A imagem de capa deste artigo lembra dois momentos para o Super-Homem criado por Joe Shuster e Jerry Siegel. Um bem marcante, pois a luta fatídica do Superman contra Doomsday, em especial, marca com a morte do super-herói o fim de uma era. Dois, o momento atual do personagem, esperança.
Confesso que esperava a recuperação do Superman clássico após a emotiva morte daquele dos “Novos 52”. “Last days of Superman” foi um minievento que dava um final digno ao personagem daquela etapa. Com a primeira edição do Rebirth/Renascimento do Superman, publicado recentemente pela Panini, a ponte entre o clássico e uma nova etapa seria concluída. E ainda com a dupla Peter J. Tomasi e Patrick Gleason a frente do título.
Pessoalmente, esperava um recomeço com um ritmo não tão suave, que seguisse como foi feito no epílogo de Duke Thomas no Batman Rebirth ou com o amadurecimento que Greg Rucka fez com a Mulher-Maravilha. Mas a dupla estabelece um ritmo suave, pausado, com a narrativa mais centrada na família de Clark Kent e seu cotidiano e muito concretamente em seu filho, Jon Kent. Não que seja um defeito, mas um mero porém em relação aos outros dois rebirths personagens da Trindade da DC. Tomasi faz bem em apresentar novos personagens que fazem parte da vida de Clark e levando em conta que o próprio já escreveu ótimas histórias de pais e filhos. A homenagem faz um paralelismo com a infância do Superman, pois ele leva a vida como um fazendeiro e ensina a seu filho as tarefas diárias do campo, como fez seu pai Jonathan. No que tange ao argumento, é muito interessante esse aspecto familiar que Tomasi retoma. Caberia mais, entretanto.
Já em relação a arte, é o que temos de melhor. Com Mick Gray arte-finalizando e John Kalisz colorindo, Gleason encanta com a qualidade do resultado, apresentando maravilhas como uma splash-page de apresentação, que repassa a história de Superman em duas páginas de forma brilhante. Um desenhista de aço, com desenhos e detalhes que encantam os olhos.
Para finalizar, gostaria ainda de fazer um breve comentário sobre o autor. E mesmo com o avanço suave que faz neste primeiro número, podendo não convencer muitos leitores, pois não parece ser um nome suficientemente importante para um personagem como Superman, merece uma atenção. Peter J. Tomasi é um pau pra toda obra na DC Comics nos últimos três anos, pois argumentou praticamente todos os personagens da editora de certa maneira, especialmente no vasto batverso, e com boas histórias que não ficaram tão conhecidas. Como foi no caso de “Batman & Robin”, que compôs com certas imposições editoriais que poderiam lastrar a história, acabou conseguindo convertendo a série em uma das melhores dos “New 52”.
É certo que Tomasi não tem obras primas, mas é um autor que cumpre para que uma série seja desfrutável. No ano passado foi o responsável pela saga Arkham e finalizou Superman/Wonder Woman. Aqui oferece uma história agradável com sabor de nostalgia e de ritmo lento que poderá exigir um precoce desânimo, mas levando em conta a quinzenalidade do título e o próprio estilo do roteirista é absolutamente lógico este ritmo, e, francamente, acredito que não vai nos decepcionar.
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