O 15º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo acontece de 9 a 16 de dezembro via plataformas digitais, acessíveis em todo o território brasileiro e sem custos para o público.
No total, são exibidos 36 filmes, representando 15 países da América Latina e Caribe: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
A programação destaca um inédito ‘Foco América Central’, com cinco títulos produzidos na Costa Rica, Cuba, El Salvador e Honduras. Está presente a tradicional seção ‘Contemporâneos’ (com 21 filmes recentes) e uma ‘Homenagem BrLab 10 Anos’, com longas-metragens que estiveram em diferentes edições desse laboratório de desenvolvimento de projetos.
Uma série de encontros e debates estão agendados, todos realizados de forma virtual (lives): Cinema da Vela Especial “Do Super-8 às Plataformas Digitais, dos Anos 1970 à Década de 2020 – As Trajetórias Criativas de Dois Realizadores Brasileiros” (10/12, às 20h00), encontro “Políticas Públicas e Plataformas Digitais” (11/12, às 16h00), encontro “Circuitos de Exibição de Cinema Independente na América Latina” (12/12, às 16h00), debate sobre o filme “Um Dia Qualquer” (12/12, às 19h00) e master class “Processo Criativo no Cinema Independente Atual” (15/12, às 17h00).
A cerimônia de abertura acontece às 19h00 do dia 9/12, quarta-feira, e pode ser acessada em www.festlatinosp.com.br. Já a cerimônia de encerramento acontece em 16/12, quarta-feira, às 19h00, no mesmo endereço.
Mostra Contemporâneos
Em ‘Contemporâneos’ estão 21 títulos, sendo 19 deles inéditos no país. Estão incluídas cinco produções brasileiras em pré-estreia mundial: “Domicílio Incerto”, “Filmefilia” – Um Fax para Godard”, “Ozu Piroclástico”, “Rompecabezas” e “Um Dia Qualquer”.
“Domicílio Incerto” registra a troca de correspondências entre seus diretores, Davi Mello, que tem carreira reconhecida no circuito de curtas-metragens, e a “image maker” Deborah Perrotta, cujo projeto fotográfico “La Virtù di Non Essere Più” foi premiado na Itália.
“Filmefilia” – Um Fax para Godard” parte de vídeos publicados numa página do Instagram e seus realizadores incluem uma criadora de experimentos cinematográficos (Stela Ramos), o responsável pela trilha de diversos filmes (Eduardo Bonzatto), o montador de obras de Helena Ignez e Diego da Costa (Sergio Gag) e o produtor do longa-metragem “Selvagem” (Well Darwin). Darwin é o diretor “solo” de “Ozu Piroclástico”, uma obra que diálogo com o Cinema Marginal brasileiro e um de seus ícones, Ozualdo Candeias (1922-2007). Dellani Lima, diretor de “Rompecabezas”, no qual militantes decidem sequestrar um ex-torturador, tem na filmografia obras selecionadas para diversos festivais, entre elas “Queda de Conexão”, “Apto. 420”, “Planeta Escarlate”, “Trago Seu Amor” e “O Tempo Não Existe no Lugar em que Estamos”.
Passado em um subúrbio carioca dominado pelas milícias, “Um Dia Qualquer” traz no elenco Mariana Nunes, Augusto Madeira e Vinícius de Oliveira, em uma direção de Pedro von Krüger (dos longas “Pulmão da Arquibancada”, “Estrada de Sonhos” e “Memória em Verde e Rosa”) e produção de Denis Feijão (produtor de “Raul: O Início, o Fim e o Meio” e “Sabotage: Maestro do Canão”, entre outros.
Outros cinco filmes brasileiros estão presentes em ‘Contemporâneos’: “Batalha”, “Filho de Boi”, “Música para Ninar Dinossauros”, “Zona Árida” e “La Prata Yvyguy – Enterros e Guardados”. “Batalha” documenta as batalhas de rimas (“slams”) na periferia leste da cidade de São Paulo e tem direção do premiado cineasta Cristiano Burlan (de “Mataram Meu Irmão”).
