Festival do Rio : Gare du Nord

A Gare Du Nord é um dos maiores centros nevrálgicos de Paris. A estação central da cidade luz é a maior porta de entrada e saída da cidade e do país, perdendo apenas para o aeroporto Charles de Gaule. Por ali passam todos os dias milhares de pessoas de todas as nacionalidades, traduzindo em um pequeno espaço toda a multiplicidade cultural e étnica que vemos não só em Paris, mas nas principais capitais
A cineasta Claire Simon teve a idéia de transformar a estação no pano de fundo para o desenrolar das tramas paralelas que se cruzam em seu último longa “Gare Du Nord” (Idem, França 2013), em exibição no Festival do Rio. Claire, que deu entrevista ao Ambrosia, veio ao Rio para divulgar o filme e participou da primeira exibição para o público na noite de sábado no cinema Estação Rio, em Botafogo.
garedunor_f02cor_2013111521A estação não consiste apenas em passageiros, passantes, funcionários e vendedores das lojas e estandes. Antes de mais nada, são vidas, histórias peculiares que ali desfilam, mas a correria típica do local impede essas histórias sejam desvendadas. O trabalho da diretora foi justamente focar não só nos personagens principais, mas também alguns que tradicionalmente seriam colocados como segunda unidade, mas que fazem a estação funcionar. O fio condutor dessa imersão pela Gare du nord é dado através do jovem Ismael (Reda Kateb) e da madura Mathilde (Nicole Garcia) que ali se conhecem e posteriormente se apaixonam. No caminho deles está Joan (Monia Chokri), mãe de família que se divide entre Londres, Paris e Lille e Sasha, um pai a procura de sua filha desaparecida. Esses dois últimos representam figuras recorrentes na estação.

Há também toda uma sorte de estrangeiros que ali trabalham, como o vendedor Nepalês da barraca de doces ou o congolês que serve café. A escolha da diretora de concentrar tudo naquele macro micro cosmos foi acertada. As principais ruas da cidade francesa e seus pontos turísticos, cafés e ruas largas já foram exibidas inúmeras vezes na grande tela. Mas mesmo com toda a frieza e impessoalidade, a estação central tem sua plasticidade, sobretudo a parte externa com uma arquitetura monumental.
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Por ter sido diretora de documentários antes de adentrar na seara dos longas, Claire empresta muito dessa linguagem documental e realista à sua trama. Muitas vezes quando Ismaël em suas pesquisas aborda alguém, ou Mathilde interage com algum passante ou funcionário, temos a impressão de estar assistindo a um documentário disfarçado de ficção, ou seria o contrário?

A praça da vila global se transforma em palco de um belo balé de dramas humanos orquestrado por Claire Simon. De inicio pode parecer um filme sobre banalidade, alguns podem ter a impressão de que pouco ou nada acontece, mas é a vida em curso desfilando na tela, sem epopéias, grandiosidade, exageros ou elementos fantásticos (ok,existe um, que não falarei aqui), como no realismo italiano ou na nouvelle vague. Se em “A Invenção de Hugo Cabret” o cotidiano da estação é mostrado de forma lúdica e nostálgica, aqui o enfoque é realista, contemporâneo, mas sem perder o charme

E a sensação de imersão naquele universo proporcionada no filme é ralmente sentida durante os 119 minutos de projeção.
Um belo exemplar do novo cinema francês, que a julgar pela qualidade e até pelas bilheterias que vem tendo ultimamente, parece ter recuperado seu posto de um dos mais relevantes pólos cinematográficos do mundo, tanto em volume quanto em mérito.

[xrr rating=3.5/5]

Próximas exibições

Terça, 08/10 13:20 Estação Ipanema 1 IP056
Terça, 08/10 19:30 Estação Ipanema 1 IP059
Quarta, 09/10 20:00 Instituto Moreira Salles IM030
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