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"Calmaria" tropeça em seu caráter esquizofrênico

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Fazer algo diferente no cinemão atualmente é uma tarefa duplamente complicada. Primeiro é brotar uma ideia que ninguém ainda teve em mais de cem anos de cinema comercial. Segundo é convencer o estúdio a investir em uma história sem a garantia de retorno de uma adaptação de quadrinhos ou um reboot. Daí temos “Calmaria”, um filme que até busca uma proposta inédita (ou pelo menos próximo disso), no entanto, o desajuste de alguns parafusos comprometeu o resultado desejado para a coisa.

Na trama, Baker Dill (Matthew McConaughey) é um capitão de barcos de pesca que lidera excursões em um tranquilo enclave tropical chamado Plymouth Island. Sua rotina é quebrada quando sua ex-esposa Karen (Anne Hathaway) retorna com um pedido desesperado de ajuda. Ela pede a Dill para salvá-la – e seu filho – de seu atual e violento marido (Jason Clarke). Vendo-se pressionado entre o certo e o errado, o mundo de Dill é mergulhado em uma nova realidade que pode não ser exatamente o que parece.

Eis o problema de “Calmaria”: a falta de uma concatenação de conceitos. Começa se vendendo como algo na linha de Tubarão, com influência de Moby Dick, vira um drama familiar e se revela com um viés de Matrix, mas sem estofo para convencer. A saudável ambição do diretor Steven Knight (no seu quarto trabalho como diretor, também assinando o roteiro) em entregar uma trama surpreendente acabou tropeçando numa esquizofrenia que confunde e irrita o espectador.

A fotografia, que insiste em uma luz fortíssima em tomadas diurnas, também incomoda. A intenção da opção estética até pode ser compreendida pela reviravolta da trama, contudo poderia ter uma regulagem mais adequada. Visivelmente fora do tom, Mattew McConaughey e Anne Hathaway sofrem com uma direção de atores capenga.

“Calmaria” tinha vocação para bom filme e não precisaria de muito. Apenas uma organização melhor das ideias. Se o capricho para dilapidar o material fosse diretamente proporcional à ambição, teríamos um novo cult. Foi por pouco.

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