Até quando o relacionamento sobrevive sem algum tipo de arranhão? Como disfarçar um problema e não titubear diante do marido? Essas são algumas manchas tratadas na bem-sucedida adaptação de Daniel Veronese no dramático “Casa de Bonecas”.
Dirigido por Roberto Bomtempo e Symone Strobel, a peça é uma releitura contemporânea sobre os problemas no relacionamento do casal Nora (Miriam Freeland) e Jorge (Bomtempo). Uma mulher apaixonada pelo marido sofre quando um segredo vem à tona e ela é obrigada a tomar decisão para que nada estrague seu relacionamento. Por outro lado, Jorge corresponde o amor e mesmo com as desavenças habituais do casamento, não sabe lidar com a mentira. Para mixar o caldo, três novos personagens importantes para balançar o modelo familiar. Entram em cena, a atriz Anna Sant´ana no papel da amiga observadora e fiel de Nora; Regina Sampaio (Dona Euzébia da novela “Totalmente Demais”) é a protetora da família (ah, quem tira sua posição) e Leandro Baumgratz, o funcionário de Jorge afim de mudar seu destino com uma bomba.
Com figurinos, iluminação e cenário minimalista, “Casa de Bonecas” engrandece em razão dos personagens. Fica evidente quanto cada personagem tem algo a dizer, mesmo silenciosamente. O texto é marcado por expressões ao feminismo, chantagem e ambição, caindo como uma luva nas mãos de um elenco bem preparado. Para se ter uma ideia, durante o primeiro ato, Miriam Freeland solta palavras rápidas em meio a mistura das falas de outros personagens, sem perder a linha que o texto pede, além de uma performance estupenda.
Daniel Veronese reformulou o texto original do norueguês Henrik Ibsen, destacado por ser machista e trágico demais. Nas mãos do argentino, ‘Casa de Bonecas’ leva o público para o debate familiar. “Casa de Bonecas” traz o espectador para dentro de casa, inclui risos, provocações, dores e emoções de uma forma sensível e ao mesmo intrigante. São 75 minutos de pura tensão. Vale a pena analisar.
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