A Microsoft é uma empresa com que muitos não simpatizam; entretanto foi a pioneira em abrir o mercado para que programadores independentes pudessem começar a chegar ao público. Em 2015, sem muito alarde, lançou um joguinho com o nome de Ori and the Blind Forest desenvolvido por um estúdio independente conhecido como Moon Studios. Os programadores austríacos tiveram êxito no domínio sobre o uso do Unity como motor gráfico e ainda mais surpreendente, a forma como interpretaram o famoso subgênero Metroidvania.
O processo de desenvolvimento para uma continuação foi consideravelmente mais difícil do que o previsto. Foi anunciado na E3 2017; mas o jogo esbarrou em problemas que levaram a vários atrasos, levantando a dúvida em relação à viabilidade do projeto. Um projeto muito ambicioso, tanto em sua apresentação visual e auditiva, quanto sua jogabilidade. Felizmente, o trabalho seguiu em frente.
A vontade do vento
A história que é contada no jogo, usa vários elementos dos contos de fadas clássicos para criar um mundo de fantasia que parece conciso, mas temos um jogo em que a história pode se tornar a menos importante de toda a experiência.
Ori and the Will of the Wisps ocorre muito depois dos eventos que vimos em Ori and the Blind Forest, de 2015. Mais uma vez, somos colocados na pele de Ori, um espírito da floresta que está em busca de seu verdadeiro destino, com seus poderes para curar a terra e os seres vivos afetados pelas forças do mal. Depois de um certo fato que acontece nos primeiros minutos do jogo, nosso protagonista não tem escolha a não ser entrar nas terras de Niwen além das fronteiras da floresta de Nibel, isso para perceber que uma força do mal está destruindo tudo sob seu comando.
Conforme avançamos, encontraremos uma série de personagens que habitam aqueles lugares. A grande maioria deles confiará tarefas como missões secundárias que expandem um pouco a história que se desenrola. São missões opcionais extremamente divertidas e satisfatórias de serem concluídas, embora falte um valor narrativo, os NPCs se limitaram a me dizer que eram ruins para uma coisa ou outra e nada mais.
Por isso, avisamos que não encontraremos uma história profunda com uma narrativa complexa e personagens cativantes que ficarão na sua memória para sempre. Não queremos dizer que a história fantástica que nos é apresentada seja mal contada, mas sim alertar que é uma pequena parte da experiência que nos é apresentada. Somos um espírito de cura e seu trabalho é erradicar o mal. Nem mais nem menos.
Visual e Música Belíssimos
Como seu antecessor, Ori and the Will of the Wisps é um verdadeiro deleite para os olhos e os ouvidos, muito superior a Ori and the Blind Forest que, além de preservar as grandes ideias originais, apresenta variações completamente novas que se encaixam perfeitamente como tudo deve fluir, porque na verdade, estamos diante de um título que flui como poucos e ainda mais importante, é expresso por meio de sua jogabilidade e design de níveis.
O estilo Metroidvania está para compor sua principal característica ao jogo: um grande mapa com áreas interconectadas e a desenvolvedora construiu um verdadeiro conjunto de design de cenários, controles, operações, mecânicas e construções de desafios. Estamos diante de um jogo em que cada uma de suas partes parece parte de um todo, e em que cada um de seus elementos tem uma razão de ser.
Controlar o Ori é a primeira coisa que devemos focar; temos um protagonista que se sente leve, mas com o peso certo para interagir com os cenários. Ori é extremamente ágil, cada um dos seus movimentos parece espetacular.
Fiel ao subgênero, pouco a pouco, recebemos diferentes habilidade que ajudam a nos movimentar e defender em nossa jornada. Em pouco tempo conseguimos fazer um salto duplo, correr e, é claro, a famosa habilidade de usar projéteis e outros elementos da cena para se lançar em direção a outros lugares.
Além de ter uma série de poderes básicos, podemos configurar vários movimentos do Ori ao nosso gosto, incluindo seus ataques. Usando três botões, você pode equipar ataques regulares de espada, arco ou malho, bem como a habilidade de recuperar saúde usando energia ou até mesmo o poder de invocar um familiar para ajudá-lo na luta. E quando encontramos os “chefes”, inimigos grandes e multifacetados que enfrentaremos de várias maneiras.
Além de todos esses poderes dos quais falamos, também podemos desbloquear vantagens passivas. Ori possui três slots diferentes que amplificam suas capacidades. Por exemplo, podemos equipar um que aumenta o dano que causa ou permite que fique grudado nas paredes. A variedade é considerável e ficamos cheios de dúvidas sobre quais equipar e quais não.
Mas, o que torna o trabalho da Moon Studios tão especial?
O controle sobre nosso personagem é algo incrível, o que diferencia o jogo em si é é sua estrutura, forma e acima de tudo, como é que flui como um videogame. O que confere a este jogo é que cada um de seus níveis estão muito bem definidos, considerando os níveis independentes que temos de resolver de diferentes formas, seja lutando, resolvendo um puzzle ou superando plataformas complicadas com as habilidades e poderes que temos em mãos.
Em muitas ocasiões, devemos parar por um bom momento para analisar a situação e ver como deve se mover. Construímos e planejamos com lógica pura e depois executa com sua habilidade. Há desafios complicados que dificilmente completaremos na primeira tentativa, mas vale muito pela experiência.
Por fim, Ori and the Will of the Wisps é um autêntico deleite visual e sonoro que vai simplesmente te deixar de boca aberta o tempo todo, pois cada uma de suas cenas são pinturas perfeitas. Das estradas sombrias de uma floresta escura, às montanhas cobertas de neve do norte e as lagoas do oeste, desta vez, a Moon Studios experimentou diferentes cenários que foram perfeitamente alcançados, é maravilhoso jogar com a música totalmente orquestrada com várias peças que certamente ficarão gravadas na sua memória para sempre.
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