minissérie criada por Eric Garcia foca nessa experiência ao invés de colocar mais esforço na construção dos diferentes enredos que moldam a história.
O problema é que esse toque diferente é deixado de lado pelo fato da história de roubos e vinganças ter um pano de fundo dramático convencional demais. Claro que as motivações dos protagonistas sejam claras, mas há um momento que se tornam óbvias e nos remetem a inúmeras propostas semelhantes que foram feitas de forma mais direta.
O que faz assistir em qualquer ordem é a maneira que a minissérie foi projetada, de uma forma que não há nada que pareça essencial, o que também leva à perda de força das motivações de alguns personagens. A seu favor, pode-se dizer que busca uma abordagem leve e ágil, onde um pouco mais de estilo veio a calhar nas cenas.
Por seu lado, o elenco encontra uma certa solvência mas sem conquistar o público em nenhum momento, sendo Giancarlo Esposito quem tem mais espaço para desenvolver a sua personagem. Paz Vega como Ava, traz uma personagem com quem se introduz um certo toque de enigma em vez de deixar as coisas claras desde o início, algo que sabe aproveitar muito. E só, apesar dos nomes, o roteiro esvazia o interesse pelos demais, só meros coadjuvantes da ação.
Como uma experiência, Caleidoscópio é certamente interessante. A ideia de que uma história pode ser abordada a partir de vários pontos, assistida em qualquer ordem e ainda fazer sentido é algo que poderia realmente funcionar para uma série mais forte. Mas fora isso, simplesmente não há muito o que recomendar desta série em particular. E isso é uma pena. Se mais tempo fosse gasto construindo os personagens e o enredo e menos tempo para garantir que a narrativa funcionasse de vários ângulos, a série teria sido significativamente mais forte. Mas vale conferir.
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