AcervoCríticasFilmes

Hilário, "Gringo: Vivo ou Morto" é insano e fluído como bom entretenimento adulto

Compartilhe
Compartilhe

O título, o pôster e a bilheteria fracassada nos Estados Unidos geram alguma desconfiança, mas Gringo: Vivo ou Morto surpreendentemente funciona dentro de sua confusão narrativa. E diverte à beça. Com direção de Nash Edgerton, mais conhecido por clipes e que vem a ser irmão do ator Joel Edgerton, que completa o trio de protagonistas do longa, o filme trafega pela estruturação cômica do absurdo, com muita violência e observação aguda sobre as intrincadas relações das grandes corporações com o tráfico de drogas.
David Oyelowo está impagável como Harold Soyinka (sua versatilidade após importantes trabalhos dramáticos, é impressionante), nigeriano, executivo de uma grande empresa e que “venceu” nos EUA acreditando piamente em seus valores morais. Até que seu amigo e chefe (Joel), um tanto inescrupuloso, o convoca para ir com ele e sua companheira de falcatruas (Charlize Theron, hilária), a uma viagem ao México para resolver esquemas corruptos da empresa – que desenvolve maconha medicinal em cápsulas. E lá, o bom mocismo de Harold é colocado em cheque quando, dada as circunstâncias que se vê e se mete, como descobrir que sua esposa (Thandie Newton) o trai, resolve forjar um falso sequestro para pegar a dinheiro para si.

Explicar exatamente a sinopse, assim como as relações dos personagens que surgem – como a de Amanda Seyfried – pode parecer confuso, mas o roteiro com suas viradas escalafobéticas e tintas bem politicamente incorretas (o México e o cartel de drogas daqui são uma caricatura só, entretanto, de inspiradas tintas cômicas, como o violento chefão do tráfico apaixonado por Beatles), flui bem, sobressaltando as interpretações engraçadíssimas do elenco e uma certa ironia fina (se é que possível o termo num filme tão histérico).
Ousaria dizer que o resultado é tão engraçado que até redime alguns pecados, como a superficialidade do personagem de Sharlto Copley. Mas o grande barato dessa produção de Edgerton está na fluidez da história que mesmo divertindo sem fazer juízo de valor de seus personagens, acaba por desenvolver uma parábola bizarra sobre a moralidade. Tudo muito doido. Tudo muito divertido. 

Leia também:

Gringo: Vivo ou Morto decepciona mesmo com um bom elenco

Compartilhe

Comente!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sugeridos
CríticasSériesTV

Como Água para Chocolate: uma deliciosa primeira temporada

Não é o asco dos norte-americanos às produções em outras línguas que...

CríticasGames

Mais Pedras e Puzzles em SokoMage

SokoMage é um jogo de quebra-cabeça estilo sokoban com uma temática de...

CríticasGamesRPG

Necro Story Comedy Club

Necro Story é um RPG que se destaca pela sua abordagem inovadora...

CríticasFilmes

Queer, uma espinhosa jornada pessoal

Adaptação do livro homônimo do escritor norte-americano William S. Burroughs, “Queer” vinha...

CríticasFilmes

A Perfect Love Story: filme bósnio se perde na metalinguagem

A onipresença de Hollywood, nas salas de cinema, serviços de streaming e...

CríticasGames

O que Sucedeu em Next of Kin?

Em agosto de 1990, Thomas Anderson e sua esposa Martha decidiram se...

FilmesNotíciasPremiaçõesSériesTV

Walter Salles comemora as indicações de Ainda Estou Aqui ao Globo de Ouro

Fernanda Torres conquistou uma indicação ao Globo de Ouro pelo filme “Ainda...