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Escape Room abusa dos clichês…e satisfaz

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“Escape Room” é um típico filme guilty pleasure. Daqueles que você reconhece todos os (gritantes) defeitos, mas ainda assim se diverte durante aquelas duas horas no cinema. E eventualmente retorna para mais em outras plataformas.
Aproveitando o momento em que vive o gênero terror e a mania de escape rooms, os autores Bragi Schut (de “Caça às Bruxas”) e Maria Melnik (da série” Deuses Americanos”) “capricharam” em todos os elementos clichês que compõem esse estilo de thriller psicológico, em que um grupo se vê a mercê de um torturador/conspirador.

A trama gira em torno de seis estranhos que recebem misteriosas caixas pretas com ingressos para uma sala de fuga imersiva para ter uma chance de ganhar uma alta quantia em dinheiro. São eles a tímida estudante de física Zoey (Taylor Russell), o trabalhador Ben (Logan Miller), o jovem comerciante de ações Jason (Jay Ellis), a veterana de guerra pirofóbica Amanda (Deborah Ann Woll), o ex-mineiro Mike (Tyler Labine) e o entusiasta de salsa de fuga Danny (Nik Dodani).
Estando trancados em várias salas com condições extremas, eles vão descobrindo os segredos que estão por trás da sala de fuga e precisam lutar para sobreviver e encontrar uma saída.Com personalidades distintas, a princípio adotam a conduta do cada um por si (como em um reality show), mas o perig que sobrevém os fazem se unir. Primeira sensação de repetição no ar.
O curioso é que o diretor preferiu dar enfatizar na tensão, e não no gore. É um terror praticamente sem sangue, como que uma estratégia para abrir o leque etário e consequentemente da bilheteria. Isso certamente irá frustrará os fãs do sangue e vísceras. A esses nem a acertada construção do clima pode eclipsar tamanho “desrespeito” com o gênero.
A surpresa fica mesmo para quem for assistir com baixíssimas expectativas que o trailer, a sinopse, e o próprio início do filme passam.

A culpa que o espectador sente não é só pelo prazer diante de uma obra sem nenhuma inovação, mas também por sentir apreensão mesmo sabendo exatamente como se desenrolarão as situações e até mesmo as supostas reviravoltas. Aí temos que reconhecer o mérito do quase estreante Adam Robitel, em seu terceiro trabalho ocupando a cadeira de diretor de um longa e, apesar de não apresentar nenhuma grande ousadia estética, consegue nos ter reféns dos gatilhos criados para desencadear as sensações programadas em cada linha do script.
Longe de ser uma obra-prima, Escape Room se sai bem como um entretenimento ligeiro, lembrando em muitos momentos até pérolas trash dos áureos tempos das vídeo locadoras. Sabemos quem vai morrer, quem vai sobreviver, mas mesmo assim acompanhamos o desenvolver do roteiro sem piscar os olhos até o final. Robitel (que até dá uma de Hitchcock) não tem pudores em mostrar abertamente suas influências em cada enquadramento e movimento de câmera.
Quanto às atuações, é exatamente o que se espera em produções desse tipo. Não espere Shakespearianismos.  Apesar de ser um projeto modesto, o estúdio demonstra confiança no retorno financeiro. O final dá margem para uma continuação.

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