“Filho de Boi”, de Haroldo Borges (do coletivo baiano Plano 3 Filmes, responsável por “Jonas e o Circo sem Lona”) se passa no sertão da Bahia, onde um pequeno circo mostra-se oportunidade para um adolescente fugir do lugar, e teve estreia mundial no prestigioso Festival de Busan, venceu o prêmio de público no Festival de Málaga e ainda foi selecionado para o Festival de Guadalajara. “Música para Ninar Dinossauros” é dirigido pelo dramaturgo, diretor teatral e ator Mário Bortolotto, fundador do Grupo Cemitério de Automóveis Brasil e premiado pela APCA pelo conjunto da obra. O enredo focaliza três amigos cinquentões incapazes de ter relações convencionais com mulheres e no elenco estão Lourenço Mutarelli, Paulo de Carvalho, Carca Rah e Francisco Eldo Mendes, entre outros.
Já a produção paranaense “Zona Árida”, de Fernanda Pessoa (de “Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava”, exibido em mais de 25 festivais e disponível na Netflix), reflete sobre a experiência da diretora como aluna nos Estados Unidos. Uma coprodução entre o Brasil e o Paraguai dirigida por Marcelo Felipe Sampaio e Paulo Alvarenga, “La Prata Yvyguy – Enterros e Guardados” traz no elenco Malu Bierrenbach, Iago Alvarenga, Andrea Chaves e Marcio Menighelli para tratar de lendários tesouros guardados durante a Guerra do Paraguai, o maior conflito armado ocorrido na América Latina.
A seção ‘Contemporâneos’ apresenta dez títulos internacionais inéditos no Brasil, representando Argentina (“Os Errantes” e “Os Segredos do Armário”), Chile (“Harley Queen”), Colômbia (“Relatos de Reconciliação”), Equador (“Killa” e “Llanganati”), México (“Desenhos Contra as Armas”), Paraguai (“Aio, Somos Memória, Temos Lembranças”), Peru (“A Migração”), Panamá e Venezuela (“Morte em Berruecos”, uma coprodução ainda com o Equador e Estados Unidos). Lançado no Festival de Mar del Plata, “A Migração” é assinado pelo diretor argentino radicado no Peru Ezequiel Acuña e acompanha um músico de rock à procura de um amigo que desapareceu.
O paraguaio “Aio, Somos Memória, Temos Lembranças” trata de memórias e lembranças e é assinado por José Eduardo Alcazar, conhecido pelo público do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, que já exibiu em edições anteriores seus longas “O Amigo Dunor”, “US/Nosotros” e “3–1=2 Rodando”. Dirigido por Alicia Calderón (de “Retratos de Una Búsqueda”), “Desenhos Contra as Armas” trata de uma infância ferida e a mulher que tenta curá-la na violenta região de Ciudad Juárez, fronteira mexicana com os Estados Unidos. Dupla que assina filmes exibidos em festivais como Locarno, San Sebastián e Bafici, além de responsável pelo evento chileno Festival de Cine Social y Antisocial, Carolina Adriazola e José Luis Sepúlveda abordam em “Harley Queen” uma moradora no considerado maior gueto do Chile, na cidade de Santiago, que deseja ser, ao mesmo tempo, uma supervilã, dançarina e mãe.
Com obras exibidas em festivais nos Estados Unidos (como o Sundance), Europa e Japão, o cineasta indígena equatoriano Alberto Muenala apresenta em “Killa” uma elogiada história de amor, entre uma jornalista e um fotógrafo, recheada de racismo e perseguição. A busca do enorme tesouro Inca escondido nas montanhas equatorianas está no centro do documentário “Llanganati”, longa assinado por Isabel Dávalos (produtora dos sucessos lançados em Veneza e em Cannes, respectivamente “Ratas, Ratones, Rateros” e “Crónicas”) e pelo reputado fotógrafo Jorge Anhalzer. “Morte em Berruecos” é um thriller policial de época, passado em Bogotá em 1840 e baseado no assassinato de Antonio José de Sucre. Seu diretor, o venezuelano Caupolicán Ovalles, foi produtor de vários filmes para RAI (Itália) e Canon Pictures (EUA).
