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Comando das Criaturas: sangue, humor e lágrimas

James Gunn deixa claro que o novo Universo DC está em boas mãos

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Quem diria que, em pleno 2024, um aluno da Troma seria o encarregado de comandar uma das franquias mais importantes e midiáticas da indústria cinematográfica atual. Dois anos após o anúncio da boa notícia, James Gunn concluiu a modelagem da primeira pedra de seu novo e reluzente Universo DC, e o resultado apenas confirmou os bons presságios.

Quando soubemos que Gunn lideraria a renovada DC Studios com um plano de longo prazo em mãos — e junto ao seu inseparável Peter Safran — algo dizia que era a escolha certa. Esse “algo”, além de sua filmografia anterior à sua chegada no universo DC, foi especificamente seu trabalho para a Marvel com a notável trilogia Guardiões da Galáxia, e suas divertidíssimas O Esquadrão Suicida e Pacificador comprovaram seu conhecimento sobre o macrocosmo da DC. Com Comando das Criaturas (Creature Commandos), que inaugura oficialmente o arco Deuses e Monstros, o diretor e roteirista confirma com uma animação adulta que o Universo DC está em ótimas mãos, trazendo um novo coquetel de ação violentíssima, comédia insana e um coração gigantesco, que, além disso, nos faz levantar esta pergunta: quem precisa de Zack Snyder quando tem James Gunn?

Para a ocasião, Gunn volta a abraçar as bases conceituais que tão bem funcionaram em suas investidas anteriores no gênero de super-heróis, construindo sua história sobre um grupo de desajustados que formam um time de anti-heróis, no qual cada um dos membros é escrito com um carinho incrível. Isso, além de reforçar a consistência da série, deixa claro que sua alma está concentrada nos personagens e nas relações que eles estabelecem.

É, de fato, esse cuidado ao desenvolver todos esses mercenários forçados que condiciona a estrutura narrativa da temporada de sete episódios, combinando uma sólida trama com flashbacks que narram as origens de todos os membros do comando — algo que favorece a criação de empatia e um vínculo emocional que torna inevitável que acabemos gostando desses vilões.

Isso tem um preço, embora não seja algo estritamente negativo: entre gargalhadas, músicas incríveis e absurdos típicos da marca Gunn, alguns momentos tornam difícil segurar as lágrimas, mostrando mais uma vez a versatilidade do escritor ao combinar diferentes tons. Quando seus protagonistas são construídos sobre a tragédia, por mais que o tom aposte no leve e no caótico, o pesar acaba sendo inevitável.

E é que, se há algo que Creature Commandos é, isso é uma série equilibrada. Junto ao mencionado e calculado tom dramático, essa primeira leva de episódios nos oferece uma boa dose de humor ácido para maiores de 18 anos, referências à cultura pop e um mix de sequências de montagem e cenas de ação notáveis, que mais uma vez destacam o excelente trabalho da Warner Bros. Animation com suas produções da DC no que diz respeito a design, cinética e acabamentos.

Finalizando tudo isso com um elenco de vozes impecável, o resultado é, pura e simplesmente, uma das últimas grandes séries de 2024. Conto os minutos para ver novamente The Bride, Doninha, Doctor Phosphorus e companhia, e para bater o pé no ritmo da versão abaixo de uma música venezuelana de 1958.

Comando das Criaturas

Comando das Criaturas
8 10 0 1
Nota: 8/10 Excelente
Nota: 8/10 Excelente
8/10
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Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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