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Crítica “O Sétimo Filho” fica abaixo das pretensões, mas vale como passatempo

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De uns anos para cá , a Legendary Pictures tem se destacado com a produção de diversos filmes voltados, especialmente, para o público jovem, como “300” (e sua continuação, “A Ascensão do Império”), “Círculo de Fogo” e as recriações de ícones como Superman (“O Retorno” e “O Homem de Aço”) e “Godzilla”. Agora, chega aos cinemas brasileiros o mais recente projeto desta empresa, o primeiro que faz parte de um grande contrato feito com a Universal Pictures, após o fim de sua relação bem sucedida comercialmente a com Warner Bros. Criado para gerar uma nova franquia e com elementos de sucessos como “Harry Potter” e “O Senhor dos Anéis”, “O Sétimo Filho” (“Seventh Son”) até tem algumas qualidades, mas não apresenta nada de muito novo ao gênero de ação e fantasia e o resultado final, embora interessante, nunca empolga de verdade e fica tudo no meio termo.

Inspirada nos livros de Joseph Delaney (cujas primeira e segunda partes estão sendo relançados pela Bertrand Brasil num volume único), a trama se passa numa época indefinida (mas com todas as características da era medieval), onde os humanos lidam com elementos fantásticos e criaturas mágicas. Neste cenário, vive o Mestre John Gregory (Jeff Bridges), o último dos cavaleiros de uma ordem milenar que, no passado, conseguiu aprisionar dentro de uma montanha Mãe Malkin (Julianne Moore), a rainha das bruxas, após uma longa batalha. Só que, dez anos depois, a feiticeira conseguiu escapar de seu cativeiro e começa a unir seu antigos aliados para destruir todos os humanos. Gregory tenta detê-la, mas sem sucesso. Assim, ele decide procurar o último da linhagem dos Sete Filhos que, segundo uma profecia, teria poderes especiais para combater essa ameaça. O veterano guerreiro acaba chegando a Tom Ward (Ben Barnes), um jovem criador de porcos, que decide acompanhá-lo em sua jornada para ter uma mais emocionante do que a que vivia com sua família e também para tentar compreender as estranhas visões que costuma ter. Mas no meio do caminho, Tom se apaixona por Alice (Alicia Vikander), uma bela ladra que tem uma forte ligação com a sua poderosa inimiga, o que pode comprometer seriamente a sua missão.

Tecnicamente falando, não há nada contra “O Sétimo Filho”. A fotografia de Newton Thomas Siegel (de trabalhos como “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”) ressalta muito bem a beleza das locações em Alberta e British Columbia, no Canadá, por exemplo. Além disso, os efeitos especiais de John Dykstra (vencedor de dois Oscars por “Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança” “Homem-Aranha 2”) são muito bem feitos, especialmente na sequência em que a vilã e seus asseclas invadem uma vila e se transformam em diversas criaturas sanguinárias, causando um verdadeiro massacre. Vale destacar também as boas cenas de luta entre os heróis e os monstros na parte final do filme, que são bem executadas, embora não sejam brilhantes. Só que, tirando isso, não há muito no que destacar na produção. Isso se deve, principalmente, à direção pouco inspirada de Sergei Bodrov. O cineasta russo, que chamou a atenção após obter a primeira indicação do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro para o Cazaquistão com “O Guerreiro Genghis Khan”, em 2008, não faz nada além do trivial e torna o filme apenas uma agradável sessão da tarde, que não será lembrado cinco minutos após o fim da sessão. O roteiro de Charles Levitt e Steven Knight também é burocrático e nem as reviravoltas que acontecem na trama chegam a surpreender, tornando banais algumas soluções da história.

O elenco estelar também não colabora. Jeff Bridges, desde que ganhou o Oscar de Melhor Ator por “Coração Louco”, em 2010, parece pouco interessado em levar o seu trabalho a sério e, neste filme, ele parece estar bastante entediado, já que diz as suas falas de maneira aborrecida e preguiçosa, tirando totalmente o impacto de seu personagem. Ben Barnes, mais conhecido como o Príncipe Caspian da franquia “As Crônicas de Nárnia”, faz o protagonista com o mesmo ar de galã já visto anteriormente, sem inovações, embora tenha uma boa química com a sueca Alicia Vikander, em sua estreia no cinema americano. Já Antje Traue (a Faora-Ul de “O Homem de Aço”), que faz a bruxa Bony Lizzie, mãe de Alice, e Djimon Hounsou, que vive o maléfico Radu, são desperdiçados na trama, assim como Kit Harington, o Jon Snow de “Game of Thrones”, que aparece muito pouco, o que pode decepcionar os fãs. Quanto a Julianne Moore, ela não está péssima como a Mãe Malkin, como alguns afobados chegaram a dizer na imprensa internacional. Mas sua performance está abaixo do que costuma fazer em seus diversos papéis, embora não comprometa o filme. Vale também a curiosidade de vê-la dividindo cenas com Bridges, que já trabalharam juntos em “O Grande Lebowski, comédia cult dos irmãos Coen, de 1998.

“O Sétimo Filho” é aquele típico filme para ser visto numa tarde de chuva ou quando você tem que matar tempo até a hora de um compromisso importante. Não deve mudar a vida do espectador, mas pode até despertar a curiosidade dos aficionados por filmes épicos, com aventura e magia. Pelo menos, ele não é arrastado, dura apenas 102 minutos, e serve como um entretenimento descartável. Não mais do que isso.

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