Longa de estreia da diretora argentina Irene Franco, “Os Errantes” focaliza um casal que trabalha numa plantação de erva mate na fronteira da Argentina com o Brasil que se envolve em uma briga com contrabandistas. Também argentino, o cineasta Nicolás Teté já teve obras premiadas em festivais de prestígio, como o Bafici, de Buenos Aires. Seu mais recente filme, “Os Segredos do Armário”, trata de segredos familiares e os vínculos do protagonista (vivido pelo ator e cantor Facundo Gambandé, conhecido pela série “Violetta”, do Disney Channel) com o pai e a mãe. A violência na Colômbia é tema da animação “Relatos de Reconcilia”, de Rubén Monroy e Carlos Santa, parte de um projeto transmídia no qual depoimentos de vítimas são interpretados artisticamente.
“Mapa de Sonhos Latino-americanos” (Argentina/México/Noruega), de Martín Weber, completa a programação ‘Contemporâneos’. O filme acompanha Martín Weber, que fotografou latino-americanos, pedindo a eles que escrevessem seus sonhos e que agora parte à procura das mesmas pessoas.
Foco América Central
Programação especial do 15º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, o Foco América Central reúne trabalhos de cinematografias que nos últimos anos alcançaram crescimento e prestígio internacional. Costa Rica, El Salvador e Honduras passaram a fazer parte do cenário internacional de cinema e o festival dedica à região seu foco em 2020. São exibidos os seguintes longas-metragens inéditos no Brasil: “A Condessa”, de Mario Ramos, “Apego”, de Patricia Velásquez, “De Barlavento a Sotavento”, de Pilar Colomé, e “Rio Sujo”, de Gustavo Fallas. Completa a lista “Agosto”, de Armando Capó.
Produção de Honduras, em parceria com os Estados Unidos, “A Condessa” acompanha dois irmãos que passam um final de semana com as respectivas namoradas na antiga casa de avós delas onde vão descobrir um sombrio segredo. Trata-se do primeiro longa-metragem de ficção do premiado documentarista e curta-metragista Mario Ramos.
“Agosto” (Cuba/Costa Rica/França) teve seu roteiro original premiado pelo Sundance Institute ao focalizar uma das mais grandes crises na história de Cuba, o denominado “Período Especial”, quando muitos barqueiros tentaram chegar ilegalmente aos Estados Unidos. O protagonista vê seus vizinhos e conhecidos indo embora, as amizades acabarem e as famílias se separando.
Em El Salvador, Arturo, Wendy e Amílcar moram num lago vulcânico e, a partir do esporte de vela, aprendem a dominar a natureza e a vencer a violência e as adversidades. Assim é “De Barlavento a Sotavento”, estreia no longa-metragem da realizadora salvadorenha Pilar Colomé, vencedor do Festival das Américas New York 2014 com “Jocelyn and The Coyote” e reconhecida por sua produção de documentários, vídeos sociais e curtas-metragens de ficção em El Salvador, Guatemala e México. Ela também é professora e designer de programas educacionais para jovens em situação de risco.
Já em “Rio Sujo” (Costa Rica/Colômbia), um eremita procura uma vaca que sumiu da sua pequena fazenda. Quando seu neto de 12 anos chega, começam a aparecer os fantasmas da infância. O diretor costarriquenho Gustavo Fallas, após estudos no Canadá, passou a realizar em seu país documentários e publicidade. Já dirigiu, em 2013, o longa “Puerto Padre”, premiado no Festival de Montreal.
Produção de Costa Rica com o Chile, “Apego” é protagonizado por uma arquiteta, filha de exiliados chilenos, e sua relação com a filha, sua mãe, e um antigo amor da universidade. Este é o segundo longa-metragem da diretora Patricia Velásquez, que estreou em 2014 com “Dos Aguas” e teve em 2016 o documentário “La Sombra del Naranjo” selecionado para participar do projeto DocTV Latinoamérica representando a Costa Rica.
Homenagem BrLab 10 Anos
Um dos mais importantes laboratórios de desenvolvimento de projetos audiovisuais da América Latina, o BrLab foi criado em 2011 como parte da programação do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo. Trata-se de um evento e laboratório anual destinado a futuros filmes em fase de desenvolvimento e à capacitação de profissionais do setor audiovisual. Atualmente, é o único evento de mercado no Brasil que recebe projetos de toda América Latina e Península Ibérica e que agrega diferentes workshops internacionais na sua programação. Comemorando sua primeira década de atividades, o BrLab preparou, em parceria com o festival, uma programação com dez longas-metragens, brasileiros e internacionais, cujos projetos participaram da iniciativa.
