“Nossa Vida Expota (We Live in Public, 2009), é o segundo documentário de Ondi Timoner a vencer a mostra de Sundance, colocando a norte americana em posição de destaque no cenário de documentários. Mas não tome isto como uma recomendação de “Nossa Vida Exposta”.
O documentário conta trajetória de Josh Harris, um dos jovens visionários que ainda na década de 80 vislumbraram o que poderia se tornar a internet e apostaram todas fichas no futuro. Em 1993 Josh fundou a Pseudo.com, empresa de webscasting de audio e vídeo enquanto todos pensavam caixas de texto, como resultado Josh se tornou um dos primeiros milionários da internet, possibilitando a ele utilizar a Pseudo.com para dialogar com artistas e realizar trabalhos experimentais. Expulso de seu próprio negócio em 1998 por ser considerado excêntrico e instável, Josh aproveitou sua fortuna para criar o incrível projeto Quiet: We Live in Public as vésperas da entrada do milênio.
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Quiet: We Live in Public foi projeto de três meses de manutenção de uma sociedade paralela, que vivia dentro de um complexo desenvolvido e sustentado por Josh onde todos perdiam completamente o direito a privacidade, sendo vigiados 24/7 por câmeras sem direito a reclamações. Vale ressaltar que o ambiente ainda contava com bebidas, drogas, salas de tiros, uma mesa de jantar única para os 300 habitantes, banheiros transparentes e uma sala de interrogatório. O projeto foi fechado pela polícia da cidade de Nova Iorque no final do reveillon de 2000 após denúncia anônima, mas Josh já tinha atingido seu objetivo e agora queria mais.
Após compreender as pessoas não se contentam mais com quinze minutos de fama, Josh convenceu sua namorada a se tornar o primeiro casal a viver monitorado na internet em uma casa “big brother”, sem qualquer possibilidade de privacidade e ainda com interação para o público que acompanhava tudo pela internet. Conceitualmente fadada ao fracasso pela condição humana, Josh e sua namorada terminam e o que já estava ruim fica pior após o famoso “estouro da bolha”, que levou todas empresas ponto-com não lucrativas para bancarrota em 2001. Sem mulher, dinheiro e a tão desejada exposição, Josh entra em crise e se isola do mundo numa fazenda de laranjas na Flórida, onde passa alguns anos até tentar novamente voltar aos holofotes em 2005 com um projeto de website de vídeo colaborativo, onde cada usuário pudesse criar seu canal de conteúdo (parece familiar, Youtube alguém?). O documentário termina mostrando Josh Harris nos dias atuais ensinando basquete na Africa, ressaltando que o “midas” poderia retornar a qualquer momento.
Primorosamente montado e conduzido, “Nossa Vida Exposta” peca por oferecer uma visão mitológica de alguém cuja importância não é relevante como o documentário prega, além de cometer deslizes injustificáveis, como ignorar completamente o Youtube enquanto mostrava o “visionário” projeto de Harris em 2005, ano que o site já despontava com proposta similar, e mostrar Josh como um humanitário na África, quando na verdade ele trabalha como presidente da African Entertainment Network 🙁
[xrr rating=2/5]
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