Baseado no livro de Marçal Aquino, Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios, mais um concorrente da Premiere Brasil do Festival do Rio 2011 trouxe um vigor artístico à seleção apontando para caminhos mais ambiciosos.
Li esse livro há uns dois anos e, embora não tenha o poder colérico dos contos do autor, mantém a áurea de jogar luz aos indivíduos em seus universos desoladores relativizando a noção de redenção. Chego a pensar que o filme consegue ser melhor que o livro.
Com uma fotografia bem exuberante, enaltecendo a beleza crua do estado do Pará, o filme acompanha um complexo triangulo amoroso entre um fotógrafo (Gustavo Machado), um pastor (Zecarlos Machado) e uma mulher de passado, presente e futuro um tanto enigmáticos (Camila Pitanga) que se fundem na expectativa trágica de suas vidas entrelaçadas.
A produção tem a assinatura autoral de Beto Brant e Renato Ciasca (já feito um belo trabalho em Cão Sem Dono) que ecoam a luxúria e o fervor dessas relações em paralelo a situação político-social do lugar. Ainda que esses temas, por vezes, esbarram em algum estranhamento narrativo, o resultado é muito acima da média. Trata-se de um filme belíssimo e um dos melhores da dupla…
Mas se o filme tem uma alma, ela se chama Camila Pitanga… Acredite, vocês nunca a viram tão explêndida, ora pela beleza de ser, ora pelo nível assombroso de intrepretação. Os lábios do título dimensionam suas expressões que ampliam a máxima de uma intenção cênica. Ela está por inteira e monopoliza cada milésimo de nossa atenção.
Por Camila, pela destreza da trama (que seria injusto se não citasse o trabalho exemplar de Gero Camilo, fazendo um gay filosófico em contraste com aquele meio) e pelo resultado impactante que causa, o filme merece ir além de uma badalação de festival.
[xrr rating=4.5/5]
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