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Livro “Sem Sistema” fala da vida social gerida por sistemas de condução normativa

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No seriado Jornada nas Estrelas havia um personagem que citava em algumas situações em que a demanda pela capacitação exigia, dizia: unidades biologias perfeitas, algo de gênero. A visão era que nosso organismo era um sistema biológico altamente funcional em permanente demanda internacional com o meio. E que no espaço sideral,  as coisas se davam por exigências precisas e lógicas pelo uso cognitivo exclusivo da razão.

Mas cá na terra estamos num espaço também, mas regulado, para a organização plena da vida biológica\social. Temos que muito ser exigidos na capacitação racional em tempos às vezes curtos, mas a demanda por aquietação também nos redime. Mas como gerar? Nestas unidades biológicas ditas perfeitas, a sistematização de um modelo de organização social, onde cada um se perceba como uma peça de engrenagem de um sistema operacional maquinário assim como o personagem A precisa acordar certa hora para ir ao trabalho e tem todo um rito operacional para botar o corpo em rotina a essa condução normativa.

No livro “Sem Sistema” da escritora Andréa Catrópa, pela Editora Patuá, contos onde existem sistemas gerenciando lógicas de ação, embora tais ações estejam acopladas em determinação mais  ao principio do prazer, ou da conduta narcísica, do que de uma individuação em concomitância com o entorno social. Então temos uma interessante noção dada pela ficção científica de que somos unidades biológicas  perfeitas, com a análise de como há de ser ou se gerir uma extensa camada heterogênea de pessoas com interesses afetivos e demandas egoicas por um tipo de coexistência sistemática, onde o personagem A precisa pegar o ônibus ou metrô, chegar ao trabalho se incluir operacionalmente num determinado número de horas executando tarefas que demandam um custo\benefício.

Há nos contos da autora esta quebra de normalização do sistema, ou indo mais longe há uma repressão do individuo através de processos neuróticos, onde se desestabilizam a engrenagem do sistema, ou o sistema cai, ou subvertem-no como no conto depósito onde a personagem usa o Shopping para perverter a rede social e trazer benefícios  próprios, ou no conto trabalho com cultura, onde a relação do social\ individual é recondicionada  pelo processo de invisibilidade social, de um homem que entra na biblioteca mas não é uma pessoa que vá demandar serviço ao lugar, ele apenas quer usar o banheiro. O próprio conto moto- escola, onde a unidade biológica se vê narcísica acoplada ao uma existência máquina com seu próprio aparelho de trabalho – a moto, símbolo fálico de poder força e síntese da simbiótica relação sistêmica, do espaço.

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