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Fernanda Torres pede para mandarem “só amor a Mikey Madison”

Diretor e atores do filme brasileiro vencedor do Oscar conversaram sobre "Ainda Estou Aqui" em coletiva

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No dia seguinte ao Oscar 2025, já histórico para os brasileiros, o diretor Walter Salles e os protagonistas Fernanda Torres e Selton Mello se reuniram em coletiva de imprensa para falar sobre “Ainda Estou Aqui”, que venceu o prêmio de Melhor Filme Internacional. O trio comentou toda a repercussão do filme, ainda em cartaz em todo o Brasil, assistido por mais de 5 milhões de pessoas, além, é claro, da cerimônia da Academia no último domingo (2).

A história, que adapta o livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre como sua mãe Eunice Paiva precisou lidar com o sumiço de seu marido, Rubens Paiva, nos porões da ditadura militar, não só faz uma denúncia ao que aconteceu no país entre 1964 e 1984, como serve de alerta para o cenário atual. Salles comentou sobre como a democracia está cada vez mais frágil ao redor do mundo, e como o autoritarismo está crescendo nos Estados Unidos e ao redor do mundo. “A gente está vivendo algo aqui que eu não esperei ver tão cedo. Estamos vendo um projeto de fragilização da democracia e não pensei que veria tão cedo”, disse o cineasta brasileiro.

O trio exaltou que a vitória no Oscar foi um prêmio para arte. Selton disse que os sensíveis foram premiados. Que pessoas que tinham sonho de se lançar na literatura ou fazer cinema, agora vão fazê-lo.

Perguntada sobre o papel significa para as carreiras dos atores, Fernanda respondeu: “Eunice não é nem minha carreira, a Eunice me mudou como atriz eu visitei lugares que nunca tinha visitado. Vi como a gente era honesto na atuação.” Segundo ela, Salles limpou tudo que era ficção, como o cenário do filme é uma casa que ele frequentou. “Ele limpou a ficção encontrei a contenção o realismo (…) e o ator é o acúmulo dos personagens que faz, e a Eunice eu vou levar para sempre”, disse a atriz indicada, que agradece por ser vista pelo mundo com a grandeza da Eunice.

Sobre a forma com que compôs Rubens Paiva, Selton contou que não tinha imagens em movimento do ex-deputado, apenas fotos, e que queria, na verdade, emanar a sua energia, e não imitá-lo.
Já Fernanda lembrou de como eles se tornaram uma família, inclusive identificando particularidades de cada filho fictício como se fossem seus filhos reais.

Walter comentou que contou a Mohamed Hasoulof, diretor de “A Semente do Fruto Sagrado”, também indicado a Melhor Filme Internacional o quanto tinha amado o filme dele e no BAFTA o cineasta iraniano se aproximou do brasileiro e fez uma declaração de amor ao filme, já no domingo, revelou que iria torcer para “Ainda Estou Aqui”. Tanto que foi o primeiro que ele abraçou. Sean Baker ontem disse pra Fernanda como ele gostou do filme.

Walter também se lembrou de como o icônico diretor alemão Wim Wenders, quando soube que o cineasta brasileiro não poderia ir a Alemanha, encarregou-se da tarefa de realizar uma apresentação do filme no país, inclusive dirigindo na neve para garantir a sessão. Um votante alemão da Academia de Hollywood disse a Walter que se apaixonou pelo filme por ter visto na sessão de Wender.

Perguntados sobre projetos futuros, Fernanda brincou dizendo que vai fazer culinária. Selton volta pro Brasil pra fazer a sexta temporada de “Sessão de Terapia”, e em breve o elenco vai ser anunciado

Fernanda fala da afetividade trazida pelo Walter, que mostra aquela família de forma empática. São 20 minutos sem acontecer nada, criando um envolvimento do espectador com os personagens, até o momento em que aquilo nos é tirado.

A atriz, certamente já ciente das reações negativas dos brasileiros em relação a Mikey Madison – atriz de Anora que levou o prêmio que tinha Fernanda e Demi Moore na disputa -, aproveitou para mandar um recado para os possíveis haters nas redes sociais. “Eu quero aproveitar que estamos todos aqui e falar, mandem só amor para a Madison [Mikey]. Ela é uma mulher bacana, mandem só amor”, disse, finalizando a coletiva.

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