AcervoCríticasFilmes

“Espírito Jovem”: uma corriqueira mas irresistível história de Cinderela

Compartilhe
Compartilhe

Histórias de luta e perseverança por um grande sonho ou conquista são irresistíveis. Trabalhá-las na ficção é um tiro certeiro, mas que pode sair pela culatra se cair na armadilha do dramalhão, do apelo para as emoções fáceis e para o lugar-comum. Curiosamente, há casos em que a estrutura desse tipo de narrativa segue com retidão uma receita de bolo sem grandes ousadias e o resultado ainda assim é satisfatório. O filme “Espírito Jovem” é um bom exemplo.

Nessa clássica história de Cinderela, Violet (Elle Fanning) é uma adolescente tímida que sonha em sair de sua pequena cidade e perseguir sua paixão por cantar. Com a ajuda de Vlad (Zlatko Buric), um mentor improvável, ela participa de uma competição de canto local, uma espécie de “The Voice”, que testará sua integridade, talento e ambição.

É possível traçar um paralelo de “Teen Spirit” (no original) com clássicos do gênero “árdua jornada rumo ao triunfo”, como “Flashdance” e principalmente “Rocky, Um Lutador” e “Karatê Kid”. O jovem diretor britânico Max Minghella (de “A Hora da Escuridão”), que também assina o roteiro, mostra a mesma verve do falecido o falecido John G. Avildsen, diretor dos dois últimos, para conduzir histórias de azarões.

É tudo bastante previsível aqui. Até mesmo a reviravolta em um determinado ponto da trama. No entanto, a sensibilidade com que são trabalhados os personagens, o desenvolvimento da trama em si e o ótimo trabalho de fotografia eclipsam a falta de originalidade. Outro ponto muito positivo é a seleção de músicas que compõem a trilha sonora. Ali há desde ‘Little Bird’ de Annie Lennox, na voz de Elle Fanning, até a pérola trash da dance farofa dos anos 90 Saturday Night, passando por The Shades, Orbital e outros.

A comovente atuação de Buric como uma espécie de sr. Myiagi dos Balcãs – em uma versão um pouco mais melancólica – merece destaque. Patinando entre a resignação e o sonho de voltar, de algum jeito, ao prestígio de outrora, o personagem é o elemento responsável por boa parte da empatia com a jornada de Violet.

“Espírito Jovem” se encaixa perfeitamente nessa atual leva de filmes musicais, na esteira de “Nasce Uma Estrela”, “Bohemian Rhapsody” e “Rocketman”. Pode não ter uma canção original marcante como ‘Shallow’, mas as músicas cantadas por Elle Fanning funcionam adequadamente. No caso aqui, é uma ficção, mas assim como o sucesso estrelado por Lady Gaga, tem toda uma estrutura de cinebiografia. Sem final trágico, mas também sem aquela incômoda exaltação do triunfo.

Compartilhe

Comente!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sugeridos
CríticasFilmesLançamentos

Parthenope: Os Amores de Nápoles

Juntas, elas têm 26 Oscars de Melhor Filme Internacional. Itália e França,...

AstrosCríticasMúsica

“Angel of the Morning”: Uma Canção Atemporal

Há músicas que transcendem o tempo, atravessando décadas e gerações com uma...

CríticasFilmesLançamentos

“Máquina do Tempo” muda o rumo da História com narrativa ousada

Se você gosta de História tanto quanto eu, já deve ter se...

AgendaFilmes

CAIXA Cultural Rio de Janeiro recebe mostra gratuita da cineasta Paula Gaitán

A CAIXA Cultural Rio de Janeiro apresenta, entre os dias 6 e...

FilmesPremiaçõesVideocastVideos

Por que Fernanda Torres perdeu o Oscar?

O Brasil está em festa pela vitória de “Ainda Estou Aqui” no...

FilmesNotíciasPremiações

Oscar com vitória inédita do Brasil leva clima de Copa do Mundo ao Carnaval

Foi uma situação atípica no último domingo (2). Um Oscar no meio...

EntrevistasFilmesNotícias

Fernanda Torres pede para mandarem “só amor a Mikey Madison”

Diretor e atores do filme brasileiro vencedor do Oscar conversaram sobre "Ainda...