“Abaixo a Gravidade” (Brasil-BA, 2017) é o terceiro longa-metragem do baiano Edgard Navarro, após o premiado “Eu Me Lembro” e “O Homem que Não Dormia”. Além de ser o filme de encerramento do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a obra conquistou três prêmios no Fest Aruanda: melhor direção de arte, melhor ator coadjuvante prêmio da crítica. Destaca-se no elenco principal Everaldo Pontes, Rita Carelli, Bertrand Duarte e Ramon Vane. O enredo focaliza o personagem Bené, que dedicou muitos anos à busca da sua evolução espiritual, em uma pequena cidade do interior brasileiro.
Um dos mais conhecidos animadores brasileiros, realizador de “Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’nRoll” e de “Até Que a Sbórnia nos Separe”, o gaúcho Otto Guerra traz em “A Cidade dos Piratas” (Brasil-RS, 2018) uma obra inspirada nos famosos quadrinhos da cartunista Laerte. O longa foi eleito como melhor animação no ANIMA – Festival Internacional de Animação de Córdoba (Argentina) e no Prêmio Guarani. Com as vozes de Laerte, Otto Guerra, Matheus Nachtergaele, Marco Ricca, Marcos Contreras e Luis Felipe Ramos.
Estreia no longa-metragem do diretor costarriquenho Iván Porras Meléndez, “A Dança da Gazela” (Costa Rica/México, 2018) focaliza um senhor de 72 anos cujo sonho de ganhar um troféu no futebol nunca se realizou. Ele vai encontrar uma última possibilidade num concurso de dança tropical.
Um homem de 32 anos volta à sua cidade natal para acompanhar o processo legal no qual será julgado pelo assassinato do pai e da mãe. Este é o ponto de partida de “Caminho de Campanha” (Argentina, 2014). O personagem passa então a testemunhar inesperados atos de violência. O diretor do longa, Nicolás Grosso, é conhecido produtor de vários longas-metragens e séries televisivas argentinas.
Filme sensação da atual cinematografia uruguaia, “Chico Ventana Também Queria Ter um Submarino”, de Alex Piperno, teve pré-estreia mundial no Festival de Berlim 2020 e participou de importantes eventos internacionais. O enredo focaliza um jovem marinheiro que descobre uma porta que misteriosamente leva a um apartamento em Montevidéu. Simultaneamente, perto de uma pequena aldeia rural nas Filipinas, camponeses encontram uma antiga cabana com poderes sobrenaturais.
Outro filme uruguaio de sucesso, “Clever” (2015), de Federico Borgia e Guillermo Madeiro, foi vencedor de 13 prêmios internacionais. Nele, um instrutor de artes marciais viaja a uma cidade remota em busca do único artista capaz de pintar fogos especiais em seu carro.
Estreia no longa-metragem do cineasta Hugo Giménez, “Matar a um Morto” (Paraguai/Argentina/França/Alemanha, 2019) se passa em 1978, em meio à A ditadura civil-militar paraguaia (1954-1989), quando dois homens trabalham enterrando corpos clandestinamente. Um dia, entre os corpos, chega um que pertence a um homem que ainda respira.
Com “O Lobo Atrás da Porta” (Brasil-SP, 2012), o brasileiro Fernando Coimbra estreou no longa-metragem vencendo o principal prêmio do Festival do Rio (em premiação dividida com “De Menor”, de Caru Alves de Souza). Com um elenco liderado por Leandra Leal, Milhem Cortaz, Fabíula Nascimento e Juliano Cazarré, o enredo descreve uma trama de amor passional, obsessão e mentiras. O filme conquistou outras 30 premiações nos festivais de Guadalajara, Havana e San Sebastián, entre outros. Coimbra dirigiu posteriormente a produção norte-americana “Castelo de areia” e episódios de séries televisivas, como “O Homem da sua Vida”, “Outcast”, “Narcos”, “Terrores Urbanos” e “Dilema”. Seu novo longa, o thriller norte-americano “Possession: A Love story”, encontra-se em finalização.
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