Uma canção que tenha um rosto que dê a possibilidade de ter uma feição onde cabem a mobília com seus jogos de sombras & luzes de acordo com a incidência dela que entra pela janela. Uma canção que seja guardada ou lembrada num baú de reminiscências onde o fio-pavio de uma longa cauda confunda palavras entre seus sons e fados. Aspectos do som vem ondulando pelo quarto num mosaico ou palavra cruzada de fazeres poéticos, pois é preciso delas, as sensações para o poema ser perna-braço, dorso, corpo.
Esta questão da experiência de ter um passado, de fazer uso da linguagem como morada. Uma trajetória ou um laço com a sensibilidade poética é que me deixa feliz quando leio um novo livro do poeta Charles Marlon, como este recém lançado Quarto, Editora Patuá. Um lugar é sinal de pertencimento. É um número, uma quina de um labor muito particular. Mas não se enganem, leitores, que este espaço de leitura do local do pertencer, não é afinado com certa lição de aprendizagem do estar no mundo. O pertencimento aqui cabe numa dupla hélice de módulo de leitura. O corpo como engate dos afetos que circulam por um espaço altero mas que modulam um outro veio de experiência mais entranhado pela carne ou pra baixo da pele das palavras. O que tem debaixo delas? O sentido.
A relação das palavras é de proximidade com seus sentidos. Assim como se estivessem reunidas num espaço fechado. Assim criam uma certa intimidade. Por isso no aspecto da poética de Charles; seus poemas são muito sintéticos em uma gramática que seria uma linha condutiva/evolutiva do labor do poeta no decorrer da sua lida/vida. Ele em seus outros livros tem um modo de passagem de uma linha férrea e que costura o poema privilegiando a questão sonora, a relação fonética musical de sons silábicos próximos, bem melódicos.
Charles sabe como encaixar exatamente um palavra num espaço, correlativo, dentro da estrofe, dentro de um verso. E esta proximidade sonora dá ao aspecto da poética, um percurso, um caminho para falar de rebatimentos de linhas contrárias, de ações significativas encolho -escolhas, (a escolha é para fora?) que são provocados por alusões de vazio, do não preenchimento de uma noção não assertiva dos fatos e das coisas em seu entorno, que dão sempre a ideia de alcance maior, uma cauda no prolongamento da ideia do contexto significante do poema.
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