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Estado de sítio, com texto de Albert Camus

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Estado de sítio que leva o título é o ponto de chegada da Peste (Elias Andreato), uma epidemia que instaura o sistema do medo.
Antes da alegoria do terror e regime totalitário havia manifestações como ações da natureza humana regida por nobres sentimentos e honra;
Os habitantes daquela Espanha Imaginada tinham um cotidiano organizado através do suporte cenográfico, indumentária, maquiagem e coro (piano e sanfona) cargos e histórias.
A única declamação catastrófica era do Nada (Chico Carvalho), excelente ator com variação vocal, bêbado, – o vazio existencial numa figura satírica sobre o amor, valores humanos sendo a morte a única e implacável certeza que ele se agarrava em meio à abstrações de esperança da comunidade;

Seu modus operandi era apreendido pelo padre (Cacá Toledo) e o governador (Arthur Faustino), autoridades que exerciam papel de representação na comunidade para fora do escopo que o Nada se incluía, dormindo em praças e usando o discurso para desmontar qualquer governo e esperança da massa erigindo um elogio ao risco.
O padre por hábito queria a confissão dos amantes, dos poderosos, da carne e da pele consumida para nutrir sua função de limpeza e benção que estavam atreladas ao ofício e de significado vital para a Igreja.
O governador exercia o carisma e estava em diálogo com a comunidade para permanecer na cidade.
Os personagens daquela Espanha Imaginada carregam a Poesia em Canto e todos os cargos em diálogo ou monólogo quando vinculado à máquina de representação era a sátira que operava num jogo que busca a esperança da epidemia pelos ventos dos mares, a cura e a transformação pela coragem com a chegada de A Peste (Elias Andreato) e de sua secretária executora A Morte (Cláudio Fontana).

O mal superior desafia as estruturas do poder governamental e da Igreja com ameaça de espraiar a epidemia: “O teatro, como a peste, é uma crise que se resolve pela morte ou pela cura. E a peste é uma crise completa a qual não sobra senão a morte ou extrema purificação.”
Os papéis se invertem, os cargos agora invocam crimes, a existência filosófica serve para transformar códigos em assassinos na captação do padre, governador e juiz corrompidos e cúmplices da tragédia, fruto da cumplicidade da Igreja e dos tiranos a uma punição do existir.
O medo é corporificado na comunidade com a iminência da morte com a submissão, negligência e a omissão dos governantes, diante de uma agonia que paira sobre a cidade.
Os elementos que enfraquecem a nebulosidade da peste que paira como nuvem negra,  um sistema totalitário que infecta  a sociedade organizada como alarme político é a resistência como coragem impulsionada pelo amor, pela carne, pela terra, pelo vento e pelas paixões.
O absurdo e o grotesco são a estética que levam o conjunto de sintoma a purificação deixando sua perfídia.

Ficha Ténica

Texto: Albert Camus
Direção: Gabriel Villela
Tradução: Alcione Araújo e Pedro Hussak
Adaptação e Figurinos: Gabriel Villela
Elenco: Elias Andreato, Claudio Fontana, Chico Carvalho, Arthur Faustino, Cacá Toledo, Daniel Mazzarolo, Kauê Persona, Marco França, Mariana Elisabetsky, Nathan Milléo Gualda, Pedro Inoue, Rogério Romera, Rosana Stavis e Zé Gui Bueno
Cenografia: J C Serroni
Iluminação: Domingos Quintiliano.
Direção Musical: Babaya e Marco França
Diretores assistentes: Ivan Andrade e Daniel Mazzarolo
Foto: João Caldas Fº
Produção executiva: Luiz Alex Tasso
Direção de Produção: Claudio Fontana
Duração: 90 min

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