Em oito filmes desde Os Mosconautas no Mundo da Lua (Fly me to the Moon, 2008), o estúdio belga nWave estabeleceu-se mundialmente como um desafiante da dupla Disney-Pixar. Big Pai, Big Filho 2 (Bigfoot Family) lançado em 2020, desafiou a pandemia até se tornar um dos sucessos da Netflix.
Frangoelho e o Hamster das Trevas (Hopper and the Dark Hamster ) é o mais recente lançamento dos estúdios e chegou no streaming recentemente.
O protagonista (Hopper ou Chickenhare, em inglês) é um híbrido meio coelho e meio galinha, por isso o seu nome, Frangoelho. Arthur, o Coelho Rei, um famoso arqueólogo, o encontrou quando estava em busca com seu irmão pelo mítico Hamster das Trevas, um artefato de poder incomensurável.
Sofrendo com sua diferença e sonhando em realizar as mesmas façanhas de seu pai adotivo, Frangoelho, por sua vez, sai em busca do Hamster das Trevas, mas acidentalmente faz com que seu tio escape da prisão, preso por ter conspirado contra seu irmão.
E com dois personagens coadjuvantes, a tartaruga Abe e a gambá Meg, Frangoelho parte em busca de sua redenção pessoal . O primeiro é o conselheiro perfeito, enquanto o segundo conhece todos os segredos da sobrevivência e das artes marciais.
A animação é baseada nos quadrinhos de Chris Grine, que não obteve muito êxito com sua criação. Apenas dois volumes foram publicados entre 2006 e 2008, e a série foi descontinuada. E não é que a Sony se interessou pela adaptação, mas em 2016 o projeto foi engavetado. E a surpresa quando soubemos que no ano passado sobre o seu desenvolvimento.
A produção é dirigida por Ben Stassen e Benjamin Mouquet que bebem do clássico de William Shakespeare, Hamlet. Mas, com um pouco do conto do Patinho Feio de Hans Christian Andersen, misturado com as aventuras de Indiana Jones, o humor dos MInios e a temática de um conto de fadas . O filme funciona e entrega uma proposta de narrativa e estética agradável, fazendo um sucesso entre o público mais jovem.
Uma animação com todas as características clássicas do gênero, tanto do ponto de vista estético quanto narrativo – e mesmo não sendo original, é bem feito do ponto de vista técnico. E suas ambições, na verdade, não são para competir com gigantes como Pixar e Disney, mas manter intacta sua origem europeia e, acima de tudo, o desejo de conquistar um espaço no gênero.
Não faltam referências ao cinema, começando pelas roupas usadas pelo protagonista. Um chapéu de abas largas e uma jaqueta de aventureiro. Um visual que lembra o Indiana Jones e que combina perfeitamente com o sabor arqueológico de aventura. Mas à medida que a narrativa flui, essas inconfundíveis vestimentas são lentamente abandonadas quando o protagonista começa a ganhar confiança em suas próprias possibilidades e a encontrar sua identidade.
Como em qualquer animação que se preze, a moralidade não pode faltar. Estamos diante de uma extensão do conto de fadas, numa narrativa não tão original (um herói faz de sua diferença uma força para salvar sua comunidade), compondo uma história simples sobre autoaceitação. Poderia ter se beneficiado de um tempo de execução mais curto, mas seus personagens divertidos, a singularidade do protagonista e uma aventura bem executada faz com que Frangoelho e o Hamster das Trevas uma animação interessante para assistir com toda a família.
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