Elektra se prepara para deixar seu passado e mudar o rumo de sua vida, partindo em busca de um novo alvo: o escorregadio e obscuro assassino conhecido como Corvo Encapuzado! Quanto mais Natchios busca por sua nova presa, percebe que a situação de seu inimigo é muito mais complexa do que imaginava. Será que a maior será capaz de embolsar a maior recompensa de sua vida! Lendários assassinos se enfrentam nos confins do mundo e a alma de Elektra chega aos limites do abismo da morte!
Quando W. Haden Blackman foi anunciado que estaria a frente do novo título da ninja da Marvel não tinha ideia do que esperar. O autor, conhecido por participar do design do Universo Star Wars e por ter escrito a Batwoman (DC Comics), chegava ao título de All-New Elektra substituindo Zeb Wells, que saiu para se dedicar a seus projetos televisivos, mas que demonstrou uma boa impressão com a personagem, ao escrever bons scripts e com planos bem desenvolvidos. Blackman logo foi taxado de ser um autor que remenda histórias, pois o título caiu de supetão em suas mãos, pegando um cenário que mesclava desilusão pela perda de Wells e o ceticismo da capacidade do novo escritor perante aquele encargo repentino. E Mike Del Mundo mesmo sendo um magnífico ilustrador, tampouco salvaria o título.
Foi isso que li no cenário estadunidense sobre esse título e quando a Panini lançou por aqui o encadernado com as edições 1 a 5, afortunadamente estavam errados. Blackman, tinha colaborado com outro artista, JH Williams III em Batwoman, e com Del Mundo a sinergia foi bem similar, gerando uma equipe tão criativa que surpreendeu, tornando-se um dos debuts mais interessantes da Marvel em 2014, ano da publicação das histórias em quadrinhos.
A arte pintada de Del Mundo resulta espetacular, para não dizer sublime, com um estilo que segue o que Bill Sienkiewicz fez em Elektra: Assasin. Lembra também David W. Mack menos expressionista, mas com uma narrativa bem fluida, que se mescla às belíssimas ilustrações. O monólogo interno de Elektra em forma de textos de apoio que Blackman desopila é tão poético e intimo, que a consonância com o aspecto gráfico é incrível. Porém, apesar de trazer em flasback diversos outros personagens, inclusive, aquele que não deveria faltar, o Demolidor, a narrativa é de recomeço, numa trama cheia de ação e perfeitamente integrada ao novo universo Marvel.
O terrível Lábios sangrentos
Algo que notei foi que a história não é somente de uma personagem, e sim uma maneira da Marvel apresentar personagens que nunca tinham aparecido, como os fascinantes Cape Crow (o Corvo Encapuzado) e Bloody lips (o Lábios sangrentos) mostrando a este título um perfeito equilíbrio entre lirismo, violência e adesão às fórmulas e conceitos que se demandam em uma comic da editora. Elektra mostra que é possível misturar tudo isto e fluir num mergulho, satisfazendo bem os leitores.
Blackman e Del Mundo conseguem superar os estigmas da crítica e como uma dupla debutante entregam uma forma bonita e gostosa de se ler. Estarei esperando as próximas criações da dupla, seja neste título, seja em outro. Recomendadíssimo.
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