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Festival do Rio: “Sangue Francês” e as feridas deixadas pela extrema direita na Europa

A década de oitenta foi marcada por uma escalada da direita na Europa e deixou marcas no continente que podem ser sentidas até hoje, no que tange à questão dos imigrantes e seus descendentes. “Sangue Francês” (Un Français, França/2015) mostra um jovem neonazista nos anos 80 cuja diversão é sair com os amigos aterrorizando árabes, indianos, paquistaneses e africanos, além de comprar briga contra skinheads e punks. Conforme o tempo passa, por mais que tente se manter fiel às suas convicções, o bom senso fala mais alto e ele se dá conta de que talvez sua verdade não seja tão absoluta quanto se pensava.

O filme se baseia em fatos reais, e mostra ao longo da tragetória de Marco, a força dos partidos de extrema direita na França, sobretudo a frente nacional de Jean Marie Le Pen, que assustadoramente está longe de perder sua força. Dessa forma, o filme estabelece uma análise sobre a identidade francesa (que pode se estender a outros casos na Europa) que se tornou plural com o contingente de imigrantes recebidos sobretudo a partir dos anos 60. Negar a identidade francesa a um argelino é no mínimo obtuso. Isso é mostrado na frase da ex-mulher de Marc que , no dia da final da Copa de 98 entre Brsail e França, se recusa a ssistir ao jogo por não ser a França e sim Argélia-Camarões.

Enquanto assistimos Marco em uma trajetória rumo à redenção (ainda que involuntária), vemos as pessoas que o cercam indo na direção oposta rumo ao abismo. Essa é a visão niilista do diretor Diastème, de descrença nos valores de liberdade, igualdade e fraternidade que norteiam o ideal francês, mas que na prática são contraditos em muitos momentos pela intolerância xenófoba, homofóbica e racista.

Alban Lenoir defende o não muito fácil papel de Marco com todas as nuances de sua configuração. Para Diastème Marc até pode ter salvação, mas a sociedade francesa, e europeia como um todo, não.

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