ESTA CRÍTICA TEM SPOILERS
Nosso matador de aluguel favorito está de volta para seu ato final. As surpresas serão muitas na última temporada de Barry, que acompanha o matador de aluguel que virou ator, Barry Berkman, em busca de se livrar de seu passado e conseguir a redenção. Com o protagonista Bill Hader dirigindo todos os episódios, a série vai te emocionar, te deixar com o coração na mão, te surpreender com um salto temporal – mas nunca deixará de ser um espetáculo da telinha.
Na prisão, Barry (Bill Hader) reencontra Fuches (Stephen Root), numa relação que vai rapidamente do ódio e do querer vingança para o amor e o querer bem, voltando então para o ódio. Enquanto isso, NoHo Hank (Anthony Carrigan) está feliz com Cristobal (Michael Irby) e decide se dedicar ao ramo de areia para construções, fazendo neste empreendimento uma proposta para unir duas gangues rivais.
Sally (Sarah Goldberg) tem de colher o que plantou, não apenas por seu vídeo viral xingando uma colega, mas também por ter sido namorada de um assassino. De volta à casa dos pais no primeiro episódio, a situação não se sustenta, e Sally passa a dar aulas seguindo o método de Gene Cousineau. Por falar nele, Cousineau (Henry Winkler) deu uma entrevista detalhada sobre como fez Barry cair numa armadilha e agora vive com medo de que o ex-pupilo saia da cadeia querendo vingança.
E Barry de fato foge da cadeia, e é aí que o inesperado genial ocorre: um salto temporal. De um episódio para outro, vemos Barry e Sally – agora chamados Clark e Emily – oito anos após a fuga da prisão, morando com um filho no meio do deserto e vivendo vidas diferentes. Mas a paz durará pouco: Fuches sai da cadeia querendo vingança e Gene Cousineau volta a Los Angeles para ser consultor num filme sobre Barry.
Barry ainda encontra espaço para a crítica aos produtos audiovisuais de true crime, com a glamourização dos assassinos e redução da vítima ao papel exatamente de vítima. Outra crítica presente é a da facilidade de acesso a armas de fogo nos Estados Unidos, representada pela cena de Barry, munido com uma arma, atravessando os corredores de brinquedos de uma loja de departamentos.
Para além dos óbvios e merecidos elogios destinados a Bill Hader, precisamos elogiar Anthony Carrigan. O intérprete de NoHo Hank bem que merece uma indicação ao Emmy – e talvez até uma vitória na categoria de Ator Coadjuvante – por sua performance nesta última temporada. Há um momento no último episódio, com a câmera bem fechada no rosto do ator, em que ele exprime tantas emoções apenas com os olhos: uma atuação realmente brilhante.
Outra pessoa que merece elogios por sua atuação em Barry, mas nem sempre os recebe, é a intérprete de Sally, Sarah Goldberg. Em entrevista para o site The Cherry Picks, ela definiu a personagem nesta temporada em três palavras: “traumatizada, decifradora (“unraveling” no original), resiliente”. Para Sally, ser “Emily”, a boa mãe com um emprego simples é como interpretar um papel, talvez o mais desafiador da sua vida. Ela se sente segura, porém entediada, e daí afloram muitas outras emoções magistralmente interpretadas pela atriz.
Durante os intervalos da programação, a HBO veiculava propagandas ultra minimalistas de Barry, verdadeiros teasers com alguns segundos do próximo episódio. Isso mostra o que já sabíamos: Barry tem um público cativo desde a primeira temporada, alguns milhões de espectadores que não desejam saber tudo sobre os episódios vindouros, mas que confiam cegamente na habilidade de Bill Hader de nos surpreender. Além de estrela de Barry, Bill foi o diretor de todos os episódios da temporada e mostrou muita segurança e enorme talento também atrás das câmeras. Um cinéfilo inveterado, ele ainda chamou cineastas para participações especiais, como Guillermo Del Toro e Siân Heder, diretora do ganhador do Oscar “No Ritmo do Coração”.
O título do último episódio de Barry é “wow”. O expletivo de surpresa poderia se estender a toda a temporada, quiçá a toda a série. Seu público cativo já sabe, mas agora o teste do tempo nos confirmará: Barry foi uma das melhores séries de televisão já produzidas, perfeita do começo ao fim.
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