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“Um Reencontro” não consegue escapar da banalidade

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Acrescentar algo novo ou brilhante a um tema tão corriqueiro como homem-encontra-mulher é uma tarefa ingrata. Mesmo adicionando um tempero extra à receita, como diferenças de idade, origens dispares, diferença de raça ou religião, é praticamente impossível não acabar se voltando ao lugar comum. Alguns cineastas e roteiristas ainda conseguem extrair alguma pérola do mote. Como exemplos pode-se citar do fofo “500 Dias Com Ela” de Mark Webb à excepcional remissão de Woody Allen a Crime e Castigo em “Match Point”. Mas no caso da francesa Lisa Azuelos (que assinou o fraquinho “Rindo à Toa” e a sua mais fraca ainda versão americana “LOL”, estrelada por Miley Cyrus) não parece ter havido muita motivação ou inspiração para fugir do banal em seu último longa metragem “Um Reencontro” (Une Rencontre, França/2014), que acaba de chegar ao circuito nacional.

Sem muito mistério desde a apresentação dos personagens, a trama acompanha a bem sucedida escritora Elsa Santorini (Sophie Marceau), que casualmente, no lançamento de seu livro “Amor Quântico” (que dá o título em inglês do filme), conhece o advogado Pierre (François Cluzet, de “Os Intocáveis”) A atração entre os dois é imediata, porém, quando o reencontro do título se dá em uma boate, o fato de Pierre ser casado e pai de um casal de filhos surge como um empecilho, uma vez que Elsa evita se envolver com homens casados. Mas ainda assim a relação se consuma, driblando os obstáculos e a culpa inerente.

Daí, a pergunta retórica: alguma novidade até aqui? E assim segue até o encerrar da (curta, apenas 1 hora e 18) projeção. “Um Reencontro” não chega a ser um desastre, pois se ampara em um trabalho de edição interessante e na presença de Sophie Marceau que enche a tela com sua beleza, ainda no auge, aos 48 anos. Mas isso não é o suficiente para tornar o filme memorável.

Há um recurso estético muito bem concebido que entrelaça a rotina individual dos dois, mas como vai sendo utilizado repetidamente, torna-se irritantemente previsível, como a trama no todo. A partir de determinado ponto é possível até antecipar algumas falas e quando o referido recurso estético entrará em cena. E o mais importante: o elemento gerador de conflito, no caso o fato de Pierre ser casado, se mostra frágil no desenvolver do roteiro, em momento algum se mostra um real obstáculo a ser superado (até porque trair e coçar é só começar). Isso contribui muito para diluir ainda mais um argumento que já não tem tanta força por si só.

E nesses momentos é inevitável imaginar o que o script poderia render sob mãos mais habilidosas, mas por outro lado, há de se ter em mente o quão hercúleo é o trabalho de se extrair magia ou profundidade de um mote tão surrado. Talvez, quem sabe, Lisa Azuelos seja mais bem-sucedida na próxima incursão pelo gênero. Mas neste aqui, não foi além do mais do mesmo.

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