Os diretores Michel Gondry (Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças), Leos Carax (Pola x) e Bong Joon-ho (O Hospedeiro) unem 3 curtas, tendo a capital japonesa como cenário.
Mas seria apenas este cenário, o denominador comum entre as três histórias?
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Vejamos:
“Interior Design” (Gondry) é o primeiro curta, feito a partir da HQ “Cecil and Jordan in New York”. Narra a história de um casal de namorados, recém chegado a Tokyo (trocando a cidade da HQ) e com dificuldades para se adaptar, principalmente a garota, que passa a sentir-se cada vez mais inútil e isolada, até que se transforma numa cadeira.
Parece idiota, mas faz sentido ao ver o filme. Afinal de contas, cada um precisa encontrar uma vocação.
“Merde” (Leos Carax) vem em seguida, com algo bem mais agressivo. Um sujeito insano em todos os sentidos habita os esgotos da cidade, e volta e meia sai para caminhar pela superfície, tratando a todos com total desprezo, gerando asco, ódio e pavor. O indivíduo é capturado após uma série de atrocidades. Seu julgamento é o momento mais surreal, afinal de contas, nada mais absurdo que tentar um diálogo racional com alguém que possui uma percepção totalmente distinta das demais pessoas e se intitula Merde.
O desenrolar da trama, me leva a crer que ele nada mais era que um produto da cidade, algo que brotou do solo, da mesma forma que saia dos esgotos, esfregando na cara dos habitantes, tudo aquilo que eles mais temiam. O reflexo de seus próprios preconceitos e seus “pecados”. Como um refluxo da privada.
“Shaking Tokyo” (Bong Joon-ho) fecha o pacote, retratando um problema que existe de fato no Japão, pessoas que optam por se isolar dentro de casa, tendo o mínimo de contato com o mundo exterior. Até onde sei, em geral são jovens que se isolam nos seus quartos, mas neste o protagonista é um sujeito que vive sozinho. Ao longo de 10 anos ele não apenas se habituou a isso, como aprimorou ao extremo, vivendo uma vida regrada e inabalável pelos demais, até que o imprevisto acontece, e sua atenção se volta para fora, mais precisamente para uma garota bem peculiar.
Hoje em dia é cada vez mais fácil nos isolarmos do mundo, mesmo com a ilusão de contato que são os e-mails, redes sociais e tudo mais. O filme demonstra a importância do contato físico para um ser social como o homem. Mas alguns precisam ser sacudidos para perceberem.
Conclusão:
A questão suscitada no trailer, “Nós moldamos a cidade, ou ela nos molda?” é respondida de três formas distintas, e igualmente ambíguas, até porque uma cidade é formada pelo conjunto de seus habitantes e por isso todos a moldamos, mas por outro lado, também somos influenciados pelo coletivo e nos sentimos forçados e nos adaptar, confrontar ou isolar.
O denominador comum? Um retrato atual de como o indivíduo reage ao coletivo.
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